Andreia nunca se sentira daquela maneira.
As suas faces completamente
ruborizadas denotavam o desconforto e a vergonha. Jamais algum dia esperara
ver-se nesta situação, era algo que nunca lhe tivera sequer ocorrido e no
entanto ali estava ela, com uma vontade absoluta de fugir, ou mais
simplesmente, desaparecer, tornar-se transparente.
- Deve
estar a perguntar-se porque estamos aqui.
Ela, efectivamente, estava,
mas não se atrevia sequer a afirmar que sim. Ele sorriu.
- Eu
sei que está. E é notório que se sente embaraçada por aqui estar. Ela sentiu-se
corar ainda mais, se é que tal era possível.
Infelizmente é necessário. Vou
dar-lhe a sua primeira grande lição. Ela assentiu. Acalmou-se quando percebeu
que havia ali alguma lógica, que não era algo de furtuito. Isto fê-la
compenetrar-se, sabendo que tinha uma tarefa a cumprir, e sentiu-se mais
segura.
- Olhe
à sua volta e descreva-me o que vê.
- De
forma literal?
- Se
aquilo que me quer fazer é apenas uma descrição literal, então sim. Quero que
me dê a resposta que acha correcta.
Ela concentrou-se, olhou em
volta tentando absorver os detalhes e depois começou a dar a sua reposta.
- Estamos
num bar, mantido na relativa penumbra onde o único ponto mais iluminado é um
palco com uma passerelle e um varão, por onde passam espectáculos de
strip-tease com intervalos regulares de tempo. A casa tem uma decoração sóbria,
com as paredes forradas a papel de parede de veludo com alguns desenhos que me
parecem de uma flor-de-lis em relevo, pequenas cabines ao longo das paredes,
que posso constatar são absolutamente confortáveis. – E calou-se achando que
tinha feito uma descrição do sítio onde estavam bastante clara.
César sorriu.
- E
agora quer que lhe diga o que eu vejo?
Ela assentiu.
Vejo um sítio com um
propósito. Pôr mulheres em exposição. E por isso, antes de acabar de lhe dizer
o que vejo, quero que olhe bem para o palco nos próximos minutos. Depois será
mais fácil explicar-lhe.
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