Acordou sobressaltado e desorientado,
sentando-se de imediato na cama. Um cheiro estranho invadia-lhe as narinas.
Só depois percebeu que era o
cheiro do verde intenso do ar puro da serra de Sintra.
Localizou-se, acalmou. Olhou
para o relógio no telemóvel 3:30 da manhã!
- Damn jet lag…
Levantou-se, dirigiu-se à casa
de banho, tomou um duche, cuidou da barba, vestiu-se, dirigiu-se à garagem, e,
uma vez que ainda não tinha comando, digitou o código que fez o mecanismo
automático elevar a porta.
Já tinha saudades da sua besta
devoradora de milhas e combustível, e observou o seu tom de azul reflectido
pelas lâmpadas e apenas estranhou a matrícula portuguesa.
Abriu a porta, sentou-se e deu
à ignição, fazendo a fera rugir. Depois retirou-o da garagem, cuja porta
começou a fechar automaticamente, e apontou a frente ao portão que abriu com a
suavidade que o surpreendia.
Desceu a serra com algum
cuidado. Sabia perfeitamente bem que este carro não tinha sido feito para andar
em percursos sinuosos, e que à mínima distracção o faria pagar caro o erro. Mas
era isto que ele adorava nesta máquina, o desafio constante, o ter a noção de
estar a domar o indomável.
Saiu da vila em direcção a
Cascais, e apanhou a auto-estrada para Lisboa. Sabia perfeitamente que as
estradas não eram tão vigiadas como as dos Estados Unidos, por isso, logo que
passou as portagens, e pela primeira vez em muitos anos, soltou por completo a
fera.
O carro, agradecido, rugiu
como se estivesse deliciado, contido há demasiado tempo, lançou-se ao asfalto
com fúria, e a paisagem, para ele tornou-se apenas uma mancha indistinta
enquanto se concentrava em manter o animal colado ao asfalto.
Apenas levantou o pé ao
começar a descer o Monsanto com as torres das Amoreiras à vista.
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