De certeza que viste o julgamento. Aquilo foi uma palhaçada.
Claro que quando foi fundamentado que eu não tinha incitado nada nem
ninguém, apenas passei uma mensagem, a que a responsabilidade de acreditar nela
é de cada individuo, a acusação não teve como me pegar.
Não apareci em lado nenhum a falar pela mensagem, apenas a tinha passado
por telefone a um jornalista que se limitou em seguida a fazer o seu trabalho.
Não conseguiram provar que eu tivesse incentivado ninguém a tomar fosse que
acção fosse.
Claro que isto era mentira. Incentivara o Fernandes. Mas ninguém precisava
de saber isso, e não tivemos contacto com mais ninguém durante aqueles dias.
Ontem, findo o julgamento, apesar de o Ministério Público ter anunciado que
iria recorrer da sentença, fui posto em liberdade, neste mundo que ainda não se
restabeleceu.
E hoje estou aqui.
E aqui tens a história. Sabes tudo o que aconteceu, do meu ponto de vista,
claro. Faz com ela o que quiseres. Mas faz qualquer coisa, seja o que for. Até
a podes ignorar. Mesmo isso é uma acção tua.
Faz-se claro, já está a escurecer, e eu tenho de ir…
Pergunta, vá, satisfaz a tua curiosidade. Já que tiveste a paciência de me
ouvir, mereces esse osso.
O que é que eu percebi?
Percebi quem eram, na verdade, as casas do poder. E nesse momento percebi
tudo.
Olha, já chove…
Vou-me levantar e sair pela porta, mas deixo-te com um pensamento:
Alguma vez percebeste o quanto a chuva é corrosiva…?
Epilogo.
Boa noite. Mais um caso insólito em torno de Gabriel Guerra.
Gabriel Guerra foi hoje baleado à saída de um café, em plena rua, ao fim da
tarde, diante de dezenas de testemunhas. O INEM chegou com rapidez ao local
encontrando-o ainda com vida.
Mas a ambulância que o levava para o hospital foi desviada a um quilómetro
do sítio onde foi baleado, sendo encontrada abandonada e vazia dez minutos
depois.
Os assaltantes que a desviaram atravessaram um carro roubado de alta
cilindrada em frente à ambulância, saindo em seguida armados com caçadeiras de
canos serrados e forçando o pessoal do INEM para fora da ambulância, arrancando
em seguida com ela a alta velocidade. Neste momento desconhece-se o paradeiro
de Gabriel Guerra. Vasco Valentim, o médico que seguia na ambulância, afirma
que ele não poderia sobreviver devido à extensão dos ferimentos e uma vez que
não deu entrada em nenhum hospital, acredita que ele estará morto.
Recordamos que Gabriel Guerra foi o responsável por…
F I M
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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!