Sexta-feira. Quatro da tarde e a cerca de quarenta e três horas do casamento. Algures no Algarve, no recinto de uma concentração de um pequeno grupo motard onde iam tocar nessa noite.
Tinham acabado de montar o palco
e fazer som e Rob aproveitou a oportunidade de finalmente falar com o Tobias.
-Olha lá, tu por acaso sabias?
-Sabia o quê?
-Que a Herdade do Monte foi
comprada pela Miranda.
-Desculpa?
-Estas desculpado. A herdade do
monte é da Miranda, ou para ser mais preciso da fundação MaCallum.
O Tobias ficou em silêncio.
-Pá, eu sabia que a Miranda
tencionava comprar alguma coisa por cá, mas pensei que fosse tipo uma casa de
férias ou assim…
-Pois, mas em vez disso é
praticamente minha vizinha e vem com uma fundação que também é uma academia e
um polo universitário.
-Porra! Não fazia ideia! Como é
que soubeste disso?
-Sabes aquela gringa jeitosa que
anda por aqui há uns meses, a tratar das obras?
-Sim.
-Bem, vai ser a directora
daquilo e era a assistente pessoal da Miranda.
O ar de Tobias tornou-se mais
sério de repente.
-Achas que ela sabe…
-Não, acho que não. Pelo menos
pela maneira como falou comigo e como me apresentou a fundação.
-Porque é que ela fez isso?
Afinal já anda por aqui há meses e nunca te disse nada…
-Nada! E cruzávamo-nos quase todos
os dias no Zé. Mas aparentemente foi a Miranda que lhe deu ordens para falar
comigo. Ela quer a minha colaboração…
-E tu? O que pensas disso?
-Se queres que te diga, não sei.
Pelo que percebi era a Miranda que iria falar comigo, mas tem alguma urgência
em algum do material, embora não tenham especificado o porquê,…
-Então, mas se tem urgência não
conseguiam isso com facilidade directamente?
-Sim, mas a Miranda disse que
algum do material deve ser escolhido por mim. E todo o material deve ser
comprado através da minha loja.
-E é muita coisa?
-Não fazes ideia. Sabes aquele
pavilhão enorme que estavam a construir?
-Sim.
-Se eu te disser que aquilo tem
um auditório para quatrocentas pessoas, três estúdios de gravação diferentes,
umas quantas salas de trabalho, salas de ensaio, uma área de refeitório, e uma
quantidade enorme de quartos…
-Bem, lá que o pavilhão é
enorme…
-E ela quer que eu equipe aquilo
tudo. Mas quer que seja eu a escolher o material dos três estúdios.
-E tu?
-Bem, eu tenho uma loja. Vou
fazer o que as lojas fazem.
-Fazes bem. Claro que entretanto
já percebeste que não te vais livrar dela com facilidade. Se bem que me parece
que não te queres livrar dela… ou queres?
-Não sei. Aquilo que sei é que
tu sabias que ela ia comprar cá qualquer coisa e não me disseste nada.
-Desculpa, mas a Cassandra
pediu-me segredo…
Rob sorriu maliciosamente e
disse-lhe.
-Nunca te esqueças: A vingança
nem sempre se serve fria. Às vezes pode ser um prato muito quente.
Tobias ficou a olhar para Rob,
enquanto pensava “Estou tramado”. Juntaram-se aos outros, que por esta altura
estavam já a comer entremeadas e a beber umas cervejinhas. O resto da tarde e
da noite decorreu sem grandes sobressaltos.
Quando acabaram de tocar, como
era costume nas concentrações, começou o espectáculo de Strip-tease. A primeira
bailarina veio, fez a sua actuação e saiu. Conforme ela saiu, alguém da
organização trouxe uma cadeira para o palco. Rob tinha acabado de arrumar as
suas coisas, ao fundo do palco, quando o Tobias se juntou a ele, na altura em
que a segunda bailarina entrava.
Ela ia desfilando pelo palco.
-Quem será a vítima desta vez? –
Perguntou Tobias, olhando para a cadeira e rindo, pensando no desgraçado que
teria de se sentar ali, em frente a cinco mil pessoas. Rob olhou para a
cadeira, olhou para a bailarina e, como se houvesse ali uma deixa escondida,
ela dirige-se ao fundo do palco e estende a mão para o Tobias, que ficou atónito
e pálido a olhar para ela.
-Lembras-te de eu te dizer que a
vingança às vezes se serve quente? Bem, esta vem a escaldar. Disse à malta da
organização que te ias casar no domingo. Eles acharam que merecias uma
despedida de solteiro.
-Estás maluco?
-Não, e anda lá, que está a
estragar o numero à moça.
Resignado, o Tobias lá se deixou
levar, tendo sido sentado na cadeira.
Não sei como foi na "Vidiguêra", mas sei que as coisas estão a aquecer por aqui! :))
ResponderEliminarAbraço, Gil!
Olha, um mês antes da Vidigueira, numa concentração em Setúbal, o agente das meninas veio falar comigo porque o tipo que era suposto ir para a cadeira esfumou-se e precisavam d seguir com o espectaculo. Eu ia casar daí a dois meses e por sorte o meu baterista (solteiro e bom rapaz em algumas horas do dia) ia a entrar no palco e eu encravei-o e ele jurou vingança.
EliminarUm mês depois, na Vidigueira, ele casualemnte mencionou ao presidente do moto-clube que eu me ia casar daí a um mês... E olha, a sorte é que na altura os telemóveis não filmavam e mesmo as fotos não eram nada de jeito... LOL
Abraço, Janita :)
Resumindo, sem concluir: Então também apanhaste uma sova de cadeira!! Eheheheh
EliminarYep... à frente de mais de 5000 pessoas... LOL
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