Chegaram ao restaurante mesmo em cima da hora da reserva e foram prontamente levados para uma mesa. Os olhares que os seguiram eram inevitáveis, pensou ele, sobretudo por causa dela. Ele sabia que não estava nada mal apresentado, mas ela… Caramba! Ela simplesmente estava capaz de iluminar qualquer lugar onde entrasse só com a sua presença. Era, sem dúvida, o homem mais invejado daquele restaurante.
O Garçom veio com os menus e, como era já hábito, foi ela que pediu, no seu francês perfeito. A Sua mãe, Canadiana, tinha feito questão que ela também falasse francês, sendo ela bilingue desde pequena. Já ele não gostava sequer do som da língua. Havia quem dissesse que era uma das línguas mais sexy do mundo, mas para ele, os “r”s arranhados faziam tudo parecer algo gutural. Nem se atrevia a tentar sequer pronunciar o nome dos pratos.
Depois do pedido feito, ficaram sozinhos por alguns instantes, com ela finalmente a perguntar:
“Então, além do transito, como foi o teu dia?”
“Nem queiras saber. Quando íamos para entregar o relatório trimestral descobrimos um erro. Estivemos o dia todo à procura, tivemos de virar a empresa toda de cabeça para baixo. Felizmente conseguimos encontrar o erro mesmo a tempo e entregamos o relatório, mas a equipa inteira ficou exausta. Nem sequer almocei, não tivemos tempo. Dei a segunda-feira de folga ao pessoal todo como agradecimento, mas estou exausto.”
“Bem, dia complicado e no fim horas na auto-estrada.”
“É para tu veres. Normalmente quando um dia começa mal, acaba pior”
Entretanto chegou um garçom com uma garrafa de vinho que abriu e deixou em cima da mesa a respirar. Quando se afastou ela perguntou:
“E então, achas que o dia está a melhorar?”. O sorriso que lhe iluminava a cara e os olhos, embora genuíno, tinha algo de estranho. Como o sorriso de uma miúda travessa prestes a fazer algo que não devia. Ele sorriu.
“Sei como podia melhorar bastante.”
O garçom voltou à mesa e despejou um pouco de vinho no copo dele, depois de o deixar respirar, ficando à espera. Ele pegou no copo, abanou-o um pouco, levou-o ao nariz sentindo a fragância, levou o copo aos lábios provando o néctar e pousou o copo, acenando afirmativamente para o garçom. Este encheu o copo dela e depois o dele, pousando a garrafa e afastando-se.
“E como é que podia melhorar assim tanto?” perguntou ela com um ar sacana, voltando à conversa.
“Bem, podíamos apreciar a refeição, passar ao lado da festa e voltar para casa, porque me apetece descascar essas camadas de pano que tens em cima…”
“Desculpa, querido, mas em compensação ficas a saber que a festa vai acabar cedo. Por volta da meia-noite já deve ter acabado”
“Menos mal.” Disse ele com um sorriso “Isso quer dizer que não vou ter de aguentar a tortura por muito tempo”
“Tortura?”
“O que é que achas que esta festa vai ser para mim. Nem sequer conheço lá ninguém… Vou passar umas horas de seca, em que nem sequer posso beber nada de jeito porque tenho de conduzir, a aturar os amigos ricaços das tuas amigas que não conheço de lado nenhum, se eles sequer se derem ao trabalho de falar comigo.”
“Querido, vais ver que não vai ser nada disso.” Disse ela a sorrir, olhando-o nos olhos “Prometo-te.” E ele de repente sentiu o pé desnudo dela a deslizar na sua perna, por baixo da mesa, subindo e aninhando-se no meio das duas pernas, começando a tocá-lo e provoca-lo “E mais, se te portares bem, prometo que a noite vai ser muito melhor que aquilo que estás à espera.”
“Isso é mesmo uma promessa?” perguntou ele enquanto exercia de todo o seu autocontrole para se conter, enquanto sentia as caricias do pé dela.
“É mesmo uma promessa.” Disse ela com o sorriso mais sacana e um brilho no olhar que não deixavam margem para duvidas.
Olhou em volta e reparou que alguns casais os olhavam com um sorriso sacana também, não vendo claramente, mas apercebendo-se que havia algo que se passava naquela mesa.
Ele sorriu e achou-se o homem mais feliz do mundo naquele momento.
Venha o quadragésimo e último, embora eu vá adiantando que o Zé não pode ficar sem par, nem a Patrícia sem 'engatar' um português. Depois, podem viver TODOS felizes para sempre lá no soalheiro, calmo e doce Alentejo de gente boa, sã e pura!
ResponderEliminarAbraço, Gil!
Pá, tb não tem de ficar tudo aos pares... ;)
EliminarNem parecem cenas entre um casal já com filhos crescidos. Mas parece coisa de um encontro amoroso, fortuito e passageiro... 😛
ResponderEliminarBoa noite, Gil!
Ela está a "atazaná-lo"... ;) Pá, não sei... Estou casado há 19 anos, juntos há 24 e no entanto... Claro que não é sempre, mas, há dias em que... ;)
EliminarAbraço, Janita