Os dias já eram mais pequenos e as noites mais frias. Depois de mais um ensaio e a seguir a todo o resto do pessoal sair, Tobias voltou-se para o Rob:
-Sabes uma coisa? Vou mudar de vida.
-Como assim?
-Sabes aqueles coisitas que faço, candeeiros e candelabros em metal e quando estou aborrecido na oficina? A Cassandra levou umas fotos de umas coisas dessas e tenho andado a vender aquilo lá para os ricaços… Ela convenceu-me a deixar o trabalho e montar uma oficina minha e fazer isto.
-Olha que bom. De serralheiro para escultor… Qualquer dia aquelas tralhas que me deste ainda valem uma fortuna…
-Admira-te. Vai ver que ainda fico famoso. – Disse ele no gozo.
-Ainda falas com ela?
-Todos os dias. – Disse ele com um sorriso.
-Isso pegou mesmo de estaca. Ainda bem para ti. Pena que ela esteja quase a meio mundo de distância.
-Por falar nisso, aquilo que eu queria mesmo falar contigo era outra coisa.
-Então?
-Eu e ela não estamos a achar muita piada a esta coisa de estarmos longe…
Rob olhou para ele meio preocupado.
-Não me digas que temos de procurar outro baterista…
-Não, nem penses nisso. Quer é dizer que tens de comprar um fato, que eu não te quero como meu padrinho vestido assim.
-Teu padrinho?
-Sim ela vai mudar para cá e vamos dar o nó. Já comprou uma casa lá ao pé da minha que está a ser toda renovada e assim que estiver pronta, ela vem.
-Não achas isso um bocado súbito?
Tobias encolheu os ombros.
-Nenhum de nós vai para novo. A maior parte das nossas vidas já está para trás. O que é que temos a perder? Não sei se sabes alguma coisa dela…
-Bem o que Miranda me contou ao longo dos nossos passeios.
-Também não me parece que ela tenha tido muito amor na vida. Pode ser que esta seja a hipótese.
Rob anuiu com um sorriso.
-Se estás feliz, eu estou feliz. E claro que compro um fato. Até aparo e penteio a barba, se quiseres. Mas já é só por ser para ti.
Riram-se os dois enquanto Rob puxava Tobias para um abraço
-Olha lá, e a Miranda?
-Sei lá da Miranda.
-Quando foi a última vez que falaste com ela?
-Quando ela veio aqui despedir-se.
Tobias abanou a cabeça desiludido com o amigo.
-Porquê?
-Porque ela tem de saber o que quer. Verdadeiramente. Ela anda há oito anos à procura de um fantasma. Um fantasma que eu já enterrei há muito. Eu já lidei com tudo o que tinha que lidar, mas ela não. Ela ainda carrega muita coisa com ela. E não posso ser eu a lidar com tudo isso. E além disso, ela sabe sempre onde me encontrar.
-Bem, lá isso é verdade.
-Pode ser que ela venha ao casamento…
Finalmente, o 'velho' Tobias reencontrou a felicidade ao lado de uma mulher que o merece e compreende.
ResponderEliminarAbandonar o celibato forçado irá trazer-lhe uma velhice com uma boa companhia a seu lado. Os verdadeiros amigos preenchem uma boa parte da solidão de alguém, mas nada se compara ao companheirismo e cumplicidade de um bom companheiro/a. :)
True story!
EliminarSubscrevo inteiramente
Abraço, Janita