segunda-feira, 27 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XX

XX – Sexo impessoal?

Na segunda-feira o Abel apareceu, ao fim do dia, contou-nos as novidades, sem revelar quem era a estrela que ia contracenar com ele, por mais que insistíssemos, e anunciou que se iria sair dali na quarta-feira, dia em que o apartamento estaria disponível.
Precisamente na quarta-feira, dia em que foi buscar os seus parcos pertences, uma vez que ainda tinha tudo na casa que ele e o Francisco tinham alugado, trouxe um pequeno presente de despedida a cada um, um pequeno agrado como ele lhes chamou.
O meu era, curiosamente, uma foto autografada da Tisha Montes, em que ela, vestida com uma lingerie sensual, estava muito mais tapada que no poster que eu já tinha…
-Mas não achas que, para um poster da Tisha Montes, há aqui roupa a mais? – perguntei eu.
-Meu querido, sei de fonte segura que ela está a tentar mudar a orientação da sua carreira, por isso o poster que tens tornou-se um bocado desrespeitoso! Se és mesmo fã, vais tirar o outro e pôr este na porta! Além disso, este está assinado e tudo…
Tinha lógica, e eu agradeci, tirei o poster antigo e o novo, uma foto que eu nunca tinha vis-to antes, passou ocupar o seu lugar. Aquilo que ele não me disse foi que a foto foi tirada a pedido dele, por isso, além de autografada era exclusiva!
A semana, por comparação com a anterior, foi completamente parada. Chegado a Sexta-feira, tive dispensa do trabalho na parte da tarde e telefonei à Cris para saber se quereria almoçar comigo.
-Sim! – respondeu ela desesperada, acrescentando baixinho a seguir – Salva-me, por favor…
Quando entrei na BD’or’Us percebi de imediato o desespero dela. Um numero inédito de marrões estava dentro da loja, que parecia mais uma convenção do que uma loja, enquanto ela os ia atendendo ao som de pop Japonesa vestida de Cat Woman na versão Halle Berry. A única diferença era que, em vez de uma mascara a cobrir-lhe os olhos tinha uma bandelete com umas fofíssimas orelhas de gato.
O fato assentava-lhe bem! Muito bem! Aliás, tão bem que o chão da loja parecia um lago de baba dos marrões…
…e eu estava prestes a juntar a minha baba à deles!
Assim que ela me viu entrar, viu a sua hipótese de salvação.
-Rui, vou almoçar. – Anunciou e, sem esperar resposta agarrou-me pela mão e arrastou-me para fora da loja, o que provocou a indignação dos marrões, tendo o Rui de os acalmar!
Chegados cá fora ela explodiu em choro!
-Não aguento mais isto! O Rui odeia-me, só pode…
-…por causa dos fatos?
-Não, por causa da pop japonesa! Quem é que consegue ouvir aquela porcaria durante oito horas seguidas?
-Bem eu…
-Cala-te! Tu tens de ser educado musicalmente, porque aquilo que tu gostas é um verdadeiro espanta gajas! Não é cool!
-Achas?
-Gostas de pop japonesa?
-Bem, sim…
-Aí tens a tua resposta! Não é cool!
-Mas olha, eu sei uma coisa que gosto e é cool…
-O quê?
-O teu fatinho…
Ela sorriu e fez um olhar maroto!
-Gostas é?
-Ya! E pelos vistos não sou só eu…
Escusado será dizer que, enquanto seguíamos pela rua fora foram-se dando incidentes uns atrás dos outros e, quando atravessamos uma rua até houve um pequeno acidente entre dois automóveis.
Chegamos ao restaurante, sentámo-nos e, de imediato apareceu a empregada de mesa:
-Olá eu sou a Sofia. Vão almoçar?
-Sim. – respondi eu – O que é que há a sair rapidamente?
-Bem, temos a omeleta à chefe, hamburguer de carne biológica no prato…
-Desculpe a pergunta,… - interrompeu a Cris - …mas há carne sem ser biológica?
-Pois,… - respondeu a empregada com um sorriso meio amarelo - …sabe o que eu quis dizer…
-Não lhe ligue que ela está mal disposta! – disse eu – eu vou querer o hambúrguer e para beber quero um sumo de laranja.
-Natural?
-Fresco.
-Não é isso! Quer de sumo de laranja natural?
-Há laranjas artificiais?
Ela ficou parada a pensar no que diria a seguir!
-Bem,… - acabou por perguntar - …quer de garrafa ou exprimido na hora?
-Bem eu disse que o queria fresco, acabadinho de expremer…
-Então quer um sumo de laranja natural…
-…sim, mas fresco!
Ela parou como se tivesse tido uma caimbra no cérebro!
-Ok, eu esclareço quero um sumo de laranja feito a partir de laranja expremida na hora e à temperatura ambiente!
-Ah! – exclamou ela, apontando finalmente “sumo de laranja natural” no seu pequeno bloco!
-E a menina?
-Tem sopa?
-Sim, de alho Francês…
-Então pode ser.
-Desculpe a minha curosidade, mas está vestida de Catwoman, não é?
-Sim…
-Fica-lhe tão bem esse fato… Quem me dera um dia ter coragem para usar algo assim na rua…
-Obrigada! – Respondeu a Cris com uma cara com quem diz “se quiseres eu dou-te este fato”
A empregada lá se afastou com o pedido, mas continuava a não tirar os olhos da Cris!
-A gaja não deixa de olhar para mim…
-O que é que queres? Podias ter mudado de roupa antes de saires da loja…
-Ya, mas já não aguentava mais a música!
Entretanto a empregada trouxe os seus pratos e afastou-se novamente.
-Mas diz-me lá, tu achas-me sexy, não achas?
-Por acaso…
-Não te importavas de me passar a mão pelo pêlo pois não? – perguntou com um ar dengoso!
-Até passava…
-Mas isso não vai acontecer! Era mau! Somos colegas de casa, e lá porque eu ando a ressa-car de sexo isso não quer dizer nada, percebes?
-Hã, sim…
-Para uma coisa dessas acontecer tinha de ser quase impessoal…
-Sexo impessoal?
-Sabes o que quero dizer, tinha de ser casual, descontraído, sem sentimentos, só dois amigos a divertirem-se…
-Pois, acho que percebo o que…
-Mas tu não estás preparado para isso! Pelo menos ainda!
-Ah!
E voltou à sua voz dengosa.
-Mas abro-te os “apetites” não é?
-Abres pois…
Ela olha para mim com o olhar semi-serrado e diz:
-Miau!
-Eu ri-me. A verdade é que aquilo era excitante!
-Prrrrrr!
-Tás-me a provocar?
-Quem? Eu? – perguntou ela com uma extrema incocência fingida, baixando-se a seguir, para fingir ser uma gata a comer, estica alingua para fora para dar uma lambidela na sopa e – OOOOODAAAA-SE que iste tá a favê!!!! AAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!
A empregada apareceu de imediato.
-Passou-se alguma coisa?
-‘eumei-me na ‘orra da so’a!
-Oh, meu Deus, peço imensa desculpa! Venha comigo que vou ver se tenho algo lá para trás que a possa ajudar…
E lá foi a Cris acompanhando a empregada. Esperei algum tempo, mas como não havia meio de ela voltar, comecei a comer.
Entretanto, numa sala nas traseiras, contígua à cozinha, a empregada desfazia-se em des-culpas. Deu um copo de água gelada à Cris, mas continuando ela a queixar-se da língua queimada, ficou sem saber o que fazer.
-Olha, uma coisa que ajuda a curar queimaduras é saliva…
-Saliva? Mas como é que…
A Cris arqueou um sobrancelha e fezum sorriso malandro…
Uns dez minutos depois uma outra empregada entra na pequena sala e dá com  a Cris e a Sofia abraçadas envolvidas num beijo mais que quente, fica completamente estupefacta ao ver aquilo, tanto que deixa cair a bandeja que tem na mão, o que faz com que as duas se larguem.
 -Já me sinto muito melhor, obrigada! – disse a Cris – É melhor voltar para a minha mesa! E deixou-as ali, voltando para o pé de mim, fresca e descontraída.
-Então, estás bem? – perguntei-lhe quando ela chegou.
-Sim, a empregada foi um amor! Fez tudo para me pôr melhor…
Entretanto a Sofia olhava para a colega e dizia-lhe:
-Calma, não é o que estás a pensar. Eu não sou lésbica.
A outra limitou-se a olhar para ela!
-Não sou,  a sério! É assim, servi a sopa muito quente, a cliente queimou a língua, vim cá atrás para ver se encontrava alguma coisa que a pudesse aliviar, ela sugeriu-me que a saliva alivia queimaduras…
-Mas a saliva não alivia queimaduras!
-Não?
-Não!
-Queres ver que ela me enganou? Se me enganou nisso, se calhar o convite que me fez para sairmos logo `noite também é um embuste! Mas ela logo vai ouvir-me…

***

Nessa noite a Sofia voltou-se decidida para a Cris e disse-lhe:
-Olha, só para que não haja confusões, eu não sou lésbica!
-Hã, hã! – respondeu a Cris.
-A sério, não sou mesmo!
-Eu acredito! – respondeu a Cris com sinceridade enquanto lhe empurrava a cabeça de forma a colar-lhe novamente os lábios e a língua à vulva – Mas agora cala-te e lambe!
A Sofia lambeu mais um bocadinho mas, achando que ainda não tinha deixado as coisas bem claras, parou e disse:
-A sério que não sou! Até tenho um namorado…
-Tens?!

***

Meia hora depois estavam as duas na cama da Sofia com o namorado da Sofia que estava surpreso mas grato aos céus pelo que inesperadamente acabara de receber…

4 comentários:

  1. Ópá!!! Cá pra mim, estás a escrever uma história que gostavas pudesse, não ser história. És um ficcionista do caraças ahahahahahh

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  2. noname,

    Tens de perceber uma coisa:
    -Eu não faço a mais pequena ideia do que estou a escrever! Mas gosto de contar histórias!

    Posso dizer-te que alguns dos personagens que aqui estão são baseados em pessoas que conheço. Posso também dizer-te que algumas, muito poucas, destas situações têm pontos de contacto com coisas que me aconteceram a mim e a outras pessoas conhecidas!

    Obviamente que estou a forçar a barra aqui, mas lá está, na tentativa de me desenredar, vou-me enterrando cada vez mais! Daqui a pouco anda por aqui um bairro inteiro de gente que anda a fazer qualquer coisa com alguém! LOL

    Mas, como eu costumo dizer quando me chamam escritor (que é aquele títalo vunito que se dá a alguém que edita um livro), e não sou propriamente um escritor! Sou, quanto muito, um contador de histórias...

    De qualquer forma, muito, muito obrigado!

    :)

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  3. Deixa-te de ondas e surfa na escrita, tou a gostar, pena que iniciaste em período de férias e muita gente vai perder a oportunidade de rir a bandeiras despregadas, pior pra elas eheheheheheh

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  4. Bem, isto não se vai embora para lado nenhum...Lol

    :)

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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!