sábado, 25 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XVII

XVII – Esse vestido fica-te a maatar!

Nessa mesma sexta-feira o Abel resolvera perseguir um dos seus sonhos, como qualquer um de nós deveria fazer, e foi a uma audição para um filme.
A audição não correu mal, sobretudo porque lhe pediram para ficar a seguir. Acabou por assistir às audições dos outros candidatos e, ao fim da tarde foi chamado para falar com o realizador.
-Viva! Abel, não é?
-Sim…
-Abel, gostei da sua audição, mas os papéis masculinos que temos não se adequam a si…
-Há não? Porquê?
-Bem, porque exigem que seja demonstrada alguma… bem… virilidade!
-E então?
-E então, não lhe assentam!
Por incrível que pareça, embora algo preocupado com o que viria a seguir, o Abel até estava a gostar do que ouvia!
-Acha que eu não passo uma imagem viril?
-Acho! Aliás, é por isso que queria falar consigo!
-Então?
-Abel, gostaria de representar um papel feminino?
-Como?
-Um papel feminino. Um papel que eu diria quase escrito para si.
O Abel ficou nas nuvens!
-Acha-me… feminino?
-Sim! E mais, a sua estrutura de rosto é muito parecida com a da nossa protagonista…
-Ai sim? E quem é?
-Bem, por enquanto não lhe posso dizer, mas queria saber se aceita ser maquilhado e fazer um novo teste… Eu tenho a certeza que será a pessoa indicada…
Claro que o Abel aceitou. Dali foi para uma sala de guarda-roupa e logo a seguir para a maquilhagem. Depois de vestido e maquilhado olhou-se ao espelho e nunca se tinha visto tão bonito. Um vestido justo, que lhe descia ao longo do corpo magro, mas bem desenhado, os saltos que lhe alongavam as pernas e a silhueta, a cabeleira loira que lhe enquadrava o rosto, a maquilhagem…
…curiosamente aquela imagem lembrava-lhe alguém, mas ele não estava a conseguir recordar-se de quem…
Fez o teste e foi-lhe anunciado na altura que tinha sido o escolhido. Junto com o anúncio veio uma nota com uma morada onde ele se devia apresentar, vestido como estava, para um jantar com o produtor e a estrela do filme.
Radiante de felicidade, saiu dali e foi direito a casa. Queria surpreender o Chico com a notí-cia. Subiu as escadas para o apartamento como se desse pequenos pulos de felicidade. Abriu a porta, voou através do hall de entrada, entrou na sala…
…e encontrou o Chico de quatro no sofá a ser penetrado por uma ruiva sardenta muito bonitinha com um strap-on…
…e o seu mundo ruiu!

***

Eram dez e meia da noite.
A Cris estava num canto do sofá a tentar libertar-se do trauma de ter de ouvir pop Japonesa durante oito horas! Eu, ao seu lado e a Lita, ao meu, vegetávamos quando, inesperadamente uma lindíssima mulher entra pela sala adentro, com um ar triste e derrotado, sentando-se na poltrona ao pé de nós, tira os sapatos e desata a chorar!
Nós, os anteriormente presentes, olhamos uns para os outros com um ar de tal forma estupefacto que acho que nem nos ocorriam as perguntas necessárias para obter as respostas que se impunham!
A mulher acabou por falar, com uma voz conhecida!
-Mas porquê?
-Abel? – Perguntei eu, reconhecendo-o de imediato – Mas como é que entraste aqui?
-Ainda escondes a chave da porta das traseiras no mesmo sítio. Desculpem, mas não sabia mais para onde ir…
-Mas o que aconteceu?
-O Chico traiu-me…
-Nãão é possível! Ele estava tão apaixonado poor ti… - respondeu a Lita!
-Pois, mas entrei em casa e ele estava de quatro… a ser penetrado… Por uma ruiva!
-Uma ruiva? – Perguntou a Cris – Mas não achas que falta qualquer coisa nessa equação?
-Ela tinha um strap-on!
-Ah! Assim já percebo!
-Mas conta lá essa história do princípio. E até podes começar por explicar porque é que estás vestido dessa maneira… - disse a Cris!
-Estou bem, não estou? – Perguntou o Cris, mostrando um sorriso por entre as lágrimas!
-Estáas o maaximo! – Respondeu de imediato a Lita – Esse vestido fica-te a maatar!
-Fica, não fica?
-Ya! Olha, para te ser franco, fazes-me lembrar alguém… - disse a Cris.
-Tem piada que quando me vi ao espelho também tive essa sensação…
Eu olhei bem para ele e, de repente, ele só me fez lembrar a minha actriz pornográfica preferida, não sei se já vos falei dela, a:
-Tisha Montes!
-O quê?
-Pá, fazes-me lembrar a Tisha Montes.
-A tua actriz pornográfica preferida?
-Como é que sabes disso?
-Ora, em primeiro lugar, eu e o Chico muitas vezes fizemos amor a ouvir-te a chamar por ela, enquanto vias um filme e encetavas processos unilaterais de normalização hormonal por estimulação auto-induzida…
-Vocês ouviam-me?
-Sim! Era tão excitante… Depois porque tens um poster gigante dela na porta do teu quar-to.
Corei. Calei-me. Eu nem estava ali…
-Mas agora que falas nisso, dou-lhe ares, não dou?
-Com essa cabeleira e essa maquilhagem passavas por irmã dela, na boa. – Disse a Cris.
-Sabes quem é a Tisha Montes?
-Não só sei, como conheço. Foi da minha turma do 12º Ano…
-A sério? – Perguntei eu, voltando de repente. Isto, claramente, interessava-me. – E como é que ela era na altura?
-Olha, era uma miúda bonitinha e tímida…
-Tímida?
-Muito. Nenhum rapaz tinha sorte com ela! Era muito rígida. Ainda me lembro que na festa de pijama que a Helena fez…
-Quem é a Helena?
-Era uma colega nossa. Organizou uma festa do pijama quando os pais dela foram para fora num fim-de-semana. Ela foi a ultima a despir-se e tivemos de a obrigar…
-Ninguém diria…
-Pois… Mesmo no jogo do “verdade ou consequência” ela estava muito… conservadora. Só depois de bebermos uns cálices de brandy do pai da Helena é que ela se soltou mais…
-O quanto mais?
-Bem, digamos que depois de eu lhe ter provocado um orgasmo ela olhou muito séria para mim, ainda claramente em êxtase e disse “Oh, meu Deus, isto é tão bom… Quem me dera poder fazer disto a minha vida…”
-Tu foste paara a cama com a Tiicha Moontes? – Perguntou a Lita.
-Ya! Mas já foi há bué…
-Mas tu és lésbica? – Perguntei eu.
-Quem, eu? Não! Ocasionalmente vou para a cama com gajas… E já namorei com uma, a minha ex-baterista, mas gosto de gajos.
-És bi, como eu? – perguntou a Lita.
-Tu és bi? – perguntei eu à Lita.
O Abel aclarou a garganta!
-Ah!, Ya, desculpa Abel, estavas a dizer…
-Bem fui fazer uma audição para um filme.
-Que fixe! – Interrompeu a Cris – E como é que correu?
-Pediram-me para ficar, para me vestir assim e fiquei com o papel.
-Que máximo!
-Vaamos Coonhecer uma Estreela de cinema! – disse a Lita.
-Parabéns, páh! – Congratulei-o eu
-Obrigado, obrigado. Mas dizia eu que ganhei o papel e fui a correr para casa. Se tivesse ido trabalhar só chegava lá por volta da duas da manhã, mas como não fui, cheguei a tempo do jantar, estava a pensar surpreende-lo e irmos jantar fora… Mas foi ele que me surpreendeu a mim. Quando entrei na sala estava ele de quatro a fazer amor com uma ruiva… Agora que penso nisso ela até era bastante bonitinha! Cabelo comprido, aos caracóis, muito sardenta…
-Oolha lá, em que é que oo Chico traabalha? – perguntou a Lita.
-Então não sabes? É modelo de roupa interior…
-Ah! – disse ela com um ar pensativo.
-De qualquer maneira não posso perdoar isto e queria saber se posso ficar aqui uns tempi-nhos, para me organizar, nem que seja a dormir no sofá…
-Por mim tás à vontade – declarou de imediato a Cris.
-Poor mim também, mas aacho que é o Freddy que deve decidir…
-Mas claro que sim, rapaz. Então eu lá te deixava na rua?
-Freddy, és mesmo, mesmo o meu melhor amigo!

4 comentários:

  1. Tá...

    ...uma coisa jeitosa!

    (cada vez me enterro mais!)

    :)

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  2. Xiiiii, isto vai pra qui um imbróglio!!

    (estou certa que vais desenterrares-te bem)

    :)

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  3. Beijo Molhado,

    Pois...
    ...mas não tá fácil...

    LOL

    :)

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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!