quinta-feira, 30 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXVI

XXVI – Eu sou uma má queca…!

-Saara, paareces triiste! Estáa tudo beem? – Perguntou a Lita, a meio do turno, vendo a amiga abatida. Ela suspirou.
-Nem por isso!
-Entãão?
-É o Chico! As coisas não andam bem entre nós… Mas agora não dá para falar…
-Ées minha amiiga! Quaando eeu precisei de ti, laargaste tudo e eu eestou aaqui para ti! Preecisas de companhia e dee um colinho! Vaamos beber um coopo depois do traabalho?
A Sara sorriu e assentiu, e voltaram ao trabalho…

***

Já num bar, à noite, as duas sentadas a uma mesa eram, sem dúvida, uma espécie de buraco negro da atenção de todos os homens presentes.
-Entãão diiz ma lá, que se teem passado? – Perguntou a Lita.
-Não o satisfaço minimamente na cama! Parece que só consigo ser fantástica quando estou tão bêbeda que nem me lembro do que fiz, e no resto do tempo sou só aborrecida! Acabamos tudo…
-Nãão te siintas maal! Tens de peerceber que eele tem muita expeeriencia, é bisseexual, proocura cooisas difereentes…
-Eu percebo! Mas não quero passar a vida bêbada para me conseguir desinibir o suficien-te… - parou um pouco, olhou para a Lita com os olhos turvos de lagrimas e desabafou – Eu sou uma má queca…!
-Nãão, não peenses aassim! Eu teenho a certeeza que tu és uuma boa queeca…
Aquele bar estava de tal maneira que, aparte aquela conversa, se caísse um alfinete ouvia-se. Estava em suspenso!
-Maas tens de peerceber – continuou a Lita – que eele, por exeemplo também goosta de hoomens, que goosta de cooisas difereentes… Teens de eestar com alguém que te vaalorize… Coomo eu, poor exemplo!
-Tu gostas mesmo de mim?
-Maas claro! O que é que há paara nãão goostar? Tu és um dooce de peessoa, és uuma ruuiva lindíissima…
O interesse subia visivelmente no bar!
-Ao pé de ti deixo muito a desejar…
-Nãão… Eu teenho a certeeza de que já tiiveste muuito mais no seexo, do que eu, por exeemplo…
-Lita… Eu bem te via, tiveste imensos namorados…
-E nuunca tive um orgaasmo!
O mundo parou! A Sara ficou a olhar para ela como se estivesse em frente a um extrater-restre! Todos os homens do bar pensaram ao mesmo tempo “Mas quem foram os incompe-tentes que estiveram com este monumento?”, excepto dois! Desses dois, um era o empregado que estava completamente absorvido pela conversa, disfarçadamente, na mesa ao lado! O outro era o João, que estava duas mesas ao lado na diagonal! O empregado virou-se com uma expressão de agonia no rosto!
-Lita… - disse ele de repente!
-Oh, Eleuutério, oolá. Não tiinha reparaado que eeras tu…
Ele ajoelhou-se à frente dela!
-Diz-me que não é verdade!
Todos os homens naquele bar tiveram a vontade de se levantar e espancá-lo! Menos o João!
-Maas é! Desculpa…
As lagrimas jorravam-lhe dos olhos! E dos do João também!
-Perdoa-me! – Gritou – Tu és simplesmente, tão… tão… tão perfeita!
-Não faaz maal, Eleuutério. A séerio!
A Sara como que despertou nessa altura e apercebeu-se do ambiente em volta. O empre-gado prostrou-se. Os olhares para ele estavam ainda mais carregados! Excepto o do João!
-Lita, é melhor irmos andando! – Disse a Sara.
-Siim, vaamos!
E saíram. As conversas voltaram ao bar, embora fossem todas à volta do que acabara de acontecer. O João levantou-se, dirigiu-se à mesa onde elas estavam sentadas, levantou o Eleutério e sentou-se, sentou-se com ele, enxugou as suas próprias lagrimas, assoou-se, pediu duas bebidas, respirou fundo, perante a surpresa do outro, e, com a voz embargada disse-lhe:
-Eu também fui namorado da Lita!
E irromperam os dois num pranto!

***

Chegaram à porta da casa da Sara.
-Lita, obrigada. A sério.
-Soomos amiigas!
Sara olhou para Lita com um olhar carinhoso.
-Parece que não sou a única com problemas…
-Saabes, graças a eesses prooblemas tenho peensado em expeerimentar cooisas alternatiivas.
-Coisas alternativas?
-Siim. Se caalhar nuunca tive um oorgasmo poor algum motivo!
-Compreendo! – E chegou-se a Lita, uma gigante ao lado do seu metro e setenta e deu-lhe um abraço, que a apanhou de surpresa, mas foi correspondido. – E obrigada por me fazeres bem! – Disse-lhe quando se soltaram. E cruzaram o olhar. E tiveram um momento!
-Saabes que nãão estaava a flirtaar coontigo, nãão sabes?
A Sara assentiu. A Lita baixou-se, levou-lhe a mão ao queixo, levantando-o e colou os seus lábios aos dela num beijo tão doce que a Sara ficou feliz por não ser diabética!
-Maas agoora estava! – Disse com um sorriso quando os lábios se afastaram! A Sara estava estupefacta, apanhada pelo inesperado do momento!
-Deeviamos jantar um diia destes! Que é que aachas?
Sara, com um ar absolutamente sério e de olhos arregalados assentiu com um leve aceno de cabeça! E a Lita deu uma pequena gargalhada marota, voltou-se e foi-se embora deixando a Sara estática à porta de casa com o cérebro de tal maneira acelerado e turbo-comprimido que nem conseguia dar ordens ao corpo para se mexer!

2 comentários:

  1. Em que mundo se passa esta historia? Homens que choram, assumindo a sua ignorância?

    ResponderEliminar
  2. noname,

    Vê lá bem como a Lita não é...
    ...para ser capaz de provocar isto...!

    LOOOOOOOOOOOOOOL

    :)

    ResponderEliminar

O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!