domingo, 26 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XVIII

XVIII – O Tornado Centrifugador

No dia seguinte acordei com uma estranha pressão numa das bochechas do meu rabo! Fui despertando e dando conta de que não estava sozinho na cama. Virei-me, semi-abri um olho e dou com o Abel a olhar para mim com um sorriso.
-O que é que tás aqui a fazer?
-Tava frio na sala… E eu estava deprimido… Precisava de companhia…
-Hum! Por acaso importaste de desencostar esse tesão do mijo de mim?
-Desculpa, não sabia que te estava a incomodar… A mim até estava a saber bem…
-E há quanto tempo é que estás acordado?
-Há algum, mas sempre gostei de te ver dormir… Já quase me tinha esquecido que dormes nu…
-Como é que sabias que eu durmo nu…
-Ora! – respondeu ele um pouco embaraçado - Fomos colegas de casa durante anos! Vamos descobrindo estas coisas… Para quieto, não te mexas!
-Porquê?
-Péra! Tens aqui uma ramela… - e tentava tirar-ma.
-Pá, podes para com isso?
-Eu tiro já…
-Deixa que eu já lavo a tromba! Xiça…
-Ai, tão susceptíveis que nós estamos. Andas a acordar muito rabugento!
Respirei fundo! Contei até dez… e depois mais outros dez!
-Olha, de qualquer maneira acho que é melhor levantarmo-nos que este cheiro a panque-cas acabadas de fazer está a dar cabo de mim…
-É melhor, é…
-Então vamos! – Ele levantou-se, vestiu uns boxers e eu fiquei à espera que ele me desse alguma privacidade e ele ficou a olhar para mim à espera.
-Vai indo! Eu já vou…
Ele riu.
Adoro essa tua timidez…
E saiu.
Eu lá me vesti, levantei-me e fui o último a chegar à cozinha. Sentei-me e quase de imediato a Lita pôs-me um prato com panquecas à frente.
Olhei para o prato da Cris e parecia uma obra de arte, decorado com doces de fruta, chocolate…
…o prato do Abel não estava ricamente decorado, mas tinha os doces!
…eu tinha panquecas!
-Desculpa Lita!
-Poorque é que me estaas a pedir desculpa?
-Porque devo ter-te feito algum mal… Sobretudo quando olho para o prato da Cris!
-Ai, não, eeu é que peço desculpa! Queria só fazer um agraado à Cris por eela beijar tão bem!
Olhei para o prato dela, olhei para o meu e pela primeira vez em muito tempo senti-me francamente pior do que aquilo que costumava sentir. Aliás, acho que estes dias estavam a começar a esticar a corda no meu estado mental. Levantei-me, fui para o meu quarto, fechei a porta e enrosquei-me na cama! A realização de que eu era um completo falhado apanhou-me finalmente!
Bateram à porta, mas eu não respondi.
-Freeddy, desculpa! Foi sem intenção… Eu não queria esquecer-me do doce nas tuas pan-quecas…
-Lita,… - respondi eu – …não tem a ver com o doce nem com as panquecas. Esquece… Não é culpa tua…
E ali fiquei, não sei por quanto tempo.
Ouvi bater novamente à porta. Era o Abel.
-Freddy, vou entrar.
E entrou.
-Que é que se passa, rapaz?
Não respondi.
-Algum de nós fez alguma coisa que te ofendesse? Sabes que somos todos teus amigos… Fui eu que entrei mas elas estão lá fora bastante tristes e sem saber o que fazer… Até a Cris…
-Não é nenhum de vocês! Sou eu! Eu!
-Mas o que se passa?
-Ainda perguntas? Vinte e nove anos, virgem e nem sequer sei beijar uma rapariga… Aliás, beijo tão mal que o primeiro beijo que recebi fez a outra parte pensar que era lésbica!
-Olha, se te serve de consolo, já somos dois que não tem sorte com as raparigas…
“Óbvio” pensei eu!
-Excepto por um menage com duas colegas o primeiro ano de faculdade, mas andava a experimentar…
Fiquei a olhar para ele! Até ele?
-Mas pronto, como foi um trio só contou como uma vez…
Ya! Era mesmo isto que eu precisava de ouvir! O meu amigo gay tem mais experiencia com mulheres do que eu!
Eu vou-te ajudar, Freddy! És o meu melhor amigo e eu, francamente, acho que te devo isso!
-Ai sim? E como?
-Olha, com uma coisa a que eu chamo “o tornado centrifugador”!
-O que é isso?
-Foi uma técnica de beijo que desenvolvi e que tem uma potencia tal que até os heterossexuais se esquecem de que o são?
-Deixa-te de tretas!
-Não são tretas… Se visses alguns dos gajos que eu já cacei à pala do tornado centrifuga-dor… No entanto há uma condição. Nunca, em caso algum, mostraras a alguém como é que isto se faz.
-Mas achas que resulta mesmo?
-Juro-te pela campa da minha avó que sim.
-Mas a tua avó não é aquela senhora de Coimbra que…
-A minha outra avó!
-Ah!
-Vai lá comer e relaxa um bocadinho na sala que eu fico aqui e vou preparar tudo.
E eu fui. Ainda nada animado, mas fui. A Cris e a Lita deram-me espaço, o que eu agradeci. Quanto ao relaxar, foi difícil. Aliás, enquanto eu esperava era cada vez mais difícil!
Por fim ele chamou-me. Quando cheguei ao quarto as persianas estavam fechadas, havia velas por todo o lado, criando uma atmosfera romântica e o Abel estava vestido como chegara ontem e, ainda mais nesta luz, parecia mesmo a:
-Tisha Montes! Para que é isto tudo?
-Ora, para criar ambiente claro. Agora senta-te que eu tenho de te explicar umas coisas.
Sentei-me e ele esteve cerca de vinte minutos a explicar-me minuciosamente a maneira como o tornado centrifugador era executado (creio que, por esta altura, esperariam que eu revelasse o segredo, não é? Mas não o farei porque este conhecimento em mãos erradas pode ter um potencial avassalador).
-Percebeste?
-Bem, acho que sim…
-Óptimo. Então agora vamos passar à parte prática
-A parte pratica?
-Sim, não há outra maneira de te ensinar senão mostrando-te na prática…
-Mas isso quer dizer que temos de nos beijar?
-Evidentemente!
-Então esquece lá isso!
-Freddy! Pensa assim, são beijos técnicos. Eu sou instrutor e tu o aluno. Não há aqui nenhuma intenção, senão ensinar-te esta técnica! Além disso, se olhares para mim podes bem imaginar a Tisha, daí o cenário e as roupas! Não quero que te passes com isto! Como é? Queres aprender ou não!
Por esta altura já não tinha a certeza de querer, mas depois pensei no que a Lita tinha dito acerca do meu beijo…
-Ok. Bora lá atão!
-Fecha os olhos… descontrai…
E pimba, senti a macieza dos lábios, o sabor a cereja do batom, uma língua a tocar na minha e de repente ele executou tudo o que me tinha dito e o meu coração acelerou, o mundo tornou-se belo, a vida fez sentido, fiquei em paz, e o beijo acabou e eu abri os olhos e era o Abel à minha frente…
-Eu beijei um gajo!
-Acalma-te, respira!
-Eu beijei um gajo!
-Não te passes!
-Eu beijei um gajo…
E levei um estaladão dele na tromba!
-Excentra-te!
E eu excentrei-me!
-Que tal?
-Desculpa! Eu acho que me passei porque foi a melhor sensação até hoje…
-E eu não fiz tudo o que te disse, senão poderias vir a fazer algo de que arrependesses… Não que eu me arrependesse…
-Ah!
-Pois… Mas agora beija-me tu e dá tudo por tudo…
E passei o resto da manhã a beijá-lo e ele a corrigir-me a técnica, até que, pelo fim da manhã já a dominava razoavelmente!

2 comentários:

  1. Isto tá a ficar cada vez melhor... Bora lá escrever o seguinte ainda hoje, tou em pulgas eheheheheh

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  2. Bem, ainda foi escrito ontem, mas só viu o mundo hoje :)

    Tá já aqui em cima...

    :)

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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!