sexta-feira, 31 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXX

XXX – Despertares!

A Cris acordou lentamente. Mas dor de cabeça da ressaca cai-lhe em cima, de repente, cmo uma parede! Abriu os olhos!
“Mas onde raio é que eu estou?”
Resolveu levantar-se uma vez que havia necessidades biológicas urgentes a tratar. Tinha um gajo ao lado dela na cama!
“Caneco!!!”
Virou-se para o outro lado e tinha outro gajo com ela na cama!
As necessidades passaram para segundo plano! A ressaca também!
“Mas,… mas,…!”
A memória foi avivando, devagar, não muito precisa, mas alguns pormenores a virem misturados à superfície, o bar, o brinde, a conversa, o ir para casa do João, o continuar a beber, falar acerca da Lita, das pernas da Lita, do rabo da Lita, das mamas da Lita, o ambiente a aquecer, os beijos, os apalpões, o seu desafio…
Abriu de repente muito os olhos!
“Não!”
Conseguiu erguer-se para cima dos cobertores e deslizar até sair da cama…
…as necessidades biológicas voltaram, a dor de cabeça também, o telemóvel estava à vista, agarrou-o e seguiu para a casa de banho, sentou-se na sanita e foi ver as fotos que tinha tirado…
…e uma a seguir à outra confirmavam aquilo que a sua memória tinha retido de forma fugaz! Tinha sido um ménage! Com os dois! Tinha-os convencido e tudo, de toda a gente tinha estado em tudo de toda a gente!
“Ai!” pensou ela comovida “A melhor noite da minha vida!”
Saiu da casa de banho com um sorriso luminoso nos lábios e descobre de imediato que o João também se levantara.
-Bom dia! – disse baixinho para não acordar o Eleutério que ainda dormia, e para não perturbar demasiado a sua dor de cabeça!
-Bom dia! – respondeu o João com um sorriso!
-Tens uma aspirina?
-Ya, também preciso de uma!
Enquanto ele foi buscar a aspirina ela vestiu-se rapidamente. Quando ele voltou com um copo de água e um comprimido ela já estava pronta para sair.
-Já vais? – perguntou ele com alguma tristeza no olhar.
-Já, já vou indo!
-Se quiseres esperar mais um bocado eu levo-te…
-Não é preciso, eu apanho um táxi!
Ele ficou tristonho.
-Ah! Ok…
-Não fiques assim! Liga-me mais logo, para jantarmos ou assim…
-Mesmo? – perguntou ele com um sorriso a voltar-lhe aos olhos.
-Mesmo! Definitivamente, mesmo!
Ele ficou a olhar para ela, durante uns segundos, o olhar pareceu esmorecer um bocadinho quando ele perguntou:
-E levo-o? – apontando para a cama onde o Eleutério dormia.
-Não! É um jantar a dois. A não ser que prefiras…
Ele sorriu.
-Não. Fico muito mais feliz com um jantar a dois.
Ela chegou-se ao pé dele, deu-lhe um xoxo nas beiças e arrancou.
O sol ainda não tinha nascido!

***

Acordei!
Não sei se dormi com um sorriso nos lábios, mas a verdade é que nunca me tinha sentido tão bem!
Levantei-me, cuidei de mim, fui para a cozinha onde estava a Lita com uma camisa de noite estupidamente sensual!
-Bom dia!
-Boom diia! - respondeu ela com um enorme sorriso, daqueles capazes de derreter um glaciar.
-A Cris?
-Aiinda deve estar deitada! Deei poor ela a eentrar à poouco…
E ela chega-se ao pé de mim, com um prato, serve-me e ao baixar-se quase enfiou as mamas na minha cara…
Olhei para o prato!
O prato consistia numa torre de panquecas ornamentadas com frutas frescas e frutos secos, com um top de chantilly e uma cereja por cima!
-Mas porque é que tenho o prato assim tão, cheio e ornamentado?
Enquanto comia relembrava a noite anterior!
“Bem, esse tornado centrifugador matou-me!” – Entretanto acabei de comer -  “Acho que nem consigo andar! Agora sou eu que me sinto mal da tua primeira vez ter sido tão curta…”
-Queres repetir?
-Não, tudo bem, acho que também não te ia fazer passar por isso agora. – respondi eu, ainda imerso nos meus pensamentos, e só despertei deles quando a Lita insistiu:
-Vêe lá. Paara mim é um gosto fazer-te maais panquecas, se quiiseres…
Fiquei um pouco envergonhado, mas acho que ela nem se apercebeu que a minha primeira resposta não era bem a ela…
-Não, tudo bem, estou cheio! Estava maravilhoso, Lita! Obrigado!
-De nada. Bem aassim sendo vou toomar o meeu duche… Soziinha… Nua…
-Mas,… Mas não é assim que costumas tomar os teus duches?

***

O sol quente batia-lhe na pele! O despertar, foi lento, os olhos não queriam abrir, a dor de cabeça da ressaca era enorme…
Ao fundo o barulho das ondas do mar suavizava a dor. O cheiro a maresia…
Abriu os olhos devagar, foi-se habitanto à luz. Estranhou a cama. Esticou o braço, sentiu areia!
“Mas onde é que eu estou?” pensava a Sara de si para si.
Forçou-se a levantar-se abriu os olhos e estava de frente para o mar, numa praia paradisiaca cheia de palmeira e coqueiros onde a linha de praia acabava!
“Mas que raio…?”
O pânico instalou-se!
-Bueños dias, cariño!
-Carmen! Mas o que é que se passa? Onde é que estamos?
-Nas Bahamas.
-Nas Bahamas? Mas,… mas… Como é que…
- Ayer bebió un poco , tuve que verme sin embargo, usted insistió en venir y estamos aqui!
-Então e o meu emprego? E…
-Bem, ontem não pareces ter pensado nisso!
Entretanto um tipo bem parecido, todo estiloso, de cabelo comprido chega-se ao pé de Carmen.
-Carmen, darling, who is this precious gem? – perguntou apontando para mim!
-Just a friend that came along from my last shot!
-My God! Is she a model?
-No i don’t think so…
-But she is lovelly!
A Sara ficou parada a olhar para os dois.
-Carmen,… - perguntou timidamente - …quem é este tipo?
-És el muy famoso fotografo de moda, John Forsythe. Vine a trabajar com él…
-Do you speak english, my dear? – perguntou ele directamente à Sara!
-Yes, a little bit…
-Where are you from?
-Portugal!
-Portugal? Where is that?
-It´s a small country, next to Spain!
-Oh! Lovelly! You are simply precious!
-Carmen, o que se passa?
- No seas rudo! Él le gusta!
-Look at this beutifull red hair. Is it natural?
-Yes…
-And all those freckles… Honney, how would you like to be a fashion star?

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXIX

XXIX – Um brinde à Elita Svenson!

Enquanto tudo isto se passava, o João estava sentado no mesmo bar do dia anterior, completamente deprimido. Volta e meia levantava a cabeça e via o Eleutério que se arrastava penosamente de um lado para o outro.
Findo o seu turno, Eleutério despiu a farda e juntou-se a ele, no balcão! E beberam em silêncio. E depois beberam mais. E depois continuaram a beber. Ambos os dois deprimidos, com as lágrimas a escorrer timidamente pelo canto dos olhos, as do João mais disfarçadas do que do Eleutério por uns óculos escuros.
De repente, o João saca do telemóvel e manda um SMS à Lita.
-Não pode ser verdade! – disse ele para o Eleutério enquanto escrevia uma simples pergunta “É verdade?”…
…e recebe, quase logo a seguir um “Desculpa!” como resposta e desatam os dois a chorar profusamente:
-Porquê? Porquê? – perguntava o Eleutério desconsolado.
-Será que ela não percebe que nós temos sentimentos?
E abraçaram-se reconfortando-se um ao outro na dor comum!
Quando se recompõem minimamente, o João agarra no seu copo, ergue-o, volta-se para o Eleutério e diz:
-Seja como for, um brinde à Elita Svenson!
-À Elita Svenson! – responde o Eleutério.
-Eu bebo a isso… - diz uma outra voz, feminina, juntando o copo aos deles! Era a Cris!
-Mas tu tabém…
-Não! Quer dizer… Bem, é complicado!
E lá ficaram os três a falar acerca do assunto comum, e assim ficaram até o bar fechar e eles terem de sair, altura em que o João perguntou se não queriam ir até casa dele, e foram os três…

***


Já era bem tarde quando a… a… a rapariga que estava comigo acordou, depois de desfalecer exausta!
Abriu os olhos de repente, como que assustada por alguma coisa, olhou para mim, ficou com uma expressão triste e disse:
-Não devíamos ter feito isto…
-Como assim?
-Pá, tu estavas como uma espécie de paciente meu… E devia estar a tentar ajudar-te e… estraguei tudo!
-Não, não estragaste! Aliás, acho que nunca esteve tudo tão bem comigo…
-Mas… Não devíamos! Eu…
Levantou-se de repente!
-Desculpa, eu não posso ficar!
-Mas passou-se alguma coisa? Fiz algo errado?
-Não, o problema não és tu… - “é a minha tese”!
E saiu de repente, sem quase me dar a oportunidade de lhe tentar dizer mais alguma coisa!
“Será que há alguma mulher no mundo que seja uma pessoa normal?” perguntei-me!
Mas entretanto estava cansado, a minha mandibula doía, e eu deixei-me arrastar para um delicioso sonho retemperador! Apesar de tudo, neste momento, tudo estava bem!

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - 100!

...e, para comemorar o facto de o ficheiro do word onde isto está a ser escrito ter chegado às 100 páginas, informo-vos que o ficheiro do word onde isto está a ser escrito chegou às 100 páginas!

Como curiosidade, ficáide a saber que foi precisamente na página 100...

(quem não perceber esta frase, leio o post anterior)

Mais ainda, na antecipação da completude deste texto, faço-vos uma proposta: Que fazermos um jantar a seguir a isto acabar?

O plano é simples: eu faço um jantar em minha casa, cada um de vós faz na vossa e, depois de pronto, comemos!

Entretanto tiramos uma foto ao prato comemorativo e trocamos as fotos dos respectivos jantares comemorativos! Que é que dizem? Hã?

(sim, eu costumo ter ideias quase tão parvas como esta, mas esta também me parece interessante...
...é que poupa o stress do trânsito...
...do estacionamento...
...de arranjar local para os comensais...
...basicamente, é só vantagens!)

...Bem, ou então não...




Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXVIII

XXVIII – “O melhor amante do mundo?!”

Claro que, assim que os meus pensamentos ficaram mais claros, fiquei pior que estragado! E ainda mais confuso!
Entrei no metro, que àquela hora já só passava quando Deus queria, se quisesse, sentei-me num banco, na estação deserta e a única coisa que me ocorria era um “Mas Porquê?” gritado em silêncio dentro da minha cabeça!
Não estava a ser nada fácil lidar com esta bagunça! Era confusão a mais! Tanta que eu já nem sabia ao certo quem era nem o que devia fazer! Sentia-me completamente perdido, desesperado!
Como se não bastasse, parecia que andava mergulhado num filme porno com um enredo intrincadíssimo em que toda a gente andava a fazer tudo com toda a gente, menos eu!
E depois aconteciam-me as coisas mais parvas, como esta ultima! Isto não podia ser real! De repente pôs-se-me a hipótese de ser um sonho! Belisquei-me com força no braço e…
…fiquei com uma beliscadura!
Deitei-me no banco e acho que, sem sequer dar por isso me encolhi todo. Queria desaparecer!
-Está bem? – perguntou-me uma voz.
Abri os olhos e era uma rapariga. Mais uma rapariga! Não respondi!
-Não me parece bem… Posso fazer alguma coisa por si? – Insistiu ela!
Abri os olhos e ia responder “Só quero ficar em paz” quando reparei que ela segurava nas mãos uma famosa revista masculina e na capa estava…
…a Tisha Montes!
Passei-me! Para surpresa dela, arranquei-lhe a revista das mãos e, meio ensandecido, desfi-la completamente em pedaços! E depois caí em mim!
-Desculpe! A sério desculpe, não sei o que me deu…
Ela olhava para mim incrédula!
-…essa revista era para entregar ao meu patrão amanhã…
-Eu pago a revista! Ou, se quiser, vamos à procura de uma papelaria que eu compro-lhe outra… A sério, desculpe, eu não tinha intensão…
Ela só ficou a olhar para mim com um ar de… pena!
-Você deve odiar muito a Tisha Montes, não?
-Não, não é nada disso! – e desatei a chorar – Acho que preciso de ajuda!
Ela sorriu!
-Eu sou psicóloga… - “ou quase” pensou “pelo menos serei quando acabar a tese” - …e se precisar de ajuda…
Fiquei a olhar para ela, sem saber o que dizer.
-Preciso,… - acabei por responder - …acho que preciso mesmo!
Ela sentou-se ao meu lado e eu comecei a contar-lhe tudo!
E como sabem, a história não é pequena…

***

A Sara não perdeu tempo! Assim que saiu da casa do Chico ligou à Lita.
-Estavas a falar a sério quando sugeriste o jantar?
-Siim, claaro! Porquê?
-Estava a pensar… Se me quisesses ajudar a fazer o jantar, podias ir ter a minha casa…
Lita sorriu e corou ligeiramente.
-Qualqueer coisa aassim tipo, um jantar… iintimo?
-Sim, qualquer coisa do género…
-Está combinaado! Eu levo o vinho…
-Fico à tua espera…
-Aaté já…
Correu ao supermercado para ir buscar ingredientes e deu consigo quase a saltitar ao longo da rua, como se fosse uma garota, embora bem lá no fundo houvesse uma ansiedade estranha.
Eram sete e meia quando a campainha da porta tocou…

***

Jantava com ela num pequeno restaurante que estava aberto perto do quiosque onde lhe comprei uma revista para substituir a que lhe tinha rasgado.
Ela ouvia-me com um ar fascinado. Mal eu sabia que na cabeça dela tentava absorver todos os pormenores do que lhe contava e só pensava “Meu Deus, obrigada por me mandares a minha tese embrulhada com um lacinho”.
Ela ia-me incitando em contar-lhe o que me stressava, as minhas dúvidas, as inseguranças que sentia e eu fui-me abrindo, abstraindo-me completamente do facto de ela ser uma rapariga.
Depois do jantar ainda ficamos um bom bocado no restaurante até que começou a ficar tarde. Chamamos um táxi para irmos para casa. A minha ficava mais perto, portanto não fazia sentido pagar mais para a deixar em casa primeiro. Pelo caminho fomos falando, o que provocou alguns olhares estranhos por parte do motorista, e sem quase dar por isso, cheguei!
Foi ela quem falou primeiro.
-Dás-me o teu número?
-Mas claro. Olha, diz-me o teu que eu dou-te um toque e assim ficamos já com os dois números… - e assim fizemos!
-Temos de fazer isto mais vezes – “e vais ver que te vou pôr essa cabeça direita!” acrescentou em pensamento!
-Mesmo?
-Sim, claro!
-Estava a saber bem falar contigo!
-E a mim também…
E então fiz algo inusitado!
-Queres entrar por um bocado? Podemos chamar outro táxi mais tarde…
E depois veio a resposta improvável, dada por interesse próprio dela, coisa que há altura eu desconhecia!
-Sim!
E saímos do táxi!

***

Sara abriu a porta e ficou estática, sem palavras, sem sequer pensamentos. À sua frente, aquela mulher que normalmente, a cada segundo do dia, transpirava sensualidade, estava impossivelmente deslumbrante, tanto que qualquer mulher se sentiria diminuída à sua frente!
Lita olhou para ela e sorriu. “Ficoou tão giira ao veer-me… Tal e qual coomo os rapazes” pensou contente.
-Troouxe o viinho!
Sara despertou finalmente.
-Entra!  - e ela entrou e assim que Sara fechou a porta roubou-lhe um beijo, o que pôs um sorriso nos lábios de Sara!
-Aainda estás a cozinhaar?
-Sim, anda comigo para a cozinha!
Entraram na cozinha, Lita pousou o vinho na bancada e Sara foi directa ao tacho para o mexer.
-Queeres ajuda a coozinhar?
-Se quiseres ajudar… - respondeu a Sara – Mas está quase… - assustou-se ao sentir o corpo de Lita encostado ao seu.
-Tás nua?
-See te viinha aajudar nãão ia aarriscar a suujar o vestido, nãão achas…
-Claro… - sorriu a Sara.
O jantar ficou pronto num ápice e Sara acabou por imitar Lita, tando jantado nuas.
Brincaram, riram-se, divertiram-se, comeram, beberam e parecia que de alguma maneira iam adiando o inadiável, até ao momento em que se tornou inevitável e beijaram-se sentiram-se, tocaram-se…
…mas algo não estava bem!
E ambas foram percebendo isso até ser demasiado óbvio!
-Iisto não eesta beem, poois nãão?
Sara sorriu com pena.
-Pois não! Não queria dizer nada, para não pensares que era algum problema teu… Não é. És linda, és deslumbrante e eu adoro-te… Mas…
-Maas estaamos nisto e estaamos a peensar em gaajos…
Sara riu-se.
-Pois, é isso!
-Saabes, aacho que nãão somos Lesbik!
Acabaram por se rir, ficaram a falar e a desfrutar da companhia uma da outra. A lita recebeu um SMS do João a perguntar “É verdade” e só respondeu “desculpa” e continuou a conversa até que era tarde e teve de ir embora. Despediram-se com um abraço e Lita partiu!
Apesar de ser tarde, Sara sentia-se em brasa e resolveu sair. Não ia à procura de nada, mas precisava de um escape… Acabou por ir a uma discoteca, para dançar e encontrou a Carmen…

***

Já não sei do que falávamos, até porque falamos de tanta coisa nessa noite… Já não era só ela a encorajar-me a falar, era mais que isso… mas, dizia, já não sei do que falávamos e falamos de mamas.
-Os gajos são obcecados por mamas grandes, não é?
-Um bocado…
-Pois… eis algo que eu nunca tive…
-Mas não és menos sexy por isso…
-Não? Achas mesmo?
-Acho! É verdade que umas mamas grandes fazem um decote espectacular, mas por exemplo, as tuas são jeitosas… cabem na mão…
Dizia isto com à vontade. Sem preocupações. Estava a ser verdadeiro.
Ela corou.
-Achas mesmo?
Acho que nem me apercebi do quanto isso era um problema para ela.
-Acho, acho mesmo!
Pelos vistos era mesmo, mesmo importante para ela, que de repente se manda para cima de mim e me dá um beijo, para minha enorme surpresa e depois para, olha para mim envergonhada – Desculpa! – diz-me com o ar mais tímido do mundo enquanto tenta esconder o seu olhar do meu que é apenas de incredulidade, mas olha para mim novamente, e repetimos o beijo, com mais intensão, mais vontade e as mãos não conseguem ficar quietas e as caricias acontecem, mõas que se tocam e cruzam e deslizam – Queresparar? Eunãoqueropararmasse tuquiseresparamos – diz ela com a voz tremula – Eunãoqueroparar – respondo e os beijos tornam-se mais sedentos, mais ávidos, as mão, mais afoitas, aventuram-se por baixo das roupas que teimam em atrapalhar e começam a ser descartadas, peça a peça, e o toque da pele torna-se electrizante e ela toca-me, agarra-me, guia-me, entrega-se a mim, faz-me deslizar para dentro de si, suspira, fecha os olhos, abandona-se – Ai, Faz-me esquecer o meu nome… -diz ela…
…e ocorreu-me, de repente, a pergunta “mas afinal como é que te chamas?”…
…e quando me sente por inteiro dentro dela começa num com um ondular de ancas que me faz perder a razão…
-Eu…
…e ela faz-se penetrar mais fundo…
-…já…
…ele respira cada vez mais profundamente…
-…não…
…ela olha-me e dá um pequeno grito de prazer…
-…sou…
…ela acelera o ritmo…
-…VIIIIRGEEEEEEM!
E pronto! Foram os melhores 32 segundos da minha vida!
Ela, assim que ouviu isto saiu de cima de mim, ficou a olhar para mim com os olhos arregalados!
-Tu és virgem?
-Bem, agora já não!
-Meu Deus! Mas… Porque é que não me disseste?
-Devo ter dito, algures ao longo da noite…
-Não! Não disseste! Acho que um pedaço de informação desses não passava despercebido…
-Bem, não sei, mas…
-Isso explica tanto do que me disseste…
Ficamos em silêncio por um bocado. Por fim fui eu quem falou.
-Desculpa!
-Por não me dizeres que eras virgem?
-Por isso, por não ter sido melhor…
-Mas foi bom, eu também…
-Não, não chegaste lá…
-Pois não!
Mais um silêncio constrangedor, até que, de repente me lembrei daquilo que a Cris me tinha dito que a Tisha lhe tinha dito!
-Bem, talvez ainda eu possa,… reciprocar…
-Reciprocar?
-Sim! Eu conheço uma técnica oral que, aparentemente, tem a capacidade de deixar as mulheres loucas! Chama-se “Tornado Centrifugador”!
-Ah! Sabes, não te devias iludir dessa forma…
-Que forma?
-O haver uma técnica milagrosa.
-Perdes alguma coisa em experimentar?
-Bem, não… Se queres mesmo…
-Quero! Mas não esperes que.. OOOOOOOOOOOOOOOOOOAAAAAAAAAAAAAAH!!!!!

***

A Lita entrava em casa, nesse momento, ainda a pensar na sua noite.
Muita coisa estava misturada na sua cabeça. Por um lado, estava contente por tudo se ter tornado claro, por outro extremamente triste ao perceber que, afinal a solução do seu problema não passava por experimentar algo diferente…
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! MEEEEEEEEEEEEEEEEEUUUUUUUUUUUUU DEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEUUUUUUUUUUUUUUSSSSSSSSSSSSSS! VAIS-ME… FAZER… AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!
Ficou surpreendida! O barulho vinha do meu quarto!
-Vou ter outro orgasmo… eu não acred… AH, AH, AH, AAAAAIIIIIIIIIIIIIIIII!
Será que a Cris estava com alguém, no meu quarto? Enfim, sortuda da Cris…
-Ai, ALFREDO, ÉS O MELHOR… AH, AH,… AMANTE… AIIIIIIIIIIIII, DO MUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUDAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHH!
“O Freddy! O Freddy é o melhor amante do mundo?!” pensou! “Não, não é po…”
-Ai, Ai,Ai, Ai,Ai, AHHHHHHHHHHHHHHHH! Nãããããããão é possível AHHHHHHHHHHHH!”
A Lita estava em transe, quase! Fosse quem fosse tinha tido quatro orgasmos em pouco mais do que um minuto, e, aparentemente, a coisa não iria ficar por aí…
…Que inveja!
Entristeceu!
Foi-se deitar, ainda ao som de uma sinfonia que parecia estar para durar. Os orgasmos sucediam-se em catadupa, com o meu nome a ser gritado, por vezes a plenos pulmões!
Na cabeça da Lita, de repente, começa-se a formar a pergunta:
-E se…?

quinta-feira, 30 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXVII

XXVII – Onde é que ela esconde “aquilo”?

Sara tinha de falar com alguém acerca do que tinha acontecido! Tinha as ideias demasiado baralhadas na sua cabeça! E resolveu ir ter com a pessoas indicada para isso!
Como ainda tinha a chave de casa do Francisco, nem se incomodou a bater à porta, sim-plesmente abriu-a…
-Chico, preciso de falar contigo!
…e lá estava o Francisco ajoelhado no sofá completamente nu e envolvido em actividades lúdicas com uma rapariga lindíssima, morena de olhos claros e com um corpo pelo qual a maior parte das mulheres eram capazes de matar alguém.
“Tenho que deixar de fazer isto na sala!” pensou o Chico.
Lá pararam de fazer o que estavam a fazer, levantaram-se do sofá, perante uma Sara muito corada e surpreendida!
-Bem, o desgosto de acabarmos não foi assim tão grande, pelos vistos!
-E não sendo eu, de certeza a tua pessoa favorita no mundo, neste momento, para quereres falar assim tanto comigo, o que é que se passa?
-Eh, Paquito, quien és esa?
-É uma ex-namorada! Carmen, esta é a Sara! Sara esta é a Carmen Solis. É uma colega de profissão, é modelo de lingerie.
A Sara olhou bem para a Carmen, reparando num pormenor da anatomia dela que não batia certo com o resto da mulher linda que ela era! Chegou-se ao ouvido do Chico e segre-dou-lhe a pergunta:
-Mas ela tem um “coiso”! É uma ela ou um ele?
-É uma Transgender!
-E é modelo de lingerie feminina?
-É!
-Mas… Onde é que ela esconde “aquilo”?
-Essa é, definitivamente uma pergunta para a qual não queres saber a resposta!
Montes de coisas passaram pela cabeça de Sara, mas acabou por achar que o mais inteli-gente seria ficar calada!
-Mas afinal, o que é que te levou a vir cá?
-Chico, desculpa, mas achei que eras a pessoa ideal com quem falar acerca disto, visto que gostas de mulheres e de… de… de…
-Homens?
-Sim, isso!
-Mas o que é que se passa afinal!
-É assim, há uma rapariga que se anda a fazer a mim…
-Compreendo! E então?
-E então, não sei o que fazer. Ela é linda e é um doce de pessoa… E eu não sei…
-Diz-me uma coisa, alguma vez na tua vida pensaste em estar com uma mulher? Mesmo lá muito para trás, naqueles anos mais exploratórios…
-Nunca estive com uma!
-Não estou a perguntar se estiveste, estou a perguntar se o pensamento te ocorreu, se alguma vez pensaste nisso…
-Não, para te ser franca não! Só de há uns dias para cá é que tenho pensado nisso por causa dela, mas…
A Carmen voltou da cozinha com um pacote de pipocas, sentou-se e ficou a olhar para os dois! E os dois ficaram a olhar para ela.
-Lo siento, pero esto es mejor que una telenovela! – disse ela ao reparar na estranheza dos outros dois!
-Bem,… - continuou o Francisco - … acho que tens aí a tua resposta! Se nunca pensaste nisso, se isso nunca te atraiu, eu diria que não deve ser por aí que vais. Se acontecer alguma coisa és capaz de não ficar bem contigo própria…
-Pois! – suspirou a Sara – és capaz de ter razão! Mas a Lita…
-Para tudo! A Lita?
-Sim, conheces?
-Estamos a falar da Elita Svenson?
-Sim! Não me digas que és um dos que já andou com ela…
-Não! Quando a conheci estava com o Abel… Esquece o que eu te disse! Mergulha de cabeça!
-Mas…
-Sara, não estamos a falar de hambúrguer, estamos a falar do melhor filé mignon!
-Mas tenho medo de arruinar a nossa amizade…
-Pá, isso da amizade são coisas que resolves depois! Só tens duas hipóteses, ou funciona ou não! Se funcionar vais ser a namorada da gaja mais podre de boa que eu já vi…
-Pero, quien es esta Lita? – perguntou a Carmen, ao ver a maneira como o Francisco se referia a ela, sobretudo depois de admitir que nunca tinha estado com ela e de se ler perfei-tamente nas entrelinhas que era algo de que não se importaria muito!
-É melhor tu nem saberes. Acho que se a visses já não apanhavas o teu voo de depois de amanhã e ficavas cá… - e virou-se para a Sara, continuando – Por outro lado, se não funcionar, tu vais ser a ex-namorada da mulher mais podre de boa… e isso é tipo a luz brilhante que atrai as traças, vais ter tudo quanto é gajo da alta, os que se babam por ela, a babar por ti! O que é que tens a perder?
-Mas achas mesmo?
-Pá, se fosse outra gaja qualquer, dizia-te o contrário, mas teres a Lita a fazer-se a ti? Tás parva? Mergulha de cabeça!
A Sara ficou pensativa por uns momentos, depois sorriu.
-Tens razão! O que é que eu tenho a perder? Eu sabia que eras a pessoa indicada. Obrigada!
Levantou-se com um sorriso radiante, deu um beijo na face do Francisco, cumprimentou a Carmen e saiu, de rompante, como tinha entrado!
-Sus amigos son todos así?
-Não! A Sara é uma das mais normais…

***

O meu fantástico e maravilhoso encontro com a Sofia foi tão bom, mas tão bom, que a perspectiva do ménage com a Tisha e o Abel ganhava cada vez mais consistência na minha cabeça. Claro que o problema nesta equação era o Abel!
Mas se a vontade de estar com o Abel não era nenhuma, por outro lado tinha implantada, nos meus neurónios, a imagem daqueles fabulosos seis que só eram ultrapassados pelos da Lita…
E, quando pensava nisso, o Abel, vestido de mulher e com aquela cabeleira loira nem era nada de se deitar fora…
Mas não! Ou sim?
A dúvida mortificava-me!
Precisava de falar com alguém acerca disto! Não queria falar com a Cris, senão esta ainda me encorajava, quanto mais não fosse para poder assistir e aproveitar para tirar umas fotos! E não queria falar com a Lita porque… Bem, porque não! O Abel, como é óbvio, não era uma opção. Só me sobrava uma alternativa e por isso resolvi ir até casa do Chico. Ao entrar no prédio acabei por ser cavalheiro e abrir a porta a uma ruiva muito bonita que saía com o ar mais feliz do mundo e ainda fiquei a vê-la afastar-se. Subi as escadas e cheguei à porta. Ia a bater quando reparei que a porta estava aberta, apenas encostada.
Fiz-me convidado, entrei para o hall, fechei a porta atrás de mim, e falei bem alto para o Chico me ouvir enquanto me dirigia à sala…
-Chico, preciso da tua ajuda! Acho que estou com dúvidas acerca da minha sexualidade!
…e entro na sala encontrando o Chico de quatro com uma morena lindíssima ajoelhada atrás dele, estando ambos entretidos em actividades lúdicas!
- Oh mierda, pero tus amigos no saben llamar a la puerta antes de entrar? – Disse a Carmen, de repente.
-Será que mais ninguém me quer entrar pela casa adentro com dúvidas de sexualidade sem ser convidado? – disse um frustrado Francisco! – Mas como é que tu entraste?
-Pá desculpa, a porta estava só encostada e eu pensei… - estava mais corado que um pimento encarnado, bem maduro!
O Francisco suspirou!
- Bem,… - lá acabou por dizer – Agora que já está…
-Quien és este?
-Carmen, este é o Alfredo! Alfredo, esta é a Carmen…
-Holla, guapo! – cumprimentou-me a Carmen toda dengosa! Eu olhei para ela e notei um estranho pormenor na anatomia…
Cheguei-me ao pé do Francisco e segredei-lhe a pergunta:
-Olha lá, ela quando anda abana mais do que as ancas… É uma ela ou um ele?
-É transgender! É uma modelo de lingerie feminina!
-Modelo? Mas… onde é que ela esconde aquilo?
-Se eu te disser ficas traumatizado!
Calei-me! Há coisas que, definitivamente, é melhor não saber!
-Mas então, já que aqui estás, o que é que te trouxe por cá?
A Carmen, entretanto, sentou-se e agarrou novamente no balde das pipocas!
Contei-lhe o que se tinha passado em casa da Tisha! A sua primeira reacção foi de espanto!
-Pérai! Tás a falar da Tisha Montes?
-Tisha Montes? – perguntou a Carmen, de repente mais interessada do que nunca – La actriz porno?
-Yá!
-Tu comeste, literalmente, a Tisha Montes?
-Yá! Mas não passou daí!
-Então ela não…?
-Não! Disse que sabia que o Abel tem um fraco por mim, e que era muito amiga dele e não sei o quê, que umas lambidelas era como o outro mas o prato completo…
-Atão e deu-te, pelo menos, as lambidelas?
-Não, a Cris arrastou-me de lá para fora! Mas ela estava arrependida de me ter usado e disse que se eu quisesse faríamos tudo…
-E tás à espera do quê?
-…se eu alinhasse num menáge junto com o Abel e se tratasse do Abel primeiro!
-Tou a ver! Volto a perguntar: Tás à espera do quê?
-Chico, eu gosto de mamas…
-Ai hombre, no hace daño como los pechos y el pene!
O Chico ficou a olhar para mim um pouco em silêncio.
-Pá, lembras-te quando me pedias para eu posar para ti?
-Claro!
-Eu, modéstia à parte, tenho o corpo perfeito! Alguma vez te sentiste incomodado?
-Contigo? Não! Porque é que havia de sentir?
-Não é isso… - levantou-se, nu como estava e virou o rabo para mim – Quando olhas para isto apetece-te dar uma palmada?
-Não!
A Carmen levantou-se, fez a mesma coisa que ele e perguntou:
-Entonces e aqui?
Ela, ou ele, ou lá o que fosse tinha um rabo…
-Bem… Aí até dava…
-Mira, se quieres… - convidou ela com um sorriso!
-Não o confundas! O rapaz não está mesmo preparado para isso!
-E se quieres más… - continuou ela, com um sorriso sacana, a tentar-me!
-Mas… - eu já procurava uma saída daquele aperto – Mas nós nem nos conhecemos, nem sabemos nada um do outro… Não achas que para isso nos devíamos conhecer melhor?
- Sólo estoy aquí para trabajar y tengo que salir pasado mañana, pero la próxima vez que vuelva podríamos salir juntos ... Qué te parece?
-Hã, bem…
-Carmen, não ves que estas a deixar o rapaz envergonhado? É assim, claro que a decisão é tua, mas não me parece que que fiques muito bem contigo se fizeres algo com o Abel só para teres a Tisha…
Reflecti um pouco… com a cabeça de cima, para variar!
-Tens razão! Acho que não é mesmo por aí… Obrigado, páh!
-De nada. É para isso que são os amigos! E que tal desamparares a loja e, de caminho, fechares bem a porta que nós estávamos ocupados?
-Hã, pois… Desculpa! Eu vou andando então…
Levantei-me, a Carmen também, chegou-se ao pé de mim, pregou-me com um beijo que até me deixou azul e disse:
-No te olvides. La próxima vez que me venga por aquí…
-Ya, ya… - respondi eu, nas nuvens!
-Oh Freddy, não te esqueceste que ela é uma transgender, pois não? – perguntou o Francisco quando eu já saia pela porta.
-Não,… - respondi eu, ainda completamente fora da realidade - …os Transformers já não dão na televisão…

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXVI

XXVI – Eu sou uma má queca…!

-Saara, paareces triiste! Estáa tudo beem? – Perguntou a Lita, a meio do turno, vendo a amiga abatida. Ela suspirou.
-Nem por isso!
-Entãão?
-É o Chico! As coisas não andam bem entre nós… Mas agora não dá para falar…
-Ées minha amiiga! Quaando eeu precisei de ti, laargaste tudo e eu eestou aaqui para ti! Preecisas de companhia e dee um colinho! Vaamos beber um coopo depois do traabalho?
A Sara sorriu e assentiu, e voltaram ao trabalho…

***

Já num bar, à noite, as duas sentadas a uma mesa eram, sem dúvida, uma espécie de buraco negro da atenção de todos os homens presentes.
-Entãão diiz ma lá, que se teem passado? – Perguntou a Lita.
-Não o satisfaço minimamente na cama! Parece que só consigo ser fantástica quando estou tão bêbeda que nem me lembro do que fiz, e no resto do tempo sou só aborrecida! Acabamos tudo…
-Nãão te siintas maal! Tens de peerceber que eele tem muita expeeriencia, é bisseexual, proocura cooisas difereentes…
-Eu percebo! Mas não quero passar a vida bêbada para me conseguir desinibir o suficien-te… - parou um pouco, olhou para a Lita com os olhos turvos de lagrimas e desabafou – Eu sou uma má queca…!
-Nãão, não peenses aassim! Eu teenho a certeeza que tu és uuma boa queeca…
Aquele bar estava de tal maneira que, aparte aquela conversa, se caísse um alfinete ouvia-se. Estava em suspenso!
-Maas tens de peerceber – continuou a Lita – que eele, por exeemplo também goosta de hoomens, que goosta de cooisas difereentes… Teens de eestar com alguém que te vaalorize… Coomo eu, poor exemplo!
-Tu gostas mesmo de mim?
-Maas claro! O que é que há paara nãão goostar? Tu és um dooce de peessoa, és uuma ruuiva lindíissima…
O interesse subia visivelmente no bar!
-Ao pé de ti deixo muito a desejar…
-Nãão… Eu teenho a certeeza de que já tiiveste muuito mais no seexo, do que eu, por exeemplo…
-Lita… Eu bem te via, tiveste imensos namorados…
-E nuunca tive um orgaasmo!
O mundo parou! A Sara ficou a olhar para ela como se estivesse em frente a um extrater-restre! Todos os homens do bar pensaram ao mesmo tempo “Mas quem foram os incompe-tentes que estiveram com este monumento?”, excepto dois! Desses dois, um era o empregado que estava completamente absorvido pela conversa, disfarçadamente, na mesa ao lado! O outro era o João, que estava duas mesas ao lado na diagonal! O empregado virou-se com uma expressão de agonia no rosto!
-Lita… - disse ele de repente!
-Oh, Eleuutério, oolá. Não tiinha reparaado que eeras tu…
Ele ajoelhou-se à frente dela!
-Diz-me que não é verdade!
Todos os homens naquele bar tiveram a vontade de se levantar e espancá-lo! Menos o João!
-Maas é! Desculpa…
As lagrimas jorravam-lhe dos olhos! E dos do João também!
-Perdoa-me! – Gritou – Tu és simplesmente, tão… tão… tão perfeita!
-Não faaz maal, Eleuutério. A séerio!
A Sara como que despertou nessa altura e apercebeu-se do ambiente em volta. O empre-gado prostrou-se. Os olhares para ele estavam ainda mais carregados! Excepto o do João!
-Lita, é melhor irmos andando! – Disse a Sara.
-Siim, vaamos!
E saíram. As conversas voltaram ao bar, embora fossem todas à volta do que acabara de acontecer. O João levantou-se, dirigiu-se à mesa onde elas estavam sentadas, levantou o Eleutério e sentou-se, sentou-se com ele, enxugou as suas próprias lagrimas, assoou-se, pediu duas bebidas, respirou fundo, perante a surpresa do outro, e, com a voz embargada disse-lhe:
-Eu também fui namorado da Lita!
E irromperam os dois num pranto!

***

Chegaram à porta da casa da Sara.
-Lita, obrigada. A sério.
-Soomos amiigas!
Sara olhou para Lita com um olhar carinhoso.
-Parece que não sou a única com problemas…
-Saabes, graças a eesses prooblemas tenho peensado em expeerimentar cooisas alternatiivas.
-Coisas alternativas?
-Siim. Se caalhar nuunca tive um oorgasmo poor algum motivo!
-Compreendo! – E chegou-se a Lita, uma gigante ao lado do seu metro e setenta e deu-lhe um abraço, que a apanhou de surpresa, mas foi correspondido. – E obrigada por me fazeres bem! – Disse-lhe quando se soltaram. E cruzaram o olhar. E tiveram um momento!
-Saabes que nãão estaava a flirtaar coontigo, nãão sabes?
A Sara assentiu. A Lita baixou-se, levou-lhe a mão ao queixo, levantando-o e colou os seus lábios aos dela num beijo tão doce que a Sara ficou feliz por não ser diabética!
-Maas agoora estava! – Disse com um sorriso quando os lábios se afastaram! A Sara estava estupefacta, apanhada pelo inesperado do momento!
-Deeviamos jantar um diia destes! Que é que aachas?
Sara, com um ar absolutamente sério e de olhos arregalados assentiu com um leve aceno de cabeça! E a Lita deu uma pequena gargalhada marota, voltou-se e foi-se embora deixando a Sara estática à porta de casa com o cérebro de tal maneira acelerado e turbo-comprimido que nem conseguia dar ordens ao corpo para se mexer!

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXV

XXV – “Bem, este gajo é o máximo!”

E chegou o fatídico Sábado!
O dia foi stressante! Se é verdade que a questão com a Tisha me tinha insuflado alguma confiança, por outro lado a maneira como as coisas aconteceram, aliás, a cadeia de aconteci-mentos na minha vida desde que entrei em casa naquela tarde, estava a começar a ser mais do que eu conseguia lidar.
É verdade que antes não tinha sexo! E também é verdade que desejava ardentemente ter…
Mas também é verdade que tinha uma vida pacata, sem grandes problemas…
Agora estava a ter uma vida em que o sexo abundava à minha volta, e era gozado, enganado, usado…
…e continuava a não ter sexo!
-Então? Tás pronto para mais logo? – perguntou a Cris ao fim da tarde.
-Não sei! Aliás, para te ser franco duvido que valha a pena…
-Duvidas que valha a pena? Não duvides… Aliás, quando olhares para ela as tuas dúvidas vão-se dissipar!
-Para te ser franco, não sei se vou!
-Tás parvo?
-Já te disse, cada vez mais!
-Mas o que é que se passa?
-Pá, vou-me encontrar com uma tipa que não conheço de lado nenhum, que nunca vi mais gorda nem mais magra, da qual não sei absolutamente nada. Por outro lado sou um marrão, não deixei de ser um marrão…
-Podes ser um marrão, mas deixa que te diga, deves ser o único marrão no mundo que conseguiu fazer uma estrela porno passar-se da cabeça… Sabes o que é que ela me disse?
-O quê?
-Tu deste-lhe o melhor orgasmo de sempre!
-Ora, tás a inventar, não disse nada…
-Não, não estou! Se quiseres eu ligo-lhe e ela confirma. Fazes ideia de com quantas gajos e gajas ela esteve?
Revi mentalmente as cenas dos filmes dela. Contando com repetições de actores…
-Só nos filmes conto umas cento e trinta…
-E depois há todas as outras que não estão nos filmes! Sabes o que é uma mulher destas ficar passada contigo? Isso deve querer dizer qualquer coisa, não?
-Pá, talvez, mas olha para mim! Tenho uma estrela porno a afirmar que lhe dei o melhor orgasmo da vida dela e continuo um marrão virgem! E estou farto…
-De ser um marrão virgem?
-Não! Destas confusões.
Ela olhou para mim muito séria.
-Freddy, podes passar pela vida sem confusões, é verdade! Podes levar uma vida calma, sem sobressaltos, basicamente voltar à vidinha que tinhas mas… Eras feliz?
Fiquei sem resposta.
-Cá para mim só existias, nem sequer estavas vivo! Tens sido importunado, chateado, gozado, tens feito disparates atrás de disparates mas,… Já reparaste que aprendeste alguma coisa com cada disparate que fizeste?
Continuei sem resposta!
-O teu problema, como eu te disse, é que estás a deixar a cabeça de baixo mandar na cabeça de cima! É bom que isso aconteça, mas só numa altura… Quando estás no acto! Fora isso é a cabeça de cima que tem de mandar.
Assenti com a cabeça!
-Baixa as espectativas! És um gajo giro que vai jantar com uma gaja gira! É algo que acontece desde que o mundo é mundo!
-É algo que nunca fiz…
-Já jantaste comigo! Não sou gira?
-Claro que és, mas é diferente!
-Não, não é! Pode vir a ser, se ela gostar de ti, se tu gostares dela, mas, por enquanto não é nada diferente!
Respirei fundo!
-E agora vamos escolher umas roupas com alguma pinta, váis tomar um granda banho de imersão para ficares mais relaxado, e vais ver que vai correr tudo bem…

***

-Lita, temos de fazer qualquer coisa, senão isto vai correr muito mal!
-Oo quê?
-O encontro do Freddy!
-Maas poorque é que aachas iisso?
-Porque ele é um marrão! Já ela não tem nada a ver…
Pois é! Apesar da conversa, de me tentar incutir alguma confiança, a verdade é que a Cris sabia, tanto quanto eu, que as hipóteses da coisa correr mal eram elevadíssimas!
-Maas o que podemos faazer?
-Temos de ir também!
-Maas nãão vaai ser estraanho ele apaarecer num encontro com duuas mulheres?
-Pá, se calhar até surtia algum efeito… - Pensou a Cris imaginando a cena: eu todo estiloso a aparecer no restaurante abraçado a ela e à Lita, chegar à mesa, olhar para ela e perguntar, na lata “Olá, és a Sofia não és?” e voltar-se para nós “Later, baibes!” e a cara da Sofia a derreter-se enquanto pensaria “Bem, este gajo é o máximo!”…
-Não pegava!
-O quee é quee nãão pegaava?
-Nada, nada, estava só aqui a fazer um exercício mental! Temos de ir incógnitas, ficar por perto e preparadas para intervir caso o pior aconteça…

***

-Então são dois crepes com gelado de framboesa, certo? – perguntou a empregada.
-Sim, e com cobertura de chantilly. – respondeu a Sofia.
-Não vai demorar muito. Até já.
-Obrigada! – e assim que a empregada se afastou da mesa ela voltou-se para mim – Não devia pedir o Chantilly, mas é tão difícil resistir… Adoro! Podia mergulhar o corpo todo naqui-lo…
Lógicamente que a imagem mental que fiz dela, mergulhada numa banheira de chantilly, me transtornou um pouco! “Concentra-te Alfredo!”
Tendo eu ficado em silêncio a olhar fixamente para ela, caiu um estranho silêncio entre nós, que foi ela quem quebrou com um sorriso:
-Posso sabem o em que é que estás a pensar?
“É melhor não!”
-Que não me importava de ser pasteleiro…
Ela corou de uma maneira adorável.
Na mesa ao lado a Lita e a Cris, disfarçadas com óculos escuros, bonés e camisas de homem aos quadrados, tipo lenhador, ouviam tudo.
-Bem, parece que se safou do embate inicial… - sussurrou a Cris.
-Ee até que nem esteve mal…
De volta à nossa mesa:
-Bem, eles não foram forretas com o Chantilly… - disse eu, admirado com o prato!
-Pois não! Acho que vamos ficar com as caras cheias de… - e não acabou a frase, agarrou-me nos cabelos, enfiou-me a cara no prato enquanto dizia baixinho – Baixa-te!
Eu bem queria levantar a cabeça do prato, mas ela ainda me estava a agarrar.
-Tudo bem! – disse ela – Acho que ele não…
-Sofia!
-Ah! Olá Asdrúbal!
-Pá, esse tipo está bem? – perguntou ele apontando para mim. Ela largou-me finalmente.
-Claro que sim. É o meu primo, o Freddy e está a fazer aquela cena do Chantilly… Lembras-te do meu primo…?
-Ah! Ya, claro,… - respondeu ele sem convicção nenhuma - …aquele teu primo daquela cena onde fomos daquela vez… Como é que vai isso, mano?
-Vai bem! – respondi eu sem perceber bem o que se estava a passar – Mas podia ficar melhor se tivesse uma toalha!
-Ele é sempre tão brincalhão, não é?
-Sofia, tenho andado preocupado contigo. Não apareces há uns dias… - disse o Asdrúbal.
-Pois…
-Mas olha, devíamos ir andando, que hoje vou ter mais umas visitas especiais lá em casa, se me percebes… - disse ele piscando-lhe o olho.
-Hã… Pois, mas é que…
-Aqui o primo… hã… coiso…
-Freddy! – disse eu!
-…não se importa, poi não? Bora! – e agarrou a mão da Sofia, arrastando-a atrás de si para fora do restaurante, deixando-me com o ar mais estupido deste mundo sentado à mesa!
“Mas que raio se passou aqui?” pensava eu, tentando fazer algum sentido daquilo!
Entretanto, já na rua, a Sofia volta-se para o Asdrúbal:
-Espera, acho que deixei o meu telemóvel lá dentro…
-Ok! Eu tenho o carro estacionado mesmo ali à esquina!
Ela lá voltou para trás, chegou ao pé de mim e segredou:
-Desculpa! Mesmo! Mas isto é um assunto que eu tenho adiado e que tenho de resolver. Mas eu prometo que te vou compensar. – e deu-me um xoxo!
E foi assim a primeira vez que saí com uma rapariga…

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXIV

XXIV – Até ias para a cama comigo?

-Olha lá, mas tu és parvo?
-Cada vez acho mais que sim!
Íamos no carro em direcção a casa!
-Eu também! Que é que te passou pela cabeça para me ofereceres assim?
-Hã?
-“Não pode ser com a Cris? Tu gostas da Cris, não gostas?”
-Ah!
-Ah pois é!
-Até pensei que não te importasses… Já o fizeste com ela…
-Eu já fiz muita coisa, mesmo muito e algumas bastante estúpidas… muitas até… se calhar demasiadas! Mas sempre as fiz por minha escolha! Nunca fui usada por ninguém!
Caí em mim! Comportei-me como um miúdo em frente a uma loja de doces! Fiquei envergonhado!
-Tens razão! Fui estúpido! Desculpa…
-Não há nada a desculpar. Somos amigos e eu já passei por tanta coisa… e sei que não fizeste por mal, só não pensaste com a cabeça certa! Mas imagina que não era eu, imagina que era a Lita, por exemplo… Já pensaste naquilo que ela sentiria?
-Desculpa, mesmo! Eu acho que aprendi a lição… E olha, para me desculpares mesmo, que tal irmos jantar a um lado qualquer? Pago eu…
A Cris olhou para mim algo surpreendida!
-Olha, tás a aprender, hã? Tá bem, bora lá jantar…
Aquela observação fez-me sentir bem.
-Tás a ver, é isto que tens de aprender a fazer.
-O quê?
-Seduzir! E para seduzir não podes usar a cabeça de baixo! Eu sei que a de cima costuma desligar… deve ser do afluxo de sangue, mas ainda assim, tens que aprender a controlar-te e a deixar que a cabeça de cima seduza! Se aprenderes a fazer isso, consegues qualquer mulher.
-Qualquer mulher?
-Ya! Até a Lita, por exemplo…
A imagem pareceu formar-se no meu cérebro e pareceu-me mais maravilhosa do que a recordação do “mexilhão” da Ticha… Até a Lita… Olhei para a Cris! Eu, que nunca tinha tido uma amiga, tinha aqui uma à prova de bala! Sim, ela passa a vida a sacanear-me, mas…
Pois é! Ela passa a vida a sacanear-me!
-Até tu?
-Yá! Até eu!
-Isso quer dizer que até ias para a cama comigo?
-Sim…
-E queres ir?
Ela olhou para mim, levantou o sobrolho, fez um sorriso sacana e respondeu:
-Mas tu ainda não sabes gatinhar e já queres correr?

***

A Cris contava à Lita estes desenvolvimentos e a maneira como conheci a minha estrela porno preferida, a Tisha Montes, de uma maneira muito mais íntima do que alguma vez imaginara. Riam as duas à gargalhada!
-Ooh páah! Cooitado!
-Mas é que não tás bem a ver a cara dele quando acordou e me estava a falar do “sonho” e a Tisha falou…
-Caalculo! – e Lita ficou pensativa – Pois! Reealmente, ele ainda é mesmo Viirgem!
-Ya! – respondeu a Cris ainda a rir.
-Ee que raio de aamigas somos nos? – Perguntou a Lita, e levantou-se de repente.
-Mas onde é que tu vais?
-Faazer o que uma booa amiga deve fazer! Voou trataar do assunto…
-Pera, não podes fazer isso!
-Porque nãão?
-Porque… Ele é virgem, vai ser muito mau…
-Nãão faaz mal! Eeu já estoou habituada…
-Sim, mas depois vai criar um clima esquisito aqui em casa…
-Aachas?
-Tu achas que ele não vai ficar caidinho pela primeira mulher que estiver com ele? E depois? Tu vais só resolver um problema, mas para ele vai ser muito mais do que isso? Já pensaste nisso?
-Mas ele precisa de aajuda! Nãão pode seer saudável ter a idade dele e ainda nãão teer sentido a íintimidade de uma mulher…
-Sim, mas também não pode ser assim! Ele tem de chegar lá por ele… senão… não vai ser tão marcante, percebes?
A Lita parou pensativa, reflectindo nas palavras de Cris. Depois condescendeu!
-Teens razão!
-Lita…
-Siim?
-Nunca lhe contes esta conversa senão ele vai odiar-me…
Claro que um dia, muito depois disto, a Lita contou! E eu não a odiei…

terça-feira, 28 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXIII

XXIII – -Dás-me um autógrafo?

Quinta-feira.
Se, por um lado estava mais que ansioso por que Sábado chegasse, por outro não podia estar mais nervoso! Estava num tal estado de ansiedade que não me conseguia concentrar em nada!
Quando sai do trabalho tomei uma resolução! Quanto mais não fosse para ganhar mais alguma confiança, ou por outra, alguma confiança visto que não tinha um pingo dela, arranquei para a casa nova do Abel, que, ao fim ao cabo, nem sequer conhecia ainda!
Cheguei, bati à porta, ainda mais nervoso porque a acumular à ansiedade havia o problema de ir praticar o “tornado centrifugador” com ele e, enquanto esperava que me abrisse a porta, só pensava “Caramba, rapaz! Respira fundo, acalma-te, faz-te um homem e vai lá curtir com o Abel!”. Eu sei que isto não parece, de todo, bem, mas, naquela altura, tinha a sua lógica…
Mas adiante!
A porta foi aberta e eu nem tive coragem de olhar bem para o Abel! Entrei de rompante passando por ele e disse:
-Vim de repente para treinar o Tornado Centrifugador contigo! E ainda bem que já estás vestido assim… - uma vez que já estava vestido com a peruca loira e com um mini-vestido provocante…
Aquilo de que não me apercebi é que, na realidade, não era o Abel! E, se não era o Abel, podem bem imaginar quem era!
O problema, mesmo, é que, francamente, até tinha medo de levantar os olhos e encarar o Abel, porque se o fizesse quase de certeza que desistia desta ideia que, apesar da minha ansiedade e insegurança, parecia cada vez mais parva a cada segundo que passava!
Já a Tisha, ficou surpreendida com a minha entrada de rompante e estava para dizer algu-ma coisa mas, depois de insistir várias vezes com o Abel para ter uma repetição do Tornado Centrifugador, tendo este sempre recusado por motivos óbvios, e tendo-se apercebido que eu a estava a confundir com o Abel e que conhecia a técnica, sorriu para ela própria.
“Ele pensa que eu sou o Abel! E vem para treinar o Tornado!” Pensou! “Eu não devia… Mas…”
-Não estava à tua espera, mas não há problema, meu querido! – Disse ela, tentando engrossar um pouco a voz para ficar o mais parecida possível com a do Abel – Mas olha, hoje vamos experimentar uma coisa diferente que vai dar melhores resultados… - e, com um lenço opaco, vendou-me rapidamente!
-Achas isto necessário?
-Mas claro. A privação de um sentido deixa todos os outros mais alerta… - “e reduz a possibilidade de perceberes que não sou o Abel!” - …e isso vai-te fazer sentir tudo com mais intensidade…
-Sim, têm alguma lógica!
-A venda não está muito apertada?
-Não, está bem assim!
Entretanto ela começou-me a despir!
-Abel, que é que estás a fazer?
-Bem assim vais ficar mais à vontade, não achas?
-Mas, pá, não fico confortável nu ao pé de ti!
-Não te preocupes que eu não vou tentar fazer nada! É só por uma questão de ficares completamente à vontade…
E eu lá deixei! Depois de ela me tirar as calças, deixando-me como eu vim ao mundo, pôs-se a olhar bem para mim.
“Não está mal…” - pensou - “Belo rabinho! E se o rapaz não desse para o outro lado havia aqui muito potencial de talento…”
-Anda cá… - E guiou-me até ao centro da sala onde me sentou num pequeno puf em fren-te ao sofá. Tirou rapidamente as cuecas, recostou-se no sofá à minha frente de pernas bem abertas e perguntou:
-Estás pronto?
Duvidei!
-Pá, se queres que te diga, nem sei…
-Mas queres praticar ou não?
Pensei no encontro daí a dois dias…
-Sim, bora lá!
Ela agarrou-me na cabeça e colou os meus lábios directamente aos seus outros lábios.
-Pá, isto sim, é um beijo molhado! E olha lá, estiveste a comer salgadinhos?
-Porquê?
-Tens um sabor salgado…
“Ele julga que me está a dar um beijo na boca!”
-Sim, sim, estive a comer uns amendoins salgados…
-Bem que me parecia… Mas estava a ir bem?
-Paraste logo, portanto ainda não deu para ver bem!
-Pá e a tua língua?
-Eu quero e ver como mexes a tua! Dá-me lá um beijo como deve de ser…
E eu dei, aplicando todos os conhecimentos que o Abel me tinha passado!
“Ai! Ai, ai ai! Ai meu Deus que eu não posso fazer barulho senão ele descobre… AAAIIIII! Fosga-se parece que têm duas línguas… “
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
-Pera lá… - Parei eu de repente - …como é que tu gritaste se eu te estava a beijar? – E tirei a venda, olhei para a minha frente e vi a mais que familiar vulva da:
-Tisha Montes!!!!! – E olhei mais para cima e tive a certeza absoluta que não era o Abel e a última coisa que disse antes de cair para o lado foi:
-Dás-me um autógrafo?

***

“Ó meu Deu, e agora o que é que eu faço?” – Pensou a Tisha. A primeira reacção foi ligar ao Abel, mas conteve-se! E se o Abel se chateasse com ela a sério?
Agarrou no meu telemóvel e começou a passar pela lista de contactos. Para além do número do trabalho havia apenas mais quatro números registados, o do Abel, o do Francisco, de quem o Abel já lhe falara, o de uma tal de Lita e, o último, de uma Cris.
Uma vez que ligar para o Abel estava fora de questão, não lhe pareceu boa ideia ligar para o Francisco, pelo que só sobrava a Lita e a Cris.
“Mas quem é que só tem quatro números registados no telemóvel?” Perguntou-se. Estava na dúvida a quem ligar. Lita ou Cris?
Resolveu-se pelo nome da Cris. Abriu o contacto e, para sua surpresa, o número pareceu-lhe familiar.
Ligou!
-Tou, Freddy, onde é que tu andas?
-Não é o Freddy… Cris, és tu?
-Bem, aparentemente sou. Com quem é que estou a falar?
-Com a Tisha!
Ficou um silêncio do outro lado!
-Lembras-te de mim?
-Tisha Montes?
-Sim…
Do outro lado a Cris pensava “Porra! O mundo já era pequeno, mas parece que está a encolher…”
-Mas como é que me estás a ligar do telemóvel do Freddy?
-Bem, é que ele está aqui comigo mas desmaiou em cima da minha c… no meu sofá! Tou-te a ligar para ver se podes vir cá ajudar-me e ajudá-lo…
-Já tou a caminho…

***

Conforme a Tisha abriu a porta, olharam uma para a outra, duas velhas amigas que já não se viam há anos e abraçaram-se de imediato.
-É tão bom rever-te, Cris…
-E a ti, em carne e osso…
-Desculpa ter perdido o contacto contigo, mas sabes como é… sentia alguma vergonha de voltar a falar com o pessoal da altura da escola…
-Eu percebo! – Disse a Cris com um sorriso sincero. – A maior parte do pessoal era capaz de ser um bocado estúpido… Mas sabes bem que não sou propriamente uma freira! Ainda que te quisesse criticar também tenho demasiados telhados de vidro…
-Ya! De qualquer maneira, eu tou a partilhar esta casa com o Abel…
-Tu é que és a tal estrela de quem ele não nos quis falar?
-Ya!
-Que fixe! Mas o filme que vocês vão fazer…
-Ah! Não, não é desses. Tou a querer sair desse género de coisas…
-Compreendo! Bem mas o partilhares esta casa com o Abel sempre explica qualquer coisa do que se passa. Mas, atão, onde é que está o Freddy?
E lá chegaram ao pé de mim, ainda desmaiado!
-Deixa-me adivinhar: Abriste a porta vestida com uma camisa de noite sexy…
-Não!
-Não?
-Não, ele entrou todo alterado e julgou que eu era o Abel… Vinha praticar o “Tornado Centrifugador”
-O quê?
-O “Tornado Centrifugador”!
-Mas que raio é isso?
-Sabes, a técnica oral! Eu fingi que era o Abel e ele acabou por ma fazer e… Caneco… Nem te consigo falar do orgasmo que tive!  - a Cris ficou a olhar para ela com cara de tacho - Perce-bo perfeitamente porque é que estás a morar com ele…
-Pá, pera! O tornado quê?
-É uma técnica de cunilingus que o Abel lhe está a ensinar!
-Pá, se há coisas que não fazem mesmo sentido nenhum, essa é uma delas! O Abel a ensi-nar uma técnica de cunilingus?
-Bem, para te ser franca acho que é uma técnica de beijo, mas digo-te uma coisa, lá em baixo faz ma-ra-vi-lhas!
-Pá, o Freddy que eu conheço dificilmente chegava lá abaixo…
-Bem, ele estava vendado e só se apercebeu quando eu não me consegui conter e gritei quando me vim…
-Pobre pateta! Se calhar estava a fantasiar que estava a curtir contigo… Pérai, disseste que te vieste?
-Miga, O-MELHOR-ORGASMO-QUE-ALGUMA-VEZ-TIVE!
A Cris arregalou os olhos, agarrou-me pelos colarinhos – mesmo desmaiado – e desatou a gritar comigo:
-Freddy, seu anormal, andas-me a esconder as tuas habilidades especiais?
A Tisha olhou para a Cris, chegou-se ao pé dela com um sorriso e perguntou:
-Queres que lhe ponha uma venda?
-Não é isso, páh! É que este tipo é um virgem sem remédio e eu tenho andado a tentar ajudá-lo…
-Bem, parece que estás a fazer um bom trabalho, então…
-Montaste-te nele?
-Bem, se te referes a fornicar, no sentido bíblico, não…
-Pois, era bom demais… E tencionas fornicá-lo?
Entretanto eu comecei a despertar. Olho para a minha frente e lá está a Cris.
-Ah! Olá Cris! Tive um sonho tão estranho… Sonhei com a Tisha Montes e uma rata gigan-te…
-Oh! Não é assim tão grande… - disse a Tisha!
Fiquei mudo!
-Pois é, puto! O teu dia não foi mesmo aquilo que estavas à espera, pois não?
Continuei mudo!
-Desculpa ter-te enganado… - disse a Tisha.
-Não, não tens de pedir desculpa, de todo, antes pelo contrário, tá tudo bem…
-…e, para me redimir, quero convidar-te para um ménage-à-trois!
E de repente a minha cabeça encheu-se de imagens de um ménage com ela e com a Marta Vergas, a minha segunda actriz pornográfica preferida.
-Como é evidente seria comigo… - e eu até já estava a salivar – e com o Abel! – E puf! Foi-se!
-E se for com outra rapariga? Hã? – Tentei eu mudar a situação – Que tal a Cris? Tu gostas da Cris não gostas?
-É assim, o Abel é o meu melhor amigo! E ele tem um fraquinho por ti… Uma lambidelas entre amigos não são grande coisa, mas o prato completo… Eu não consigo trai-lo dessa maneira!
-Então e só nós os dois?
-Não dá, pelo mesmo motivo! E para deixar tudo bem claro, para acontecer um ménage, primeiro terias de tratar dele…
-Tratar dele?
-Ya! Tu és bissexual, certo? Fartas-te de curtir com ele…
-Hã, bem…
-Ó Tisha,… - interrompeu a Cris, chamando-a à parte e segredando-lhe ao ouvido - …lembras-te de eu te ter falado em “virgem sem remédio”?
-Ya! – Segredou a Tisha em resposta – Mas é virgem bissexual sem remédio certo?
A Cris olhou para ela, encolheu os ombros e virou-se para mim:
-Puto, vamos embora antes que frites algum fusível! – E agarrou-me pelo braço, arrastan-do-me para a porta!
-Mas… eu…
-Oh Freddy,… - chamou a Tisha com uma voz doce. Eu virei-me e ela diz-me – …só para teres uma ideia do que tens a ganhar… - e levanta a camisola, mostrando as suas magnificas mamas que… apenas ficavam em segundo lugar porque existia uma Lita! Mas era, sem dúvida, um segundo lugar com honra e eu fiquei colado…
-Puto, não me desmaies agora! Nem penses nisso! Vamos embora! - disse a Cris arrastando-me em definitivo dali para fora.
Ainda hoje, quando me lembro desta história, não deixo de a encarar com alguma estranheza…

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXII

XXII – Estavas a mascar pastilha elástica?

A Lita saiu irritadíssima de casa! Como é que era possível a Cris estar a beijar assim o Abel, daquela maneira, com aqueles lábios deliciosos e aquela língua macia…
Lá bem dentro de si uma voz dizia-lhe que não tinha razão nenhuma para estar assim, mas o que é certo é que ela não o conseguia evitar!
Depois de andar um bocado, ao chegar a um jardim, sentou-se e pensou um pouco! Preci-sava de desabafar e, claro, apetecia-lhe desabafar com a Cris, mas ela era a fonte dos seus problemas… E desabafar com o Abel também não dava por motivos óbvios… e comigo estava fora de questão, uma vez que não tinha conhecimentos de causa de coisa nenhuma…
Pegou no telemóvel e ligou à Sara. Assim que ela atendeu perguntou-lhe de imediato:
-Sara, diz-me uuma coisa, somos aamigas não somos?
-Sim, claro que somos, mas porquê?
-Toou a prrecisaar muito de desabafaar. Poodes encontrar-te comigo?
-Mas claro que sim. Onde é que estás?
Lá lhe deu as indicações e desligaram.
Ora a Sara, logo que desligaram, volta-se para o Chico, que por acaso estava todo nu em cima dela e diz:
-Desculpa, mas tenho de ir…
-Pá assim, sem mais nem menos?
-Yá, tenho uma amiga que ligou e precisa mesmo de mim…
-Atão e vais-me deixar assim, com os ovos a doer?
-Não é como se estivesses firme e hirto como uma barra de ferro, não é?
-Pois… Sabes, depois do nosso primeiro dia este sexo normal sabe-me a pouco…
Ela congelou! Afinal tinha bebido mais do que devia e não se lembrava minimamente do primeiro dia!
-Pois… mas… sinceramente não me lembro…
Ele sorriu, chegou bem perto do ouvido dela e foi cochichando… Falando-lhe em coisas como strap-on’s, raquetas de ténis, molho picante, chantilly…
Ela deu-lhe um estaladão na cara, agarrou nas roupas e saiu do quarto furiosa, vestiu-se num ápice e saiu!
Já ele, depois do estaladão começou a olhar para baixo!
“Caneco pá, agora é que ficou firme e hirto como uma barra de titânio! Lá vêm a dor nas bolas…”

***

A Sara encontrou a Lita no banco de jardim com uma cara triste como ela nunca tinha visto! De imediato foi arrastada por ela para o primeiro bar que viram aberto, sentaram-se, estranharam o ambiente, sobretudo porque todos os clientes eram masculinos e estava à média luz:
-Bem, isto deve ser um bar gay, ou assim…
-Aachas?
-Então, um ambiente romântico à média luz, só gajos…
-Beem, desde que nãão nos expuulsem…
Sentaram-se e pediram bebidas, duas vodkas!
Conforme lhas serviram a Sara perguntou:
-Então mas o que é que se passa?
-Oh, páh, cheeguei a casa e deei com o Abel e a Cris enroolados, aos beeijos, no chãão e paassei-me…
-Tu tás com problemas de gajos? Tu?
-Mas, não estás a perceber… Eele é gay…
-Ah! Atão se ele é gay isso explica tu… Não, pensando melhor ainda me deixa mais confusa!
-Podia ser pior,… - ouviram as duas uma voz pouco acima delas - …podiam estar a fazer uma table dance para duas gajas que não vos ligam patavina!
Elas olharam para o lado e uma sensual dançarina nua dançava de forma insinuante mesmo ao lado delas! A Sara chegou-se á frente e disse à Lita:
-Não é por nada, mas acho que isto afinal não é um bar gay… Acho que devíamos ir embo-ra.
-Maas é má educação, pelo menos, não daar uma gorjeta pela dança, nãão achas?
-Pois… então vamos tentar descobrir quanto é uma gorjeta normal e…
E chega uma empregada com uma bandeja completamente cheia de shots e pousa na mesa.
-Com os cumprimentos de todos os gajos que estão no bar! – Disse a empregada.
-…e ficamos aqui o tempo que for necessário! – Continuou a Sara com os olhos esbugalha-dos e um sorriso de felicidade!
Depois de limparem a travessa uma surpreendida e já de cabeça leve Sara diz à Lita:
-Estou impressionada! Não fazia ideia de que conseguias beber tanto!
-Eu também. Não costumo bebeer, muuito menos na coompanhia de uma rapariga giraa coomo tu…
-Tás-te a fazer a mim?
-Nãão, não era isso que eu queeria dizer. Nunca saaio coom raparigas. Aas raparigas nãão gostam de mim! Nuunca tiive uuma amiiga… Até teer a Criis – e desatou a chorar, comovendo a Sara e todos os homens que estavam presentes o que levou a dançarina exótica, novamente a proclamar em voz bem alta:
-Malta, mulher nua de cabeça para baixo no varão no centro do palco…
-Mas eu sou tua amiga, Lita. Tu ligaste e eu deixei o meu bonzão com os ovos a doer e vim a correr ter contigo…
E pronto, a dançarina perdeu toda a audiência que ainda tinha. Ficou chateada e desceu do palco! Foi até junto das duas!
-A sério? És minha amiiga. Posso chamar-te minha amiga?
-Mas claro!
-Oobrigaada! Fizeste-me tão feeliz!
-Oh Lita… - disse Sara enternecida!
-Nuunca mee seenti tãoo prroxima de uma muu… - e foi rudemente interrompida pela dançarina que, farta de não ter atenção agarra o cabelo de Lita, dá-lhe um beijo completamente melado perante uma Sara estupefacta, larga a Lita, agarra o cabelo da Sara e faz-lhe o mesmo, solta-a, vira-se para os homens presentes fazendo uma vénia e de repente notas começam a chover de uma audiência cativa que não se cansa de aplaudir enquanto a Lita e a Sara se olham, estupefactas.
Foi a Sara, ainda em choque, a primeira a falar!
-Lita…
-Siim?
-Estavas a mascar pastilha elástica?
-Siim…
A Sara leva a mão à boca, tira a pastilha e entrega-a a Lita.
-Toma!
-Oobrigaada!
-Já me viste a lata de nos usar desta maneira para conseguir gorjetas?
-Iindecente!
-E agora o que é que fazemos?
-Vaamos embora?
-Não! Bebemos mais uns seis shots cada uma para ganhar coragem e ela vai ver…
E beberam mais seis shots cada uma! Se a coisa já não estava famosa depois daquela pri-meira rodada, a segunda matou-as! E foi precisamente nesta altura que resolveram tomar conta do palco para fazer uma dança erótica a duas e que teve resultados bem trágicos que acabaram com as ambas no chão, cada uma em sua possa de regurgitações alcoólicas!
“Pff! Amadoras!” pensava a dançarina exótica…

***

Cris atende o telemóvel.
-Sim, Lita?
-Desculpa, não é a Lita. Ela pediu-me para lhe ligar…
-Oh meu Deus… Aconteceu alguma coisa à Lita?
-Não,… Quer dizer, nada de grave. Estou-lhe a falar do um bar chamado Exotic, não sei se conhece…
-Vagamente… - respondeu a Cris nervosamente! Que raio estaria a Lita a fazer num bar de Strip?
-Pois, a sua amiga e uma outra rapariga apanharam uma bebedeira e a Lita pediu-me para lhe ligar para a vir buscar… Se sabe onde é…?
-Sei, sei! Perfeitamente…
-Desculpe, eu sei que isto lhe vai parecer estranho, mas a sua voz parece-me familiar… A senhora por acaso não é morena e com uma madeixa loira…
-Bem,… sou!
-Ah! Então é essa Cris!
-Conhece-me?
-Mas claro, todas nós a conhecemos e olhe que até chegamos a tirar à sorte quem é que dança à quarta-feira à tarde… Você costuma dar gorjetas tão boas…
-Ora, vocês são óptimas…
-Dancarinas?
-E não só…
-É sempre tão gentil… Como o mundo é pequeno, não é?
“Demasiado”
-Pois é…
-Então cá a esperamos. Nós tomamos bem conta das suas amigas!
-Daqui a vinte minutos estou aí!

***

As dançarinas trataram-nas realmente bem! Até lhes deram banho e arranjaram algumas roupas para elas usarem, uma vez que as delas estavam cobertas das suas regurgitações alcoólicas. Infelizmente só tinham trajes de palco…
…e todos eles ficavam reduzidíssimos na Lita…
…mas foi assim que saíram de lá, já bem tarde!
Deixaram a Sara em casa do Chico, uma vez que ela queria surpreende-lo e seguiram para casa!
-Porque é que fizeste isto, Lita? Nunca pensei que fizesses nada assim…
-Pooso ser sincera?
-Claro!
-Poorque te vi a beijar daquela maneira o Abeel na saala, e senti-me tão maal!
-Oh, Lita, não fiques assim! Caramba, tu até sabes que o Abel é gay e não quer nada com mulheres! Aquilo foi só um passatempo para os dois… Não tem nada a ver com a amizade que nós temos!
-Soomos mesmo aamigas, nãão é? – perguntou a Lita convida.
-Melhores amigas para sempre!
E a alegria voltou ao coração de Lita!

***

Sara abriu os olhos a muito custo! Onde estava? A última coisa de que se lembrava era…
…Oh! Céus!
-Bom dia, amorzinho!
Conseguiu reconhecer-lhe a voz antes de a vista se habituar à claridade e de o conseguir ver. Era o Chico!
-Bom dia!
-Quero agradecer-te pela melhor noite de sexo da minha vida! As coisas que me fizeste fazer… Ainda me arrepio só de pensar…
-O quê? – Não se lembrava sequer de ter ali chegado! Ó miséria!
A campainha do forno fez-se ouvir na cozinha!
-Os queques estão prontos, amorzinho! Levanta-te e anda comer.
E, cheio de carinho, com toda a felicidade que o seu sorriso expressava, o Chico, que estava de cócoras ao lado da cama, deu-lhe mais um carinhoso beijo, levantou-se e dirigiu-se à cozinha, para ir tirar os queques do forno, com uma raquete de badminton enfiada no rabo…

segunda-feira, 27 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXI

XXI – Isso é, definitivamente, má educação!

Naquele sai a Cris voltou ao restaurante. Não era habitual ir lá, aliás, nunca lá tinha ido antes daquela primeira vez comigo, e não tinha lá voltado depois!
A Sofia aparece para a atender e disse as palavras monocordicamente, sem qualquer ale-gria e sem sequer olhar para ela:
-Olá, sou a Sofia. Vai desejar almoçar?
-Olá Sofia!
Só então ela reparou a na Cris!
-Ah! Olá! – Respondeu com um ar triste – Vais querer almoçar?
-Está tudo bem contigo?
A Sofia não aguentou e começou a chorar, sentando-se à frente da Cris.
-Não! Tá tudo mal e a culpa é toda tua?
-Minha?
-Sim! Desde aquele dia que o Asdrúbal…
-Quem é o Asdrúbal?
-O meu namorado, lembras-te?
-Ah, esse…
-Ele ficou viciado em ménages e leva gajas para casa todos os dias… Não é que eu me importe, mas o problema é que fica tão cansado com elas que quando chega à minha vez já não dá conta do recado…
-Bem, isso é, definitivamente, má educação!
-E depois ainda tenho de ajudar a arrumar as gajas que ele leva… Tenho lambido tanta gaja…
A colega dela, que ia a passar, deixou cair a bandeja e ficou a olhar para ela de olhos arregalados.
-Não, não sou lésbica… É num ménage, não conta…
A colega  a Cris responderam as duas em sintonia:
-Hã hã…
-Ando cansada…
-Tens é que deixar esse gajo! Pelos vistos, se não faz de tratar de ti a prioridade, é porque só te está a usar para sexo!
-Achas?
-Acho!
-Pois, se calhar…
E, de repente uma ideia luminosa impôs-se a todos os seus outros pensamentos.
-Olha, eu conheço o gajo ideal para ti! É educado, algo tímido, atencioso…
-A sério? E quem é?
-Chama-se Freddy e mora comigo.
-Mas é teu namorado?
-Não, claro que não! Eu, ele e uma outra rapariga dividimos um apartamento!
-E a outra rapariga, não tem nada com ele?
-Não ele é… - virgem e um marrão, pensou a Cris, mas conteve-se a tempo - …muito inde-pendente!
-Ah! E porque é que achas que ele estaria interessado em mim?
-Porque tu és um doce.
-A sério? Achas mesmo?
-Acho!
A Sofia ficou parada com um sorriso parvo, meio corada, a olhar para a Cris. Depois, de repente saiu-lhe um:
-Queres curtir?

***

O telefone tocou. Era a Cris. Atendi.
-Diz Cris…
-Pá, lembras-te de eu te dizer que ti ia ajudar a resolver o teu problema?
-Yá! Não que até agora tenhas feito grande coisa…
-Que injusto, páh! Tudo requer preparação! E só para te provar que estás a ser injusto tens um jantar com uma morena apetitosíssima no Sábado!
Faltou-me o ar! Acho que comecei a hiperventilar!
-Freddy, tás aí? Ouviste o que eu disse?
-S…S…Sim!
-Vês? Quem é que é amiguinha, quem é…

***

-Tou Abel, preciso de ajuda!
-Então?
-A Cris arranjou-me um encontro no Sábado. Pá, não me sinto pronto!
-Bem, já conheces minimamente a técnica…
-Sim, mas, e se não a conseguir aplicar? E se me esquecer de alguma coisa? Cada vez que me lembro do que aconteceu depois de eu beijar a Lita… Não quero que mais nenhuma mulher queira virar lésbica por minha causa!
-Bem, o que causou isto tudo foi a Lita ter beijado a Cris e depois ter-te beijado a ti, certo?
-Certo!
-Bem, então para saber até que ponto evoluíste, tenho de curtir com a Cris…
-Mas, tu não és completamente gay?
-Oh meu querido eu por ti faço tudo… Mesmo tudo…
-A sério? Fazes isso por mim?
-Yá!
-Mas achas que ela não vai desconfiar?
-Pá eu tenho um plano tão engenhoso, tão fora, que vai funcionar às mil maravilhas!

***

Ao fim da tarde, estava a Cris a praticar guitarra no sofá quando o Abel entrou. Sentou-se ao lado dela, viu-a tocar por um bocadinho e, quando ela parou:
-Olá piquena!
-Olá Abel!
-Queres curtir?
A Cris olhou para ele seriamente, largou a guitarra, estalou os dedos, endireitou as costas, estalou os osso do pescoço e…
…pimba! Quando o Abel deu por isso estavam a rebolar pelo chão aos beijos!
E foi precisamente nesse momento que eu e a Lita entrámos, tendo chegado os dois ao prédio quase ao mesmo tempo, e demos com aquilo.
A Lita corou, perdeu aquele sorriso que costumava ter sempre, virou as costas e saiu zan-gada, o que me deixou intrigado!
Já eles, reparando ao fim de um bocado que eu estava ali, pararam e levantaram-se do chão.
-Olá Freddy! – Disseram os dois em coro, com o ar de um gato apanhado com o focinho dentro do frasco das bolachas!
-Olá. Divertidos, pelos vistos…
A Cris corou ligeiramente!
-Yá… bem, é melhor eu ir mudar a água às azeitonas…
E foi!
-Olha lá,… - perguntei eu num sussurro - …não disseste que o “tornado centrifugador” era tiro e queda?
-E é, mas não o usei com ela! Só queria saber como é que ela beijava, não há necessidade de a pôr a subir paredes…
-Pois, claro! E então…
-Então acho que não estarás mal, rapaz…
Isto pôs-me um sorriso largo nos lábios.
-Mas, se te sentires inseguro e precisares de mais alguma explicação, eu fico mais do que feliz por te ajudar.
-És mesmo um excelente amigo!
-Já te disse Freddy, eu por ti faço tudo! Tudo mesmo!
Achei melhor deixar aquela conversa por ali…

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XX

XX – Sexo impessoal?

Na segunda-feira o Abel apareceu, ao fim do dia, contou-nos as novidades, sem revelar quem era a estrela que ia contracenar com ele, por mais que insistíssemos, e anunciou que se iria sair dali na quarta-feira, dia em que o apartamento estaria disponível.
Precisamente na quarta-feira, dia em que foi buscar os seus parcos pertences, uma vez que ainda tinha tudo na casa que ele e o Francisco tinham alugado, trouxe um pequeno presente de despedida a cada um, um pequeno agrado como ele lhes chamou.
O meu era, curiosamente, uma foto autografada da Tisha Montes, em que ela, vestida com uma lingerie sensual, estava muito mais tapada que no poster que eu já tinha…
-Mas não achas que, para um poster da Tisha Montes, há aqui roupa a mais? – perguntei eu.
-Meu querido, sei de fonte segura que ela está a tentar mudar a orientação da sua carreira, por isso o poster que tens tornou-se um bocado desrespeitoso! Se és mesmo fã, vais tirar o outro e pôr este na porta! Além disso, este está assinado e tudo…
Tinha lógica, e eu agradeci, tirei o poster antigo e o novo, uma foto que eu nunca tinha vis-to antes, passou ocupar o seu lugar. Aquilo que ele não me disse foi que a foto foi tirada a pedido dele, por isso, além de autografada era exclusiva!
A semana, por comparação com a anterior, foi completamente parada. Chegado a Sexta-feira, tive dispensa do trabalho na parte da tarde e telefonei à Cris para saber se quereria almoçar comigo.
-Sim! – respondeu ela desesperada, acrescentando baixinho a seguir – Salva-me, por favor…
Quando entrei na BD’or’Us percebi de imediato o desespero dela. Um numero inédito de marrões estava dentro da loja, que parecia mais uma convenção do que uma loja, enquanto ela os ia atendendo ao som de pop Japonesa vestida de Cat Woman na versão Halle Berry. A única diferença era que, em vez de uma mascara a cobrir-lhe os olhos tinha uma bandelete com umas fofíssimas orelhas de gato.
O fato assentava-lhe bem! Muito bem! Aliás, tão bem que o chão da loja parecia um lago de baba dos marrões…
…e eu estava prestes a juntar a minha baba à deles!
Assim que ela me viu entrar, viu a sua hipótese de salvação.
-Rui, vou almoçar. – Anunciou e, sem esperar resposta agarrou-me pela mão e arrastou-me para fora da loja, o que provocou a indignação dos marrões, tendo o Rui de os acalmar!
Chegados cá fora ela explodiu em choro!
-Não aguento mais isto! O Rui odeia-me, só pode…
-…por causa dos fatos?
-Não, por causa da pop japonesa! Quem é que consegue ouvir aquela porcaria durante oito horas seguidas?
-Bem eu…
-Cala-te! Tu tens de ser educado musicalmente, porque aquilo que tu gostas é um verdadeiro espanta gajas! Não é cool!
-Achas?
-Gostas de pop japonesa?
-Bem, sim…
-Aí tens a tua resposta! Não é cool!
-Mas olha, eu sei uma coisa que gosto e é cool…
-O quê?
-O teu fatinho…
Ela sorriu e fez um olhar maroto!
-Gostas é?
-Ya! E pelos vistos não sou só eu…
Escusado será dizer que, enquanto seguíamos pela rua fora foram-se dando incidentes uns atrás dos outros e, quando atravessamos uma rua até houve um pequeno acidente entre dois automóveis.
Chegamos ao restaurante, sentámo-nos e, de imediato apareceu a empregada de mesa:
-Olá eu sou a Sofia. Vão almoçar?
-Sim. – respondi eu – O que é que há a sair rapidamente?
-Bem, temos a omeleta à chefe, hamburguer de carne biológica no prato…
-Desculpe a pergunta,… - interrompeu a Cris - …mas há carne sem ser biológica?
-Pois,… - respondeu a empregada com um sorriso meio amarelo - …sabe o que eu quis dizer…
-Não lhe ligue que ela está mal disposta! – disse eu – eu vou querer o hambúrguer e para beber quero um sumo de laranja.
-Natural?
-Fresco.
-Não é isso! Quer de sumo de laranja natural?
-Há laranjas artificiais?
Ela ficou parada a pensar no que diria a seguir!
-Bem,… - acabou por perguntar - …quer de garrafa ou exprimido na hora?
-Bem eu disse que o queria fresco, acabadinho de expremer…
-Então quer um sumo de laranja natural…
-…sim, mas fresco!
Ela parou como se tivesse tido uma caimbra no cérebro!
-Ok, eu esclareço quero um sumo de laranja feito a partir de laranja expremida na hora e à temperatura ambiente!
-Ah! – exclamou ela, apontando finalmente “sumo de laranja natural” no seu pequeno bloco!
-E a menina?
-Tem sopa?
-Sim, de alho Francês…
-Então pode ser.
-Desculpe a minha curosidade, mas está vestida de Catwoman, não é?
-Sim…
-Fica-lhe tão bem esse fato… Quem me dera um dia ter coragem para usar algo assim na rua…
-Obrigada! – Respondeu a Cris com uma cara com quem diz “se quiseres eu dou-te este fato”
A empregada lá se afastou com o pedido, mas continuava a não tirar os olhos da Cris!
-A gaja não deixa de olhar para mim…
-O que é que queres? Podias ter mudado de roupa antes de saires da loja…
-Ya, mas já não aguentava mais a música!
Entretanto a empregada trouxe os seus pratos e afastou-se novamente.
-Mas diz-me lá, tu achas-me sexy, não achas?
-Por acaso…
-Não te importavas de me passar a mão pelo pêlo pois não? – perguntou com um ar dengoso!
-Até passava…
-Mas isso não vai acontecer! Era mau! Somos colegas de casa, e lá porque eu ando a ressa-car de sexo isso não quer dizer nada, percebes?
-Hã, sim…
-Para uma coisa dessas acontecer tinha de ser quase impessoal…
-Sexo impessoal?
-Sabes o que quero dizer, tinha de ser casual, descontraído, sem sentimentos, só dois amigos a divertirem-se…
-Pois, acho que percebo o que…
-Mas tu não estás preparado para isso! Pelo menos ainda!
-Ah!
E voltou à sua voz dengosa.
-Mas abro-te os “apetites” não é?
-Abres pois…
Ela olha para mim com o olhar semi-serrado e diz:
-Miau!
-Eu ri-me. A verdade é que aquilo era excitante!
-Prrrrrr!
-Tás-me a provocar?
-Quem? Eu? – perguntou ela com uma extrema incocência fingida, baixando-se a seguir, para fingir ser uma gata a comer, estica alingua para fora para dar uma lambidela na sopa e – OOOOODAAAA-SE que iste tá a favê!!!! AAAAAAAAIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII!
A empregada apareceu de imediato.
-Passou-se alguma coisa?
-‘eumei-me na ‘orra da so’a!
-Oh, meu Deus, peço imensa desculpa! Venha comigo que vou ver se tenho algo lá para trás que a possa ajudar…
E lá foi a Cris acompanhando a empregada. Esperei algum tempo, mas como não havia meio de ela voltar, comecei a comer.
Entretanto, numa sala nas traseiras, contígua à cozinha, a empregada desfazia-se em des-culpas. Deu um copo de água gelada à Cris, mas continuando ela a queixar-se da língua queimada, ficou sem saber o que fazer.
-Olha, uma coisa que ajuda a curar queimaduras é saliva…
-Saliva? Mas como é que…
A Cris arqueou um sobrancelha e fezum sorriso malandro…
Uns dez minutos depois uma outra empregada entra na pequena sala e dá com  a Cris e a Sofia abraçadas envolvidas num beijo mais que quente, fica completamente estupefacta ao ver aquilo, tanto que deixa cair a bandeja que tem na mão, o que faz com que as duas se larguem.
 -Já me sinto muito melhor, obrigada! – disse a Cris – É melhor voltar para a minha mesa! E deixou-as ali, voltando para o pé de mim, fresca e descontraída.
-Então, estás bem? – perguntei-lhe quando ela chegou.
-Sim, a empregada foi um amor! Fez tudo para me pôr melhor…
Entretanto a Sofia olhava para a colega e dizia-lhe:
-Calma, não é o que estás a pensar. Eu não sou lésbica.
A outra limitou-se a olhar para ela!
-Não sou,  a sério! É assim, servi a sopa muito quente, a cliente queimou a língua, vim cá atrás para ver se encontrava alguma coisa que a pudesse aliviar, ela sugeriu-me que a saliva alivia queimaduras…
-Mas a saliva não alivia queimaduras!
-Não?
-Não!
-Queres ver que ela me enganou? Se me enganou nisso, se calhar o convite que me fez para sairmos logo `noite também é um embuste! Mas ela logo vai ouvir-me…

***

Nessa noite a Sofia voltou-se decidida para a Cris e disse-lhe:
-Olha, só para que não haja confusões, eu não sou lésbica!
-Hã, hã! – respondeu a Cris.
-A sério, não sou mesmo!
-Eu acredito! – respondeu a Cris com sinceridade enquanto lhe empurrava a cabeça de forma a colar-lhe novamente os lábios e a língua à vulva – Mas agora cala-te e lambe!
A Sofia lambeu mais um bocadinho mas, achando que ainda não tinha deixado as coisas bem claras, parou e disse:
-A sério que não sou! Até tenho um namorado…
-Tens?!

***

Meia hora depois estavam as duas na cama da Sofia com o namorado da Sofia que estava surpreso mas grato aos céus pelo que inesperadamente acabara de receber…

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XIX

XIX – És novo nisto, não és?

No dia seguinte, o Abel, como era suposto, estava à porta de uma suíte do hotel onde iria conhecer a estrela do filme e jantar com ela e com o produtor.
Bateu à porta e esta foi aberta de imediato por uma assistente que o fez entrar e o encaminhou para a sala principal da suíte. Quando entrou, ficou sem palavras ao ver que quem se dirigia a si para o cumprimentar era a:
-Tisha Montes! – exclamou surpreendido. Depois recompôs-se e apresentou-se - Olá, boa tarde. Eu sou o Abel.
-Olá! Já vi que sabes quem eu sou! – Disse ela com um sorriso algo desiludido.
-Mas não há como não saber! Sou seu fã…
-Trata-me por tu, por favor. Pois, a maior parte dos homens aprecia os meus filmes…
-Não, não é isso! Podes provavelmente já ter percebido que eu sou gay… Não é por isso que aprecio os filmes, é mesmo porque acho que és uma excelente actriz e podias fazer tanto mais…
-Juras!
-Mas claro. Ficou-me na memória aquela cena quando a mulher descobre as fotos que o marido tem da vizinha em “Mamalhudas e Ninfomaníacas”, e isto é só uma, assim de repente… Sempre achei que te andavas a perder naquele estilo de filmes…
-Pois… Para te ser sincera, foi muito divertido durante algum tempo, mas fartei-me e já há algum tempo que quero fazer algo diferente. E agora surgiu a oportunidade…
-Olha, para mim é uma honra contracenar contigo!
Ela olhou longamente para ele, deixando o Abel até um pouco desconfortável, por não conseguir perceber o porquê.
-O Raul bem me disse, mas eu não tinha acreditado. Mas agora estás aqui e é verdade…
-O quê?
-Assim maquilhado pareces-te mesmo comigo!
-Ora, estás a ser gentil…
-Não, é mesmo verdade! Chega aqui comigo… - e foram até a um espelho enorme, num armário no canto da sala – Vês que tenho razão?
-Por acaso um enorme fã teu deu logo por isso, mas eu pensei que não fosse tanto. Tenho de dar o braço a torcer…
Entretanto entra o Raul.
-É não é? Quando vi a audição, não tive qualquer dúvida!
-Raul, querido… - disse logo a Tisha, dirigindo-se a ele - …que bom rever-te! E cumprimen-tou-o com dois beijos na face.
-Já vi que vocês já se conheceram…
-Já! Este é o Abel!
-Claro que é. – E cumprimentaram-se com um demasiado vigoroso aperto de mão para o Abel – Lamento não estar aqui quando chegaram, mas estive ao telefone com os nossos financiadores de Hong Kong que estão entusiasmadíssimos com esta ideia, sobretudo quando viram as montagens que fizemos com as vossas fotos. Mas convidei-vos para um jantar e estou a ser um péssimo anfitrião… - Fez um sinal a um assistente que tinha ficado à entrada da sala e num abrir e fechar de olhos a mesa estava posta para os três.
A comida estava divinal, a conversa fluiu junto com o vinho e o Abel estava admirado e gostava cada vez mais da personalidade da Tisha, muito diferente daquilo que ele imaginara quando vira os seus filmes.
Durante a conversa ficou a saber que o seu papel seria o de gémeo transexual da personagem que a Tisha iria desempenhar num thriller erótico e era como se estivesse a viver um sonho.
Já bastante tarde, naquela hora em que a noite se transforma em madrugada, com o álcool já a enublar-lhe os sentidos e de uma forma completamente despropositada, depois de todo o projecto lhe ter sido apresentado, e depois de um agradecimento por parte da Tisha e dele próprio, o  Raul saiu-se com um:
-Bem, se me querem mesmo agradecer, podiam satisfazer uma antiga fantasia minha…
-Mas claro… -disse o Abel de forma despudorada e algo inocente. Já a Tisha não ficou tão calma.
-E pode-se saber o que é?
E o Raul, de uma forma completamente calma e com um sorriso maroto ao canto da boca, sai-se com:
-Bem, sempre quis fazer um ménage com uma estrela porno e um gay…
-Estás a brincar? – Perguntou a Tisha.
Por acaso ao Abel a ideia até nem parecia desinteressante. O Raul não era uma estampa, mas estava longe de ser um aborto… A única coisa que o incomodava era ter algum contacto mais íntimo com a Tisha, mas também, já tinha bebido uns copos. No entanto percebia a ati-tude da Tisha. Aliás, não só percebia como se sentia solidário com ela.
-Então tu julgas que por ser uma estrela porno é só pedires! – disse ela visivelmente isrritada - Vocês são todos iguais! Eu a querer virar as costas a determinadas coisas…
-Não interpretes assim…
-Como é que queres que eu interprete? Estou a fazer este filme quase de borla e nem sei o que é que prometeste a este tipo e ainda tens a lata de me vir com propostas destas? Julgas que sou alguma puta reles?
-Bem, reles não…
-Esquece! Abel, ficas ou vens comigo?
-Vou contigo,… -respondeu o Abel.
E seguem os dois para a porta deixando o Raul estupefacto. Quando iam a sair ele gritou:
-Esperem, dou-vos o que quiserem…
-Liga-me quando puseres isso por escrito. – Respondeu a Tisha, saindo e arrastando o Abel consigo. Entraram no elevador, as portas fecharam e o Abel finalmente falou:
-Não achaste que foi um bocadinho demais? Podíamos ter só dito “Não, obrigado!”…
-Abel, és novo nisto, não és?
-Sim…
-Então e tu achas que depois de tudo o que eu já fiz me ia sentir ofendida com isto? Eu nem me importo nada, já fui com pior… Mas espera um bocadinho e vais ver o que acontece…
De facto, ainda não tinham chegado ao rés-do-chão e recebem um telefonema do Raul a implorar que voltassem para cima…
Voltaram!
-Quando entraram ele tinha já um dos ajudantes a redigir um contrato.
-O que é que vocês querem?
-Queremos uma percentagem de um por cento a cada um das receitas do filme. Queremos um apartamento num condomínio fechado com dois quartos e um acesso a um ginásio, queremos “personal trainers”…
E a Tisha foi debitando e discutindo as exigências com o Raul. Por fim uma versão final do contrato foi redigida, o Raul assinou primeiro, depois a Tisha e o Abel também e de imediato ficaram os três sozinhos.
-Bem, visto que tiramos os pormenores do caminho,… - disse de imediato o Raul - …gostava de começar por vos ver aos dois…
E era esta a parte que, francamente, não agradava ao Abel, mas já que tinha de ser…
A Tisha foi para cima de uma carpete espessa que estava no chão, em frente a uma lareira falsa, levantou o vestido e fez deslizar a sua tanguinha dobrando-se até aos tornozelos, depois deitou-se de barriga para cima, abriu as pernas e virou-se para o Abel:
-Anda! Queres provar?
Por acaso ele não fazia grande questão, mas já que tinha de ser…
Ajoelhou-se no meio das pernas dela, fechou os olhos e tentou ter um pensamento agradável… pensou no Chico, mas pensou logo a seguir na ruiva, de pois pensou em mim… Sim, em mim… e…
…entretanto a Tisha apenas pensava “É só mais uma… É fingir que gosto…” e de repente sentiu os lábios do Abel e logo a seguir o mundo tremeu à medida que sentiu algo subir por si acima e perdeu o controlo do seu corpo que tinha espasmos de prazer e mal conseguia racio-cinar e teve um orgasmo violentíssimo em menos de dez segundos e ainda estava em êxtase quando o seu corpo cedeu outra vez e perdeu a noção de tudo, gritou, urrou e o Abel apenas pensava “Olha, o Tornado Centrifugador também resulta bem aqui…!”

domingo, 26 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XVIII

XVIII – O Tornado Centrifugador

No dia seguinte acordei com uma estranha pressão numa das bochechas do meu rabo! Fui despertando e dando conta de que não estava sozinho na cama. Virei-me, semi-abri um olho e dou com o Abel a olhar para mim com um sorriso.
-O que é que tás aqui a fazer?
-Tava frio na sala… E eu estava deprimido… Precisava de companhia…
-Hum! Por acaso importaste de desencostar esse tesão do mijo de mim?
-Desculpa, não sabia que te estava a incomodar… A mim até estava a saber bem…
-E há quanto tempo é que estás acordado?
-Há algum, mas sempre gostei de te ver dormir… Já quase me tinha esquecido que dormes nu…
-Como é que sabias que eu durmo nu…
-Ora! – respondeu ele um pouco embaraçado - Fomos colegas de casa durante anos! Vamos descobrindo estas coisas… Para quieto, não te mexas!
-Porquê?
-Péra! Tens aqui uma ramela… - e tentava tirar-ma.
-Pá, podes para com isso?
-Eu tiro já…
-Deixa que eu já lavo a tromba! Xiça…
-Ai, tão susceptíveis que nós estamos. Andas a acordar muito rabugento!
Respirei fundo! Contei até dez… e depois mais outros dez!
-Olha, de qualquer maneira acho que é melhor levantarmo-nos que este cheiro a panque-cas acabadas de fazer está a dar cabo de mim…
-É melhor, é…
-Então vamos! – Ele levantou-se, vestiu uns boxers e eu fiquei à espera que ele me desse alguma privacidade e ele ficou a olhar para mim à espera.
-Vai indo! Eu já vou…
Ele riu.
Adoro essa tua timidez…
E saiu.
Eu lá me vesti, levantei-me e fui o último a chegar à cozinha. Sentei-me e quase de imediato a Lita pôs-me um prato com panquecas à frente.
Olhei para o prato da Cris e parecia uma obra de arte, decorado com doces de fruta, chocolate…
…o prato do Abel não estava ricamente decorado, mas tinha os doces!
…eu tinha panquecas!
-Desculpa Lita!
-Poorque é que me estaas a pedir desculpa?
-Porque devo ter-te feito algum mal… Sobretudo quando olho para o prato da Cris!
-Ai, não, eeu é que peço desculpa! Queria só fazer um agraado à Cris por eela beijar tão bem!
Olhei para o prato dela, olhei para o meu e pela primeira vez em muito tempo senti-me francamente pior do que aquilo que costumava sentir. Aliás, acho que estes dias estavam a começar a esticar a corda no meu estado mental. Levantei-me, fui para o meu quarto, fechei a porta e enrosquei-me na cama! A realização de que eu era um completo falhado apanhou-me finalmente!
Bateram à porta, mas eu não respondi.
-Freeddy, desculpa! Foi sem intenção… Eu não queria esquecer-me do doce nas tuas pan-quecas…
-Lita,… - respondi eu – …não tem a ver com o doce nem com as panquecas. Esquece… Não é culpa tua…
E ali fiquei, não sei por quanto tempo.
Ouvi bater novamente à porta. Era o Abel.
-Freddy, vou entrar.
E entrou.
-Que é que se passa, rapaz?
Não respondi.
-Algum de nós fez alguma coisa que te ofendesse? Sabes que somos todos teus amigos… Fui eu que entrei mas elas estão lá fora bastante tristes e sem saber o que fazer… Até a Cris…
-Não é nenhum de vocês! Sou eu! Eu!
-Mas o que se passa?
-Ainda perguntas? Vinte e nove anos, virgem e nem sequer sei beijar uma rapariga… Aliás, beijo tão mal que o primeiro beijo que recebi fez a outra parte pensar que era lésbica!
-Olha, se te serve de consolo, já somos dois que não tem sorte com as raparigas…
“Óbvio” pensei eu!
-Excepto por um menage com duas colegas o primeiro ano de faculdade, mas andava a experimentar…
Fiquei a olhar para ele! Até ele?
-Mas pronto, como foi um trio só contou como uma vez…
Ya! Era mesmo isto que eu precisava de ouvir! O meu amigo gay tem mais experiencia com mulheres do que eu!
Eu vou-te ajudar, Freddy! És o meu melhor amigo e eu, francamente, acho que te devo isso!
-Ai sim? E como?
-Olha, com uma coisa a que eu chamo “o tornado centrifugador”!
-O que é isso?
-Foi uma técnica de beijo que desenvolvi e que tem uma potencia tal que até os heterossexuais se esquecem de que o são?
-Deixa-te de tretas!
-Não são tretas… Se visses alguns dos gajos que eu já cacei à pala do tornado centrifuga-dor… No entanto há uma condição. Nunca, em caso algum, mostraras a alguém como é que isto se faz.
-Mas achas que resulta mesmo?
-Juro-te pela campa da minha avó que sim.
-Mas a tua avó não é aquela senhora de Coimbra que…
-A minha outra avó!
-Ah!
-Vai lá comer e relaxa um bocadinho na sala que eu fico aqui e vou preparar tudo.
E eu fui. Ainda nada animado, mas fui. A Cris e a Lita deram-me espaço, o que eu agradeci. Quanto ao relaxar, foi difícil. Aliás, enquanto eu esperava era cada vez mais difícil!
Por fim ele chamou-me. Quando cheguei ao quarto as persianas estavam fechadas, havia velas por todo o lado, criando uma atmosfera romântica e o Abel estava vestido como chegara ontem e, ainda mais nesta luz, parecia mesmo a:
-Tisha Montes! Para que é isto tudo?
-Ora, para criar ambiente claro. Agora senta-te que eu tenho de te explicar umas coisas.
Sentei-me e ele esteve cerca de vinte minutos a explicar-me minuciosamente a maneira como o tornado centrifugador era executado (creio que, por esta altura, esperariam que eu revelasse o segredo, não é? Mas não o farei porque este conhecimento em mãos erradas pode ter um potencial avassalador).
-Percebeste?
-Bem, acho que sim…
-Óptimo. Então agora vamos passar à parte prática
-A parte pratica?
-Sim, não há outra maneira de te ensinar senão mostrando-te na prática…
-Mas isso quer dizer que temos de nos beijar?
-Evidentemente!
-Então esquece lá isso!
-Freddy! Pensa assim, são beijos técnicos. Eu sou instrutor e tu o aluno. Não há aqui nenhuma intenção, senão ensinar-te esta técnica! Além disso, se olhares para mim podes bem imaginar a Tisha, daí o cenário e as roupas! Não quero que te passes com isto! Como é? Queres aprender ou não!
Por esta altura já não tinha a certeza de querer, mas depois pensei no que a Lita tinha dito acerca do meu beijo…
-Ok. Bora lá atão!
-Fecha os olhos… descontrai…
E pimba, senti a macieza dos lábios, o sabor a cereja do batom, uma língua a tocar na minha e de repente ele executou tudo o que me tinha dito e o meu coração acelerou, o mundo tornou-se belo, a vida fez sentido, fiquei em paz, e o beijo acabou e eu abri os olhos e era o Abel à minha frente…
-Eu beijei um gajo!
-Acalma-te, respira!
-Eu beijei um gajo!
-Não te passes!
-Eu beijei um gajo…
E levei um estaladão dele na tromba!
-Excentra-te!
E eu excentrei-me!
-Que tal?
-Desculpa! Eu acho que me passei porque foi a melhor sensação até hoje…
-E eu não fiz tudo o que te disse, senão poderias vir a fazer algo de que arrependesses… Não que eu me arrependesse…
-Ah!
-Pois… Mas agora beija-me tu e dá tudo por tudo…
E passei o resto da manhã a beijá-lo e ele a corrigir-me a técnica, até que, pelo fim da manhã já a dominava razoavelmente!