O carro começou a abrandar à medida que se aproximavam de uma carrinha trombada à beira da estrada, com algumas pessoas a fazerem sinal para pararem.
“O que é que achas?” perguntou o condutor a Miguel.
Miguel olhou em volta, tentando avaliar a situação. O transito era escasso, e não deixava de ser estranho ver uma carrinha tombada no meio do nada, mas vendo apenas dois homens na estrada a fazer sinal para pararem… Não era uma situação usual e Miguel estava apreensivo.
“Passa devagar, mas não pares.”
“Achas que pode ser alguma coisa?” Perguntou Alex.
“Não sei…”
O condutor abrandou, não parando e, quando passavam pela carrinha, de dentro dela saíram mais três homens armados que dispararam uma salva de intimidação para os fazer parar. O condutor acelerou e o carro começou a ser baleado enquanto ganhava velocidade. Enquanto ainda ganhava aceleração, um dos homens que iam no banco de trás olhavam para os assaltantes, vendo um ajoelhar-se no chão com uma bazuca no ombro. Só teve tempo de gritar “Bazuca” antes do carro ser atingido atrás, por baixo. A explosão matou um dos homens e feriu o outro gravemente ao mesmo tempo que levantou o carro no ar, fazendo-o dar uma volta e aterrando no tejadilho que, por ser reforçado, aguentou o impacto. No entanto, as janelas estilhaçaram com a pressão em excesso, deixando os ocupantes do carro, ainda abalado, praticamente expostos quando desapertavam os cintos e literalmente caiam dos seus lugares.
Os atacantes continuavam a disparar, mas por sorte o SUV tinha ficado com a traseira danificada virada para eles, e o dano acabava por encobrir os ocupantes. Miguel abriu rapidamente um compartimento da porta mais próxima, assim como todos os outros, tirando Uzis e começaram de imediato a retaliar fogo.
Como era de esperar o mais assoberbado era Alex.
“Mas quem são estes gajos?” Perguntou.
“Provavelmente assaltantes de estrada a ver se ganham alguma coisa com um rapto.”
“Com este tipo de armamento?”
“É o que mais há por aqui. Estes tipos devem ter desertado de alguma das facções e agora andam a fazer isto. O armamento não é incomum. E isto não me parece uma operação militar ou já nos teria caído mais gente em cima.”
“E agora o que fazemos?”
“Aguentamos. O alerta já saiu quando atacaram e deve aparecer um helicóptero dentro de uns minutos.”
Embora estivessem num impasse, estavam completamente expostos, no meio da estrada. Os atacantes começaram a tentar atingir as laterais da carrinha, tentando chegar pêlos flancos o mais que podiam antes de serem visto e haver fogo em resposta. Um desses tiros fez ricochete e atingiu Alex nas costas, tirando-lhe o ar de repente.
“Fui atingido” disse, ao mesmo tempo que levava a mão às costas e sentia o sangue.
Miguel olhou para ele.
“Porra.” Exclamou com frustração. “Estás bem?”
“Acho que não.” Respondeu Alex a sentir-se estranho. Olhou para a frente, para lá de Miguel que descurou a sua atenção por sua causa por um único momento e viu claramente um dos assaltante que ia para atirar em Miguel, vindo da lateral da estrada e disparou, vendo-o a cair de imediato. Entretanto passou um Helicóptero por cima delas, metralhando a estrada e os restantes assaltantes com uma precisão brutal, dando depois a volta para aterrar a alguns metros deles. Miguel retirava já Alex do carro, e gritava “tragam macas, temos feridos”.
Alex foi levado para o helicóptero, bem como o outro ferido grave e o soldado falecido. Miguel e os outros dois homens iam esperar por outro transporte. O Helicóptero levou-os directamente para o Hospital, onde Alex foi levado já inconsciente, de urgência para o bloco operatório, bem como o outro homem ferido.
Miguel e os outros dois homens foram trazidos logo em seguida para serem vistos, embora não tivessem nada de grave, apenas pequenos cortes e nodas negras. Depois de serem vistos ficaram, para saberem do estado do companheiro e de Alex.
O estado do companheiro, embora o prognóstico fosse ainda reservado, parecia bem encaminhado, mas as notícias de Alex não eram tão boas. Aparentemente a bala tinha-se alojado perto da coluna vertebral e era uma operação de altíssimo risco para os recursos daquele hospital, pelo que os médicos apenas o tentavam estabilizar para poder ser transferido.
Só depois de saberem as notícias e saber que teriam de esperar, os homens se permitiram finalmente pensar no companheiro que tinha falecido enquanto se sentavam numa sala de espera num silêncio pesado.
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