Acordou a ser abanado suavemente. Abriu os olhos e um anjo loiro estava debruçado por cima de si. Entretanto os seus sentidos acabaram de despertar e o anjo loiro era apenas a assistente de bordo a acordá-lo, porque tinha de sair do avião. Tinham chegado.
Fez-lhe sinal que tinha compreendido, esticou-se, espreguiçou-se. Deixou-se ficar um momento quieto e depois lá se levantou, pegando na sua mala de cabine e dirigindo-se à saída, ainda estremunhado.
O cansaço tinha-o apanhado finalmente, e embalado no avião, dormiu quase desde a partida de Frankfurt. Foi completamente encadeado pelo brilho do sol assim que chegou à porta do avião. Felizmente vinha prevenido com uns óculos escuros, mas o bafo quente ao sair do ambiente controlado do avião deixou-o quase sem respiração.
À sua frente uma escada que descia do avião e um aeroporto que, pelos padrões que conhecia, mais parecia uma fiada de armazéns. A meio das escadas já não suportava o calor abrasador e tirou o casaco e a gravata, abrindo alguns botões da camisa. Mas podia sentir o suor a formar-se e a escorrer.
Ao chegar ao fundo das escadas começou a seguir os outros passageiros em direcção ao terminal próximo, quando foi abordado por um homem nos seus trintas, musculado, vestido de uma maneira militar e fortemente armado, embora não visse insígnias de qualquer país.
“Senhor Alexandre Alves?”
“Quem pergunta, se não se importa?”
“Sou o sargento Diaz e estou aqui para o escoltar.”
Atrás dele estavam mais quatro tipos igualmente imponentes e armados ao lado de um SUV com um aspecto pesado.
“Creio ainda ter de ir ao terminal…”
“Está tudo tratado, senhor.”
“E a minha bagagem?”
“Está tudo tratado, senhor” respondeu o sargento de forma robótica “Queira acompanhar-nos.”
Dirigiram-no ao SUV. Dois homens entraram para trás, dois para a frente e o sargento Diaz conduziu-o ao mais espaçoso banco do meio, que ocupou com ele.
“Sargento, pode explicar-me o que se passa?”
“Não foi informado?”
“Não. A minha vinda para aqui foi repentina e não sei realmente o que se passa.”
“Mas sabe que vinha para uma zona de conflito?”
“Sim, isso sabia”
“Bem, nós somos uma organização paramilitar que providencia segurança privada nestas zonas. Fazemos parte de um destacamento que faz a segurança da sua empresa. Eu estou pessoalmente responsável pela sua segurança. Peço desculpa se tudo isto lhe parece algo excessivo, garanto-lhe que não é.”
Alex ficou a olhar para o homem durante algum tempo.
“Sargento, se é o responsável pela minha segurança, vamos passar muito tempo, pelo menos próximos, não?” O sargento assentiu “Isso quer dizer que está, de alguma maneira, às minhas ordens.” O sargento assentiu de novo “Nesse caso, o meu nome é Alex. Não gosto de formalidades onde são desnecessárias, e aqui não o são de todo. Trate-me por Alex e informalmente. É uma ordem.” Disse com um pequeno sorriso, estendendo-lhe a mão.
O homem olhou para ele. Ficou sem saber bem o que fazer por um momento, mas depois estendeu a mão, apertando a mão de Alex.
“Miguel.” Disse simplesmente.
“América do Sul?”
“México. América central.”
“Prazer, Miguel.”
A viagem foi lenta e com paragens em barricadas, atrás de barricadas, A presença militar nas ruas não só era óbvia, como era esmagadora. Toda a cidade parecia pior do que qualquer gueto dos subúrbios de qualquer cidade onde ele já tivesse estado. A cada barreira o homem que ia à frente, ao lado do condutor, saia e ia conversar com um dos homens na barreira. Demoraram mais de duas horas a chegar aos arredores da cidade, onde começaram a apanhar estradas mais abertas. Mas mesmo nestas prosseguiam com extrema cautela.
Não houve conversas pelo caminho, excepto entre os homens, acerca do que iam vendo e registando. Todas as conversas eram informativas e eles estavam todos claramente em alerta.
“Alex, não se preocupe. Este carro é à prova de bala.” Assegurou-lhe o sargento.
“Bem, não estava preocupado até falares nisso.” pensou para si.
Gosto da forma liberal e franca como o Alex reagiu à sa nova situação...
ResponderEliminarEste homem sabe o que quer e o contrário também!
Abraço, Gil.
Se vires um executivo que se preocupe demais com coisas sem importância, é provável que não seja muito bom...
EliminarAbraço, Janita