sexta-feira, 21 de maio de 2021

Um casamento moderno - XII

 

Estava a meio da manhã de trabalho quando de repente o visor do telemóvel se iluminou!

“Podemos falar?”

Sentiu uma raiva e um impulso de responder de imediato com qualquer coisa como “Vai para Inferno!”, talvez mais diplomático, mas com mesma intenção! Mas parou-se de o fazer!

Pensou bem, e isto era, sem dúvida, ainda uma ferida em aberto!

O que quereria ele? Bem, ela sabia o que ele fundamentalmente queria, não sabia era o que ele faria para tentar lá chegar.

“Almoço, sítio e hora do costume?” Acabou por responder.

“Até já” foi a resposta.

Ele já a esperava, sorridente, genuinamente feliz por vê-la. Ela sentou-se e fez sinal ao empregado, pediu o prato do dia, ele também pediu.

Assim que o empregado se afastou ele falou:

-Estava com tantas saudades tuas… Estás linda!

-Obrigada.

Ele ficou em silêncio a olhar para ela com um ar absolutamente apaixonado.

-O que é que querias afinal? – Acabou ela por perguntar.

Ele como que saiu de um transe.

-Ah,… Queria pedir-te desculpa pela cena com a minha mulher…

-A “cena” com a tua mulher? É isso que lhe chamas? – Ele ficou em silêncio – E a “cena” de me teres enganado?

-Eu nunca te enganei…

-Disseste-me que tinhas um casamento aberto, que não havia problemas, que estava tudo bem…

Ele ficou em silêncio e entretanto foram servidas as suas refeições. Deram a primeira garfada e ele falou.

-Sim, eu sei, eu menti. Mas tens de perceber… fiz isso porque estou apaixonado por ti!

-O que é que aconteceu entre ti e a tua mulher?

-Pá, ainda estamos a viver juntos mas estamos de acordo que nos vamos separar.

-Vais deixar a tua mulher, grávida de seis meses?

-Ela está a fazer-me a vida num inferno!

-Porque será?

Comeram mais um pouco, em silêncio. Foi ele que o quebrou:

-Clara, eu amo-te! Eu quero-te. Quero deixar tudo para trás e estar contigo.

Ela parou de comer e ficou algo atónita a olhar para ele.

-E eu sei que me amas,… - continuou ele.

-Estás cheio de certezas…

-Não digas isso, Clara, eu sei… os momentos que passamos…

Ela continuou em silêncio a comer.

-Dava tudo… - continuou ele - …por mais uma noite contigo, se queres que te diga…

Ela acabou de comer, olhou para o relógio e apercebeu-se que era tarde.

-Tenho de ir. – Anunciou-lhe ela.

-E vais deixar-me assim, sem uma resposta?

Ela ainda deu um passo a afastar-se mas parou e subconscientemente mordeu o lábio e uma chama passou-lhe pelo olhar. Voltou atrás, tirou um bloco de post-its e uma caneta da sua bolsa escreveu um nome e uma hora, descolou o papel e deu-lho. Depois virou-se e saiu.

4 comentários:

  1. A Vingança, serve-se fria, certo?

    Bom dia, sô Gil

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    1. Nem vou responder...

      Mas descobres em breve. Mais logo vou postar os últimos dois capítulos e deixar o blog ao abandono mais uma vez :)

      Por isso, descobres em breve ;)

      Bom dia, D Noname

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  2. Ai, essa 'coisa' de casamento aberto...não entra na minha cabeça!
    Não seria melhor ser livres? Assim, andavam com quem bem entendessem...

    Desculpa, não é falta de palavra, é falta de modernice...Eheheheheh

    Abraço e vê lá se te aguentas por aqui. :)

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    1. Pá, o que não falta por í são casamentos abertos...
      ...mas infelizmente, muitas vezes os esposos não recebem o memorando que diz que o casamento está aberto... ;)

      Eu nunca ando longe, mas, a vontade de escrever não existe, e a vontade de dizer seja o que for acerca seja do que for... Naaaah! Não há pachorra, nem vontade! A não ser que me dê mais alguma compulsão esquisita que não passe facilmente (porque costumo fazer como o Alentejano: quando há vontade de fazer alguma coisa um gajo senta-se e espera que passe), não há nada para colocar aqui, e portanto...

      Mas, sempre vou partilhando aqui algumas musicas e concertos que vou vendo... Se acho que valem a pena, partilho aqui...

      Mais logo já vais ficar a saber o fim da história

      Abraço grande, Janita :)

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