(Hoje ficam mais dois capítulos, para compensar o Fim-de-Semana - este é o segundo)
Tomás partiu de volta para Londres
antes do fim-de-ano e as rotinas voltaram.
Mas, apesar disso, os
medos e a insegurança de Clara cresciam. Querer saber quem era a mulher ou as
mulheres com quem o seu marido saia era agora quase uma obsessão, ao mesmo
tempo que um fruto proibido. Se bem conhecia o marido, a única forma de saber
alguma coisa seria perguntar-lhe directamente, mas não se atrevia a fazê-lo.
Afinal tinha sido ela própria a estipular que não deviam conhecer os parceiros
um do outro, mas a dúvida corroía-a.
Desde a conversa com
a mãe que se sentia cada vez mais vacilar. Pesava nos seus anos de casada e no
contraste absoluto que era estar na cama com o amante o com o Marcelo.
O amante fazia-a
sentir-se desejada, sentir-se mulher, sentir-se feminina. Excitava-a a simples
ideia de se ir encontrar com ele para ter sexo. Raras eram as vezes que não se
sentia húmida só de pensar nisso! Isso contrastava completamente com o marido.
Não que fazer amor com o marido fosse mau. Não era. Mas nunca sentia essa
excitação…
Claro que quando as
coisas começavam, tomavam proporções épicas. O marido era um óptimo amante,
capaz de a levar a múltiplos orgasmos numa noite, coisa que não tinha com o
amante. Mesmo quando passavam noites juntos, quando saiam em viagens de
trabalho, ele não tinha a estamina do seu marido, mas a sua própria excitação
compensava isso. Mas…
…e se o marido tinha
encontrado alguém bem mais disponível do que ela sempre tinha sido? E se o
marido estivesse a receber a paixão e o desejo que sempre tinha faltado?
Sentia-se cada vez
mais inquieta e sem saber o que fazer. Dentro dela nascia um sentimento de
culpa que começava a toldar a excitação dos encontros com o seu amante, já para
não falar num cada vez maior ciúme em relação ao marido. E mesmo alguma raiva,
que ela sabia ser infundada, mas estava lá.
Cada vez mais, quando
o via sair ao fim-de-semana, lhe apetecia dizer-lhe para não ir. Mas sabia que
não tinha esse direito, nem podia fazê-lo sem acabar com a sua relação. Começou
a sentir-se deprimida e coisa que nunca tinha feito, começou a beber. E na névoa
dos seus pensamentos, sentia-se magoada e apetecia-lhe cada vez mais magoá-lo!
E foi neste clima de
pensamentos em que um dia, ela chegou a casa, vinda de mais um encontro. Pela
primeira vez vinha completamente bêbada.
Entrou no quarto, sem
cerimónias, não se importando com o facto de ele estar a dormir, – afinal, ele
nunca estava a dormir, mesmo, quando ela chegava- despiu-se e atirou-se para a
cama, aninhando-se nele, como sempre fazia.
Como é que ele ainda
permitia que ela se aninhasse para dormir? No fundo, ele era um fraco! No
fundo, desde o começo, alguma vez ele lutou por ela? Não! Simplesmente deixou-a
ir!
-Estás bem? – Perguntou
ele, como sempre perguntava!
Apeteceu-lhe
magoá-lo. Não sabia porquê, mas sentia um ressentimento dentro de si que se
transformava quase em raiva!
-Sim! Hoje fomos a
uma festa de aniversário de uma colega, num bar!
-Bem, isso explica
porque é que estás assim!
-Assim como?
-Bêbada! Se alguém
pusesse um isqueiro à tua frente, lançavas chamas!
-Uma vez não são
vezes…
-Pois não! – Respondeu
ele, num tom que normalmente dava por concluída a conversa! Mas não estava
concluída para ela!
-Mas o melhor foi
depois da festa. Deixei o meu carro no estacionamento da firma e fui com ele.
Mas como não estava em condições de conduzir, foi ele que me trouxe a casa!
-Amanhã vais ter de
apanhar um Táxi!
-Sim! – A falta de
reacção dele irritava-a! – Mas pelo caminho parámos num sítio isolado, eu
arrastei-o para o banco de trás do carro e demos uma foda… Até o mundo
estremeceu!
Houve um silêncio longo!
Finalmente ele respirou bem fundo e acabou por responder:
-Ainda bem para ti!
Retirou o braço onde
ela se tinha aninhado, empurrando-a para o lado, levantou-se e saiu do quarto, deixando-a
sozinha na cama!
Ela chorou até
adormecer…
Ui, ui, a moça quer sol na eira e chuva no nabal :-)
ResponderEliminarBoa tarde, sô Gil
Desde o começo...
ResponderEliminarBoa tarde D. Noname
Bem, vamos lá ver se apanho o fio à meada.
ResponderEliminarEstive a ler o primeiro capítulo, bastante interessante, diga-se, e parti para estes dois: X e XI.
Pelos vistos a Clara sempre se envolveu com o colega, ou será que este Tomás já é outro?
Conforme o meu tempo disponível verei se recuo, muito ou pouco. Talvez isto ainda tenha muito pra dar e eu apanhe o trem.
Assim à priori penso que a personagem é moça equilibrada, mas com o desgaste que o tempo vai causando nas relações maritais, quem pode garantir se ela se aguentou muito ou pouco tempo? Olha, vou aguentar e acompanhar, mas lá que o teu talento como escritor salta aos olhos, disso não duvido.
Bom fim de semana e um beijo, caro Gil.
Pois, tens mesmo que andar para trás, que isto já tem que se lhe diga...
Eliminar...posso dizer-te que estás a leste do paraíso, neste momento :)
Obrigado... Estou ferrugento e sem grande vontade de desenferrujar... Isto foi só um devaneio, escrito de uma vez só! Acho que quando um tema me chama à atenção, os neurónios lá se organizam... Já agora, esta história é vagamente baseada em três casos reais
Bom FDS e Bjos para ti :)
Há mulheres muito complexas, para não lhes chamar egoístas. Ainda por cima se sente ofendida e revoltada ao pensar que o marido possa estar a fazer o mesmo que ela.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Há sentimentos complexos...
EliminarBom FDS, Elvira :)