(Hoje ficam mais dois capítulos, para compensar o Fim-de-Semana - este é o primeiro)
Tomás ainda ia ficar dois dias com
eles, depois do Natal. Regressaram a casa e Tomás estranhava a nítida excitação
da mãe, que parecia aumentar com a proximidade a casa.
Nessa noite ela deu
uma desculpa que tinha um jantar com um cliente de trabalho e saiu.
Tomás e o pai ficaram
sozinhos, foram falando de tudo e mais alguma coisa e acabaram por se deitar
relativamente cedo!
Tomás não conseguia
parar de pensar no comportamento da mãe a na atitude do pai! Havia algo de
extremamente estranho em tudo aquilo. A sua mãe parecia a ter um caso e o seu
pai obviamente sabia!
Estava perdido nestes
pensamentos quando deu pelo pai andar pela casa. Levantou-se e seguiu-o até ao
quintal das traseiras. Ficou a observá-lo um pouco e percebeu que estava a
fumar, coisa que nunca o tinha visto a fazer na vida. E pelo aroma que vinha no
fumo, não era só tabaco.
-Eu sei que estás aí.
Escusas de estar a espreitar!
Apanhado!
Avançou e foi ter com
o pai.
-Posso perguntar-te o
que é isso?
-Erva. – Respondeu o
pai, passando-lhe o cigarro. Ele ficou sem saber o que dizer ou fazer!
-Agarra lá nisso, pá.
E escusas de fazer esse ar, sei bem que não és propriamente virgem no assunto…
Tomás agarrou no
cigarro, deu uma passa longa.
-Xiça! – Disse
enquanto expirava – esta é da boa…
-É trazida da
Holanda!
-Nunca pensei que
fumasses…
-Bem em mais de doze
anos não fumei! Mas de há uns meses para cá, volta e meia, fumo!
Ficaram os dois em
silêncio por algum tempo. Tomás achava toda a dinâmica da sua família
extremamente alterada desde a sua ultima visita. Queria e achava ter o direito
a saber porquê. Esta era a sua casa, afinal! Mas não sabia o que perguntar! Mas
acabou por atirar:
-Passa-se algum
problema entre ti e a mãe?
O pai olhou-o, como
se avaliasse o que devia fazer.
-Não te preocupes
filho. Está tudo bem! São só tempos esquisitos e com muito stress do trabalho, quer meu, quer da tua mãe. Mais nada!
-Deve ser mesmo um stress bastante grande! Para voltares a
fumar disto ao fim de tantos anos…
-Acredita! Não tem
sido fácil! Mas sabes, todas as tempestades passam, por piores que sejam. Esta
também há-de passar.
Tomás percebeu que
havia muito que o pai não lhe dizia, e não sabia porquê. Talvez para tentar
protege-lo… Ou a si próprio… Mas achava mais que era mesmo para proteger a mãe!
Mas percebeu que algo de, pelo menos, muito chato se passava!
Abraçou o pai e não
forçou mais conversa. Sabia que se o tentasse o pai o enrolaria e ele ficaria a
saber o mesmo. Limitou-se a dar-lhe um abraço apertado, que ele sabia que diria
mais ao pai do que quaisquer palavras no mundo.
Continuaram a fumar e
a falar de trivialidades. Tomás fez questão de não voltar a tocar no assunto.
Uma conversa de surdo mudos, às vezes é um bom remédio. :-)
ResponderEliminarBom fim de semana, sô Gil
As acções costumam dizer mais que as palavras...
ResponderEliminarBom FDS D. Noname
Continuo a ler com gosto.
ResponderEliminarAbraço, saúde e bom fim de semana
Obrigado, Elvira
EliminarBom FDS :)