-Bom dia. Creio ter uma reunião marcada com o Sr. Marcus Miller.
-Bom dia, - respondeu a rapariga sentada à secretária que estava diretamente em frente à entrada do Piso – quem devo anunciar?
-Miranda Macallum.
A rapariga pegou no telefone, anunciando-a, levantando-se em seguida e guiando-a até uma sala onde lhe franqueou a entrada, afastando-se em seguida.
Lá dentro estava já um homem de pé a aguardá-la, apresentando-se formalmente enquanto a cumprimentava, fazendo menção para ela se sentar à sua frente, que ela fez.
-Presumo que esteja aqui por causa da investigação.
-Sim. Tenho algumas dúvidas.
-Acerca de…?
-Bem, eu fui a Portugal e estive com a pessoa que é referida, e, para ser franca, não estou completamente convencida de que encontraram a pessoa certa.
Marcus sorriu.
-Compreendo. – Levantou-se, dirigiu-se a um armário de arquivo de onde tirou um processo grande, voltou a sentar-se e colocou o processo à frente de Miranda. Abriu o processo e começou a demonstrar a Miranda a evolução da investigação e as pistas que apontavam para aquele individuo em particular, quase todas elas seguindo transferências e operações bancárias.
-Como pode constatar a nossa certeza vem do facto de que, sem sombra de dúvidas, pelo menos grande parte do dinheiro que foi movimentado antes do desaparecimento pode ser seguido até contas em paraísos fiscais, quase todas em nome de Rob Mitchell. Claro que não foi fácil obter estas informações. Normalmente estes bancos não facilitam, mas, uma vez que não queríamos a informação para fins legais, conseguimos chegar a ela.
-Como?
-Bem, essa parte é melhor não saber. Apenas lhe posso afirmar que temos plena confiança na informação que lhe prestamos. Também lhe posso afirmar que foi um dos casos mais difíceis que tivemos até hoje. O seu marido não queria mesmo ser encontrado.
-Eu percebo, mas como lhe disse, estive com ele. Não esperava que ele estivesse igual ou mesmo, depois da conversa que tivemos, que fosse reconhecível. Mas a verdade é que a atitude que ele teve para comigo não deu qualquer indício de me reconhecer ou de reconhecer sequer o nome “MaCallum”.
-Eu compreendo as suas dúvidas, mas há aqui duas questões que lhe ponho em cima da mesa para poder pensar. A primeira é que o seu marido fez um esforço enorme para efetivamente desaparecer. Não creio por isso que simplesmente a sua presença o fizesse desistir e assumir quem é.
-Aí concordo em pleno consigo e foi com base nesse pressuposto que falei com ele.
-Mas depois há outras coisas que podem ter acontecido. Não sabemos o que se passou ao certo nos últimos oito anos. Sabemos onde ele esteve, pelo menos com algum grau de certeza, mas muita coisa pode ter acontecido… Um acidente, um trauma… A verdade é que pelo que pudemos verificar as contas quase não são mexidas de há seis anos para cá. Há uma transferência automática com periodicidade mensal de um valor fixo que sai de uma conta nas ilhas caimão para um banco Português, mas fora isso não há movimentos. O dinheiro continua quase todo intacto nas contas para onde foi transferido originalmente.
-Ou seja, está a querer dizer-me que ele pode ser o meu marido, mas por algum motivo não ter memória disso?
-É uma hipótese…
-Sim, é, mas pelas conversas que tive com ele não me parece ser o caso. De qualquer maneira, posso levar uma cópia do processo comigo para poder estudar?
-Claro que sim. – Pegou no telefone e chamou a assistente, entregando-lhe o processo e pedindo-lhe para fazer uma cópia integral. – Enquanto espera, deseja alguma coisa? Agua, sumo, café?
E para sua surpresa ela apanhou-se a perguntar:
-Tem café expresso? Se tiver aceito um…
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