segunda-feira, 20 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - V

V - Já viste bem o rabo do Abel?

A Cris e a Fofinha já lá estavam há uma semana quando chegou finalmente o dia da mudança.
É verdade, já agora deixem-me falar na fofinha. É a gata da Cris. E não gosta de mim. A Cris diz para eu não levar a peito, que ela não gosta de ninguém, mas eu acho que a gata me odeia, mesmo!
Apesar da Cris dormir no quarto do Abel, uma vez que desde que tinham sido descobertos o Abel passar a dormir no quarto do Francisco, as coisas dele ainda não tinham saído de lá, por falta de tempo. Esta noite a Cris tinha dormido no sofá e o Abel esteve até altas horas a arrumar tudo em caixas, bem como o Francisco, e bem cedo tinham saído para ir buscar uma carrinha.
Já estávamos a meio da manhã quando a Cris se levantou, se trancou na casa de banho por quase uma hora, saiu para a cozinha e comeu uma fatia de pizza do dia anterior e bebeu uma chávena de café, e só depois pronunciou as suas primeiras palavras.
-Cadê o casalinho?
-Bom dia para ti também.
-Desculpa, bom dia. Cadê o casalinho?
-Foram buscar a carrinha para a mudança. Devem estar a chegar
-E a Lita?
-Já telefonou a dizer que vem mais ao fim da tarde.
-Ok. Posso pôr Fofinha no teu quarto? Não vá ela assustar-se com a barafunda que isto vai ser hoje?
-Podes. Trá-la.
Ela agarrou na gata e, seguindo-me, entrou, pela primeira vez, no meu quarto. Pousou a gata em cima da cama, tendo esta aproveitado para testar a cama, e enroscou-se logo em seguida, e olhou em volta.
-O que é que aconteceu ao teu estirador?
-Bem, aparentemente não aguenta com dois adultos na posição da cavalgada invertida…
-…seu sacana! – disse ela a olhar-me com um sorriso matreiro
-Mas não fui eu…
-Foi com o Abel ou o Francisco?
-Foram os dois…
-O quê? Os três naquela mesita? Não admira que tenha partido!
-Não foram só eles dois!
-E deixaram-te de fora? Francamente…
-Não, eu não tive nenhuma cowboiada com eles?
-Porque não? Já viste bem o rabo do Abel?
-Tu não tás a perceber! Eu durmo com mulheres,… - disse eu quase num grito, a ver se ela me ouvia, acrescentando depois para mim próprio - …ou dormiria, se elas quisessem…
-O que é que disseste?
-Que durmo com raparigas.
-Não, a última parte, aquilo do “ou dormiria se elas quisessem…”!
-Eu disse isso em voz alta?
-Freedy,…
-Alfredo!
-Uateva! Tu és virgem?
-Bem eu…
-Tu tens o quê? Vinte e cinco?
-Vinte e nove!
Ela fixou-me com um olhar estranho, como se, por um lado, estivesse a olhar para o bicho mais raro da criação, mais ou menos com o mesmo olhar com que eu fiquei na primeira vez que vi um ornitorrinco, mas misturado com uma pena enorme. Por fim lá acabou por dizer:
-Páh, coitado! Deves estar pronto a entrar em erupção, não…?

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