terça-feira, 28 de julho de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXII

XXII – Estavas a mascar pastilha elástica?

A Lita saiu irritadíssima de casa! Como é que era possível a Cris estar a beijar assim o Abel, daquela maneira, com aqueles lábios deliciosos e aquela língua macia…
Lá bem dentro de si uma voz dizia-lhe que não tinha razão nenhuma para estar assim, mas o que é certo é que ela não o conseguia evitar!
Depois de andar um bocado, ao chegar a um jardim, sentou-se e pensou um pouco! Preci-sava de desabafar e, claro, apetecia-lhe desabafar com a Cris, mas ela era a fonte dos seus problemas… E desabafar com o Abel também não dava por motivos óbvios… e comigo estava fora de questão, uma vez que não tinha conhecimentos de causa de coisa nenhuma…
Pegou no telemóvel e ligou à Sara. Assim que ela atendeu perguntou-lhe de imediato:
-Sara, diz-me uuma coisa, somos aamigas não somos?
-Sim, claro que somos, mas porquê?
-Toou a prrecisaar muito de desabafaar. Poodes encontrar-te comigo?
-Mas claro que sim. Onde é que estás?
Lá lhe deu as indicações e desligaram.
Ora a Sara, logo que desligaram, volta-se para o Chico, que por acaso estava todo nu em cima dela e diz:
-Desculpa, mas tenho de ir…
-Pá assim, sem mais nem menos?
-Yá, tenho uma amiga que ligou e precisa mesmo de mim…
-Atão e vais-me deixar assim, com os ovos a doer?
-Não é como se estivesses firme e hirto como uma barra de ferro, não é?
-Pois… Sabes, depois do nosso primeiro dia este sexo normal sabe-me a pouco…
Ela congelou! Afinal tinha bebido mais do que devia e não se lembrava minimamente do primeiro dia!
-Pois… mas… sinceramente não me lembro…
Ele sorriu, chegou bem perto do ouvido dela e foi cochichando… Falando-lhe em coisas como strap-on’s, raquetas de ténis, molho picante, chantilly…
Ela deu-lhe um estaladão na cara, agarrou nas roupas e saiu do quarto furiosa, vestiu-se num ápice e saiu!
Já ele, depois do estaladão começou a olhar para baixo!
“Caneco pá, agora é que ficou firme e hirto como uma barra de titânio! Lá vêm a dor nas bolas…”

***

A Sara encontrou a Lita no banco de jardim com uma cara triste como ela nunca tinha visto! De imediato foi arrastada por ela para o primeiro bar que viram aberto, sentaram-se, estranharam o ambiente, sobretudo porque todos os clientes eram masculinos e estava à média luz:
-Bem, isto deve ser um bar gay, ou assim…
-Aachas?
-Então, um ambiente romântico à média luz, só gajos…
-Beem, desde que nãão nos expuulsem…
Sentaram-se e pediram bebidas, duas vodkas!
Conforme lhas serviram a Sara perguntou:
-Então mas o que é que se passa?
-Oh, páh, cheeguei a casa e deei com o Abel e a Cris enroolados, aos beeijos, no chãão e paassei-me…
-Tu tás com problemas de gajos? Tu?
-Mas, não estás a perceber… Eele é gay…
-Ah! Atão se ele é gay isso explica tu… Não, pensando melhor ainda me deixa mais confusa!
-Podia ser pior,… - ouviram as duas uma voz pouco acima delas - …podiam estar a fazer uma table dance para duas gajas que não vos ligam patavina!
Elas olharam para o lado e uma sensual dançarina nua dançava de forma insinuante mesmo ao lado delas! A Sara chegou-se á frente e disse à Lita:
-Não é por nada, mas acho que isto afinal não é um bar gay… Acho que devíamos ir embo-ra.
-Maas é má educação, pelo menos, não daar uma gorjeta pela dança, nãão achas?
-Pois… então vamos tentar descobrir quanto é uma gorjeta normal e…
E chega uma empregada com uma bandeja completamente cheia de shots e pousa na mesa.
-Com os cumprimentos de todos os gajos que estão no bar! – Disse a empregada.
-…e ficamos aqui o tempo que for necessário! – Continuou a Sara com os olhos esbugalha-dos e um sorriso de felicidade!
Depois de limparem a travessa uma surpreendida e já de cabeça leve Sara diz à Lita:
-Estou impressionada! Não fazia ideia de que conseguias beber tanto!
-Eu também. Não costumo bebeer, muuito menos na coompanhia de uma rapariga giraa coomo tu…
-Tás-te a fazer a mim?
-Nãão, não era isso que eu queeria dizer. Nunca saaio coom raparigas. Aas raparigas nãão gostam de mim! Nuunca tiive uuma amiiga… Até teer a Criis – e desatou a chorar, comovendo a Sara e todos os homens que estavam presentes o que levou a dançarina exótica, novamente a proclamar em voz bem alta:
-Malta, mulher nua de cabeça para baixo no varão no centro do palco…
-Mas eu sou tua amiga, Lita. Tu ligaste e eu deixei o meu bonzão com os ovos a doer e vim a correr ter contigo…
E pronto, a dançarina perdeu toda a audiência que ainda tinha. Ficou chateada e desceu do palco! Foi até junto das duas!
-A sério? És minha amiiga. Posso chamar-te minha amiga?
-Mas claro!
-Oobrigaada! Fizeste-me tão feeliz!
-Oh Lita… - disse Sara enternecida!
-Nuunca mee seenti tãoo prroxima de uma muu… - e foi rudemente interrompida pela dançarina que, farta de não ter atenção agarra o cabelo de Lita, dá-lhe um beijo completamente melado perante uma Sara estupefacta, larga a Lita, agarra o cabelo da Sara e faz-lhe o mesmo, solta-a, vira-se para os homens presentes fazendo uma vénia e de repente notas começam a chover de uma audiência cativa que não se cansa de aplaudir enquanto a Lita e a Sara se olham, estupefactas.
Foi a Sara, ainda em choque, a primeira a falar!
-Lita…
-Siim?
-Estavas a mascar pastilha elástica?
-Siim…
A Sara leva a mão à boca, tira a pastilha e entrega-a a Lita.
-Toma!
-Oobrigaada!
-Já me viste a lata de nos usar desta maneira para conseguir gorjetas?
-Iindecente!
-E agora o que é que fazemos?
-Vaamos embora?
-Não! Bebemos mais uns seis shots cada uma para ganhar coragem e ela vai ver…
E beberam mais seis shots cada uma! Se a coisa já não estava famosa depois daquela pri-meira rodada, a segunda matou-as! E foi precisamente nesta altura que resolveram tomar conta do palco para fazer uma dança erótica a duas e que teve resultados bem trágicos que acabaram com as ambas no chão, cada uma em sua possa de regurgitações alcoólicas!
“Pff! Amadoras!” pensava a dançarina exótica…

***

Cris atende o telemóvel.
-Sim, Lita?
-Desculpa, não é a Lita. Ela pediu-me para lhe ligar…
-Oh meu Deus… Aconteceu alguma coisa à Lita?
-Não,… Quer dizer, nada de grave. Estou-lhe a falar do um bar chamado Exotic, não sei se conhece…
-Vagamente… - respondeu a Cris nervosamente! Que raio estaria a Lita a fazer num bar de Strip?
-Pois, a sua amiga e uma outra rapariga apanharam uma bebedeira e a Lita pediu-me para lhe ligar para a vir buscar… Se sabe onde é…?
-Sei, sei! Perfeitamente…
-Desculpe, eu sei que isto lhe vai parecer estranho, mas a sua voz parece-me familiar… A senhora por acaso não é morena e com uma madeixa loira…
-Bem,… sou!
-Ah! Então é essa Cris!
-Conhece-me?
-Mas claro, todas nós a conhecemos e olhe que até chegamos a tirar à sorte quem é que dança à quarta-feira à tarde… Você costuma dar gorjetas tão boas…
-Ora, vocês são óptimas…
-Dancarinas?
-E não só…
-É sempre tão gentil… Como o mundo é pequeno, não é?
“Demasiado”
-Pois é…
-Então cá a esperamos. Nós tomamos bem conta das suas amigas!
-Daqui a vinte minutos estou aí!

***

As dançarinas trataram-nas realmente bem! Até lhes deram banho e arranjaram algumas roupas para elas usarem, uma vez que as delas estavam cobertas das suas regurgitações alcoólicas. Infelizmente só tinham trajes de palco…
…e todos eles ficavam reduzidíssimos na Lita…
…mas foi assim que saíram de lá, já bem tarde!
Deixaram a Sara em casa do Chico, uma vez que ela queria surpreende-lo e seguiram para casa!
-Porque é que fizeste isto, Lita? Nunca pensei que fizesses nada assim…
-Pooso ser sincera?
-Claro!
-Poorque te vi a beijar daquela maneira o Abeel na saala, e senti-me tão maal!
-Oh, Lita, não fiques assim! Caramba, tu até sabes que o Abel é gay e não quer nada com mulheres! Aquilo foi só um passatempo para os dois… Não tem nada a ver com a amizade que nós temos!
-Soomos mesmo aamigas, nãão é? – perguntou a Lita convida.
-Melhores amigas para sempre!
E a alegria voltou ao coração de Lita!

***

Sara abriu os olhos a muito custo! Onde estava? A última coisa de que se lembrava era…
…Oh! Céus!
-Bom dia, amorzinho!
Conseguiu reconhecer-lhe a voz antes de a vista se habituar à claridade e de o conseguir ver. Era o Chico!
-Bom dia!
-Quero agradecer-te pela melhor noite de sexo da minha vida! As coisas que me fizeste fazer… Ainda me arrepio só de pensar…
-O quê? – Não se lembrava sequer de ter ali chegado! Ó miséria!
A campainha do forno fez-se ouvir na cozinha!
-Os queques estão prontos, amorzinho! Levanta-te e anda comer.
E, cheio de carinho, com toda a felicidade que o seu sorriso expressava, o Chico, que estava de cócoras ao lado da cama, deu-lhe mais um carinhoso beijo, levantou-se e dirigiu-se à cozinha, para ir tirar os queques do forno, com uma raquete de badminton enfiada no rabo…

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