A Cris voltou a si algum tempo depois, no seu quarto, com uma camisa grande vestida e umas cuecas e a Fofinha enroscada ao seu lado. Conforme se mexeu, sentiu algo em cima de si, agarrou o que era e viu que Abel lhe tinha deixado a fotografia de Alfredo junto com uma pequena nota:
“Cris, desculpa deixarmos-te assim, mas entraste numa espécie de extase catatónico e nos tivemos de ir embora. Fica para uma próxima. Nos limpamos tudo, por isso, não te preocupes.
P.S. Levei a tua t-shirt emprestada porque me ficava a matar e combinava com a do Chico”
Escusado dizer que ficou para morrer, mas, embora muito desanimada, lá se vestiu e sen-tou-se na sala com um olhar distante, vazio e em branco a olhar para a televisão.
Daí a pouco entrei eu, a refilar sozinho:
-Mas porquê, alguém me explica? Porquê é que saí de Paitorto? Tava lá tão sossegadito sem ter de levar com gente chata… - e vi a Cris – Olá Cris. – mas segui caminho para o meu quarto para pousar as coisas e pôr-me à vontade.
Entretanto ouvi a Lita a chegar e a cumprimentar a Cris da sua maneira jovial:
-Olá Cris pequenita! E seguiu também para o seu quarto, saindo logo a seguir – Cris, vou começar a fazer um jantar divinal! Vazes-me companhia na cozinha?
A Cris levantou-se cabisbaixa e seguiu-a, sentando-se à mesa, quieta e calada, e a Lita can-tarolava qualquer coisa dos ABBA!
Eu entrei na cozinha e fui directo ao frigorifico buscar uma peça de fruta e cometi o grave erro de perguntar:
-Então? Como foi o vosso dia?
A Lita respondeu de imediato, muito jovial:
-Foi ooptimo! Tive montes de gorjetas. Há muitos clientes que gostam de mim…
-E quase todos homens, não?
-Sim, quase todos! Como é que sabes?
-Foi um palpite ao calhas… E tu, Cris?
E ela desata a chorar, literalmente, baba e ranho, abrindo as comportas da dor da sua alma e deixando que ela corresse furiosa, alagando tudo à volta, e entre soluços conseguiu dizer:
-Hoje… ofereceram-me… o meu… cargo de sonho, mas eu entusiasmei-me demais e estraguei tudooooooo!
-Oh! Pobre piquinina! – disse a Lita, fazendo-lhe festas no ombro para a tentar reconfortar.
-Podemos fazer alguma coisa para ajudar? – perguntei eu.
-Sim,… - respondeu ela – Podemos ir comprar calças para ti… - disse, com o seu rosto iluminando-se de repente.
Que altruísta da parte dela, triste e, ainda assim, a pôr a sua dor de lado e a pensar em mim, nos meus problemas…
Entretanto, não adiantando ela mais pormenores do seu problema, e nós, querendo respeitar a sua privacidade , fomos fazendo conversa e fazendo companhia à Lita, enquanto esta cozinhava.
Por acaso, reparei nos olhares embevecidos que ela dava à Lita, sobretudo quando esta vinha à procura de qualquer coisa e se inclinava, expondo parcialmente aquele glorioso busto que deveria ser considerado património material da humanidade pela UNESCO e deveria substituir o maravilhoso busto da Laetitia Casta enquanto busto da republica Francesa! Calculei que aquilo a animasse de alguma maneira! A mim animava…
Entretanto o jantar foi servido e a Lita insistiu que arrumava a cozinha, estava habituada e seria mais rápido, mandando-nos para a sala e eu liguei a televisão e perguntei finalmente:
-Olha lá, eu já calculo a resposta, mas diz-me lá porque é que queres ir comigo comprar calças?
Bem, porque… porque… - ela pareceu-me mais atrapalhada do que eu esperava - …porque quero ter a certeza que te ficam bem, uma perspectiva feminina, sabes…
-Era o que eu calculava. Obrigado.
-Sim, não é como se eu tivesse visto o teu rabo numa foto, despido, e quisesse uma desculpa para o galar…
Olhei para ela surpreendido, não me lembrando de alguma foto minha despido, a não ser, talvez, em bebe, e ainda assim…
-Viste?
-Claro que não! – respondeu ela nervosamente – É só uma maneira de dizer…
-Ah! Sim, pois, claro!
É que tu não tás a ver, um gajo com um rabinho bem desenhado tem muito mais hipóteses de ser posto na horizontal… - e depois deu-me um toque malandro no cotovelo - …e tu precisas de ser posto na horizontal…
-Prrrecisa? Algum problema, Freddy? – perguntou a Lita, acabada de chegar.
-Não é Freddy, é Alfredo!
A Lita fez beicinho!
-Oh! Mas Freddy eé mais cool…
-Então pode ser Freddy… - respondi eu derretido.
A Cris olhou para mim com uma expressão estranha e voltou-se para a Lita:
-Estavamos aqui a falar dos problemas do Freddy, da sua v…
-Não há problema nenhum Lita.
-Vê lá, se quiseres que te ponha na horizontal, ée só dizeres… O que é “pôr na Horizontal”?
-Não te incomodes,… - disse de repente a Cris – eu trato disto, não tens de te preocupar…
-Mas vocês são oos meus novos melhorres amigoos. Eu quero que estejam beem. – disse com um sorriso e olhou para a televisão – Olha, está a dar o wuolking dad, é a minha seérie prreferida!
-Tu gostas de séries de terror? – perguntou a Cris.
-Aacho o máximo! – respondeu sentando-se no sofá no meio e pondo um braço por cima de cada um de nós.
Ficamos a ver a série.
De repente, num momento de grade tenção ela dá um enorme grito, agarrame com força conforme salta para o meu colo e abraça-se a mim, enfiando a minha cara nas suas mamas e pronto, não tenho mais memórias dessa noite. Quando ela me largou, aparentemente, e esbardalhei-me no chão!
-Ooh! Cooitadinho! Será que ele está bem? – perguntou a Lita preocupada.
-Deixa-o que isso passa-lhe! – respondeu a Cris – O que é que te aconteceu?
-Assuustei-me!
-Mas esse grito… Parecia que estavas num filme do Hitchcock!
-É poorr issoo que eu gosto de séries de terror. Assustam-me!
-E quando te assustas reages assim?
-Sim, normalmente! Mas olha, tou preocupada com o Freedy! Achas mesmo que ele tá bem?
A cris sorriu maquiavelicamente!
-Está! Acredita que sim! Fazemos assim, ajuda-me a levá-lo para o quarto e deitamo-lo, para ele ficar confortável, que esta noite… …e eu ponho a série em pausa!
-Boa, vamos.
Ao que se me consta ela pegou em mim ao colo com facilidade e levou-me sem esforço até ao quarto onde me depositou, carinhosamente, na cama.
-Proonto, já vai ficaar confortável.
-Não, não vai! Ele dorme nu, por isso temos de o despir! – respondeu a Cris, e atirou-se a mim, querendo tirar-me as calças, sendo travada pela Lita:
-Naão! Isso não se faz! Temos que garantir a trivaciidade dele!
- Olha…! Atão explica-me lá como é que o despimos e garantimos a privacidade dele?
-Hum! Poois, teens alguma razôm! Já sei… - E agarrou-me, virando-me de barriga para baixo – Aassim já deve estar bem!
-Hum! Também funciona! Por acaso queria ver se o RockStar dele enchia o palco, mas já me contento com isto!
E despiram-me por completo, tendo a Cris tentado fazer-me algumas massagens ao fundo das costas… bem ao fundo… no que foi impedida pela Lita, deixando-me a seguir!
Voltaram para a sala, fizeram play à sala e a cada cena mais tensa um enorme grito era ouvido em todo o bairro e Cris disfrutava cada momento! Os vizinhos contaram-me que chegaram a bater-me à porta, receando que eu estivesse a estripar alguma garota (foi aí que eu descobri que eles não me tinham mesmo em grande conta) e que o vizinho do rés-do-chão, o recluso de quem já ninguém se lembrava o nome passou a noite a gritar “Holocausto! Holocausto! Porque é que não me ouviram? Chegou o fim do mundo…”.
Entretanto, para ajudar a isto, começou a cair uma tempestade, o que provocou uma falta de luz, pregando um valente susto às duas que, assustadas, acabaram por se aninhar a mim, uma de cada lado, mas sem levantar o lençol, para não violar a minha privacidade!
-Aachas isto bem? – perguntou a Lita num sussurro.
-Nunca ouviste dizer que numa noite de tempestade até um ursinho nu serve?
E foi assim que eu, literalmente, dormi com as duas… e há altura podia não o saber, mas que ainda me lembro do sonho que tive com elas…
(espero não ter molhado a cama…)
(…e se molhei, espero que elas não tenham dado por isso!)
Caraças... essas meninas, são só ameaças e nunca partem para os finalmente, pobre do Alfredo eheheheheh
ResponderEliminarMas aqui para nós, que ele não tá a ouvir, o miúdo é um cadito xoninha, do tipo nem lá vou, nem lá faço falta :))
Pá, se não fosse o atadinho, não havia motivo para contar a história, não achas?
ResponderEliminarIsto, ao fim ao cabo, poderá ser visto pelos xoninhas do mundo como uma espécie de livro de auto-ajuda, ou assim...
Imagina tu quantos xoninhas não poderão aprender algo importante com esta história?
É um verdadeiro serviço público, o que estou a fazer aqui! Marrões do mundo, atentai ao que aqui vos é dito!
LOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOL
(mas é melhor não levarem isto de uma maneira muito literal que as hipoteses de viverem com uma Cris e uma Lita são astronomicamente reduzidas!)
:)