sexta-feira, 22 de abril de 2016

Continuação da história de Balbaaq, o Asqueroso



Os Resguardadores eram uma profissão que tinha surgido entre os Bárbaros!
Quando alguém tinha algo muito valioso ou a que estimava bastante, fosse uma jóia, uma estátua, uma carroça, uma casa ou até mesmo uma mulher, podia dirigir-se a um Resguardador.
Este, inquiria o proprietário acerca do bem e de que o queria resguardado, avaliava o risco e propunha uma quantia que teria de lhe ser paga anualmente para o bem ficar Resguardado.
Por exemplo, o valor de resguardo de um palácio numa zona de conflito era bastante mais elevado do que o de um palácio idêntico numa zona pacífica. Ou o valor de Resguardo contra inundações de uma colheita numa zona de inundações era muito maior do que que o Valor do mesmo tipo de resguardo numa zona onde estas não fossem comuns!
Claro que, caso houvesse algum dano na propriedade enquanto o contrato estava válido e esse dano constasse no contrato, o Resguardador pagaria por inteiro o valor do bem danificado, resolvendo assim o contrato.

Balbaaq, após adquirir as Torres dos Três Sábios por uma quantia fabulosa, dirigiu-se ao mais conhecido dos Resguardadores da Vinlândia, reino bárbaro mais próximo de Shamash com quem havia boas relações comerciais, e Resguardou as torres. No entanto, embora tivesse de despender mais dinheiro, Resguardou-as pelo triplo daquilo que lhe tinham custado.

Entretanto, fez algumas modificações nas torres, alugando terraços para os ricos e poderosos cujo valor aumentava conforme se subia na torre. Fez apenas uma excepção, reservando o penúltimo terraço para si e o superior que foi oferecido a Shimiu, o Obtuso, atitude que agradou imenso ao rei.

Durante algum tempo a situação manteve-se assim enquanto Balbaaq, o Asqueroso, observava com vivo interesse as batalhas entre os Barbaros da Vinlândia e os Selvagens de Exudax. Os Bárbaros ganhavam cada vez mais vantagem, destruindo as culturas de tremoço e substituindo-as por cevada, encarecendo os tremoços contrabandeados a um ponto que deixou de ser rentável, anulando assim as fabulosas margens de lucro que tinham feito de Balbaaq um dos homens mais ricos de Shamash, e quem sabe do mundo.

Foi então que o desastre aconteceu.
Numa única noite, incêndios que deflagraram em ambas as torres destruíram-nas por completo. Para grande desgosto dos habitantes de Ashtram as torres foram reduzidas a ruínas, causando estragos enormes e incontáveis mortes por toda a cidade. Nas ruínas das torres foram descobertas garrafas de produto da fermentação do mosto e rapidamente foi acusado um dos lideres guerreiros radicais dos Bárbaros, Osiah, o Fanático.

Algo assim não devia passar impune e, assim sendo, Shimiu não teve outra alternativa senão declarar guerra aos Bárbaros. Estes, estando a lutar em duas frentes, foram rapidamente subjugados pelos superiores exércitos de Shamash, fazendo com que os Selvagens recuperassem o seu território original. Shamash, ocupou a Vinlândia e, com a desculpa das escaramuças que ainda havia com guerreiros Vinlandeses que se refugiaram nos montes e recusaram a assumir a derrota, mantiveram o território ocupado, colocando no governo do mesmo alguns poderosos locais cuja lealdade pendia conforme a sua disposição para se submeterem à vontade de Shamash. A cevada fluía da Vinlândia para Shamash a preços nunca antes vistos, resolvendo de vez o problema da escassez de produto da fermentação da cevada.

E Balbaaq?
Bem, esse acabou por receber o triplo do que tinha pago pelas torres, reconstruiu-as para alegria da população da Ashtram, embora tenha tornado o acesso a elas mais caro, desculpando-se com os custos da reconstrução, e voltou a ter lucros fabulosos com o contrabando de tremoços de Exudax, multiplicando rapidamente a sua fortuna.

Mas a maior consequência disto foi que nunca mais houve um dia de paz naquela região, à excepção do deserto de Shamar, que continuava a ser tão quente, mas tão quente, que ninguém lá ia!


Sem comentários:

Enviar um comentário

O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!