sexta-feira, 21 de maio de 2021

Um casamento moderno - XXIII & XXIV (Final)

 E com este segundo post de hoje (como costumo fazer às 6ªs Feiras), chegamos ao final desta história.


Na segunda-feira ela, assim que chegou a casa, anunciou-lhe com tristeza que teria de ir para fora, para uma conferência, no Fim-de-semana  seguinte. Teria de sair na quinta, dia dos anos dele e só voltaria no domingo à noite.

Ele, claro, ficou triste, por ela ter de se ausentar precisamente no dia do seu aniversário, mas ela disse-lhe que viria a casa almoçar com ele e só depois sairia em viagem. Pelo menos sempre teriam um bocadinho juntos…

No resto da semana ela parecia andar completamente distraída a trocar mensagens de texto no telemóvel, ria-se… Ele, compreensivelmente, estava notoriamente desiludido e começou a sentir um vazio enorme no peito. Não esperava de todo isto!

Na quinta-feira, dia do seu aniversário ela saiu cedo mas, tal como tinha dito, veio almoçar com ele. Depois arrumou uma mala com algumas coisas, deu-lhe um abraço forte e apertado e saiu, dando-lhe um pequeno envelope com um cartão.

-E a minha prenda para ti! Acho que qualquer outra coisa seria superficial. Abre só depois de eu sair, OK?

Ele assentiu, ela chegou-se a ele, abraçou-o, forte, chegou-se a ele e, pela primeira vez em meses ele não lhe virou a cara quando ela fez questão de o beijar. Os lábios tocaram-se, colaram-se, as línguas envolveram-se numa dança nitidamente carregada de desejo. Quando finalmente se separaram estavam ambos sem folego. Ela via aquele fogo no seu olhar e sentia ela própria um fogo na alma… Esteve muito perto de mandar o plano à fava, empurra-lo para o sofá tirar a roupa e…

Mas conteve-se a custo!

Acabou por sair de casa e dirigir-se ao hotel onde tinha alugado um quarto para passar essa noite. As suas companheiras de “crime” ainda lhe propuseram que ela passasse a noite em casa de uma delas, mas não se conheciam bem e ela não queria sobrecarregar ninguém.

Ligou-lhe à noite, depois do jantar. Ficaram horas ao telefone, a falar como se fossem dois adolescentes, até entrarem pela madrugada adentro. Ela não queria que alguma dúvida ficasse nele de que ela estaria com alguém.

No dia seguinte foi trabalhar normalmente, e quando voltou ao hotel, ao fim da tarde, trazia já consigo um lanche ajantarado. Logo que acabou de comer foi tomar um longo banho e foi-se arranjar para sair. Quando acabou, dirigiu-se à recepção, entregou a chave do quarto, e arrancou.

Quando chegou ao destino foi buscar o estojo castanho à mala do carro, pegou no telemóvel e mandou uma mensagem. Entretanto viu à distância a Marta e o seu grupo de amigas a entrar no espaço onde ela se dirigia. E, de repente, recebeu uma resposta à mensagem e avançou.

O porteiro, assim que a viu com o estojo, franqueou-lhe a entrada.

Ela entrou e rapidamente viu a mesa onde estava Marcelo, de costas para si. Avançou sorrateira, sendo claramente notada por toda a gente, menos ele. Numa outra mesa, um outro homem sozinho olhava-a com antecipação e luxúria no olhar, mas ela seguiu em frente e nessa altura uma das funcionárias da casa chegava à mesa com um bolo de aniversário de velas já acesas, para enorme surpresa de Marcelo enquanto os seus companheiros e as suas mulheres se riam do seu embaraço.

-Mas como é que vocês souberam?

-Mas achavas que não íamos descobrir?

A Marta e as amigas a aproximaram-se da mesa e deram os parabéns, com a Marta a aproveitar para dar um abraço algo mais apertado e insinuante. Cantaram todos os parabéns, abriram uma garrafa de espumante e o Lucas disse a Marcelo:

-Acho que há alguém atrás de ti que também quer um copo… - piscando-lhe o olho.

Marcelo virou-se. Ela estava ali. Absolutamente deslumbrante num vestido que lhe realçava cada curva do corpo com sensualidade, carregado de transparências que fazia trabalhar a imaginação de qualquer homem.

Ela pousou o estojo no chão e esticou a mão, recebendo a taça de champagne. Levantou o copo, numa saudação, no que foi seguida por toda a gente, deu um golo e disse-lhe:

-Parabéns!

Depois, jogou-se-lhe nos braços, apertou-o contra si, e sem esperar qualquer espécie de aprovação colou os seus lábios aos dele, ofereceu-lhe a sua língua, envolveu-o, sentiu a sua rigidez, mas não se importou. Ele era dela! De mais ninguém!

Marta observou isto tudo meio em choque e a pensar “Mas quem é esta mulherzinha?”, irritada, mas afastou-se rapidamente com o seu grupo.

Ela finalmente quebrou o beijo, chegou-se ao ouvido dele e disse num sussurro:

-Tenho duas prendas para ti, uma que precisas e uma que queres mas ainda não sabes! Qual queres primeiro?

-Antes de te responder, Não era suposto só voltares no Domingo?

-Bem, se tivesse ido para fora, para uma conferência, era, mas como só fui passar a noite a um hotel para te fazer a surpresa, e a cama nem era grande coisa…

-És má!

-Eu sei… Mas diz lá que não gostas?

Ele olhou-a de lado, com um sorriso um bocado sacana.

-Mas, então, vais responder-me? – Perguntou ela.

Ele pensou um pouco.

-A que preciso!

Ela baixou-se, agarrou no estojo e entregou-lho.

-Espero que gostes!

Ele pousou o estojo, abriu-o e ficou estupefacto a olhar para a guitarra.

-É para usares hoje. A tua velhinha já merece um descanso… Mas, anda, quero dar-te a outra prenda.

Ele deixou a tampa do estojo cair, sem o fechar e pegou na mão que ela esticava para ele, seguindo-a até uma mesa onde estava um tipo sozinho que, por esta altura, olhava para Marcelo já sem um pingo de sangue na face e olhava em volta como se procurasse um sítio para onde fugir. Lá chegada ela dirigiu-se ao tipo:

-Pedro, este é o Marcelo, Marcelo – disse virando-se para o marido – este é o Pedro.

Os dois cumprimentaram-se,  sem Marcelo saber o que pensar. Ela continuou:

-Pedro, este é o meu marido. – Os olhos do homem abriram com uma expressão de medo absoluto. Ela continuou - Marcelo, este é o paspalho.

Marcelo ficou a olhar para ela com um misto de surpresa e irritação. Depois de uns instantes para processar a informação, perguntou-lhe:

-Isto é uma maneira de quebrares as tuas regras?

Ela sorriu, abraçou-o e respondeu:

-Não, querido! É uma maneira de as reforçar…

E piscou-lhe o olho!

Ele percebeu. Olhou para o outro tipo já com um sorriso sacana no canto dos lábios, encolheu os ombros e deixou-se arrastar por ela de volta à sua mesa…


 


 

XXIV

 

O concerto foi espectacular e Marcelo não deixou de reparar na cumplicidade que parecia já existir entre Clara e as companheiras dos seus colegas de banda. Tocou todo o concerto com a guitarra nova que estava afinada completamente a seu gosto.

-Espero que esteja confortável… - disse-lhe Lucas no intervalo de um dos temas!

-Tu já sabias, sacana!

-Então, ela foi ter comigo… Que é que achas da menina?

-Está mesmo no ponto. Obrigado pá!

O concerto acabou e o bar foi ficando vazio. Algumas das ultimas pessoas a sair foram as raparigas do grupo de Marta, que ainda fez questão de ir cumprimentar Marcelo, mas que percebeu que era fuzilada a cada momento pelo olhar de Clara, que observava cada gesto seu. Depois o palco foi arrumado enquanto Clara e as outras companheiras continuavam numa animada cavaqueira.

Entretanto Marcelo foi dispensado pelo resto do grupo de ir pôr o material na garagem e seguiu directo para casa com Clara.

Ela passou-lhe as chaves do carro, que ele recebeu com naturalidade. Normalmente era ele quem conduzia.

Arrancaram e ele percebia que ela o olhava de uma maneira a que ele não estava habituado. Apenas se apercebia dela pela sua visão periférica, mas a intensidade era inescapável.

-Desculpa por ontem. Custou-me imenso não te dizer nada, mas queria que o dia de hoje fosse mesmo especial para ti, na companhia dos teus amigos.

Ele sorriu.

-E desculpa também pela cena com o Pedro. – Ele ficou em silêncio e ela continuou – Ele ligou-me no meio da semana e fui almoçar com ele. – Confessou! Marcelo não disse nada.

-Precisava de fechar esta questão! – Continuou - Mas a maneira como ele falou comigo… Depois do que fez… Sabes que nem me sinto tão culpada por mim, mas falar com a mulher dele e perceber o quanto, sem o saber, a afectei… Ainda me dói na alma! E queria mesmo que tu soubesses que ele não significa nada para mim!

-Sabes, - disse ele finalmente em resposta - … por momentos fiquei bastante apreensivo!

-Bastante?

-Sim! Passou-me tudo pela cabeça… Até a hipótese de me estares a propor um ménage…

-Tonto!

-A sério! Passaram-me montes de coisas pela cabeça naquele instante, sobretudo as mais estúpidas. Mas quando disseste que era um reforçar da regra…

Ela sorriu, feliz na certeza de que não precisava de explicar mais… Ele tinha entendido!

-Se tu soubesses… - disse ela mudando de assunto - …o quanto é chato, às vezes, não usar roupa interior…

Ele levantou o sobrolho.

-Não estás a usar roupa interior?

-Não! – Respondeu ela e levantando a saia perguntou-lhe – Vês?

Ele olhou e constatou que era verdade.

-Ficava feio, por baixo deste vestido…

-Mas tinha sido mais prático… – respondeu ele com um ar gozão.

-Tinha! Mas não era a mesma coisa… - disse ela, com aquela intensidade no olhar que o estava a mistificar.

-Pois… - disse ele com um sorriso alargado e um lampejo de fogo nos olhos a que ela não ficou indiferente - …não era.

Ela tocou o seu sexo, expondo-se a ele, claramente excitada e disse:

-Na maior parte do tempo até é mais confortável, mas em alturas assim… - e tocou-se de novo, soltando um pequeno suspiro - … torna-se complicado!

-Compreendo o teu problema! E achas que posso fazer alguma coisa para te ajudar em relação a isso?

-Não sei! – Respondeu ela – A única coisa que eventualmente me ocorre é que pares o carro num sítio escondido qualquer para eu te arrastar para o banco de trás e te dar uma foda que te abane o mundo, que acho que não posso esperar até casa!

Ele olhou para ela, sorriu…

…e ligou o pisca…


F I M

10 comentários:

  1. Um final com fogo de artifício ahahahahah

    Boa tarde, sô Gil

    Até breve, espero eu :)

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    1. Bem, só saberiamos se houve fogo se houvesse mais umas linhas... LOOOOOOOL

      Estás sempre à vontade para me chatear, não te acanhes...
      ...posso não andar muito presente por aqui, mas sabes onde me encontrar, por isso... ;)

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    2. Para chatear :(

      Carago! magoei
      ahahahahahah

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    3. Chatear no bom sentido LOOOOOL

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  2. Tudo está bem quando acaba bem. Que sejam felizes para sempre...com mais ou menos f**** conforme for a apetência de ambos. Eheheheheh

    Beijinhos e abraços e volta sempre que o desejares, Caro Gil.

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    1. Pois...
      ... Não queria que está história acabasse como as que lhe serviram de inspiração...
      ... Nenhuma acabou bem...

      Bjs, um abraço forte descovidado e tudo de bom :)

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    2. Oh...lamento, Gil.
      Porém, há sempre um amanhã...

      Fica bem e cuida-te.

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    3. Quanto ao ficar bem já não tenho grandes esperanças...
      5 anos com dores, da para chatear...
      ... Não mata mas mói...

      Quanto ao resto, vou fazer por isso :)

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  3. Reli tudo. Fez ligeiras alterações no episódio anterior e gosto mais assim. Ficou melhor.
    Para quando um próximo?
    Abraço, saúde e bom fim de semana

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    1. Fiz. Achei que como estava criava problemas que eram mais difíceis...
      ... Assim tudo fluiu melhor :)

      Isso agora...
      ... Só mesmo quando me der na telha... ;)

      Abraço e tudo de bom, Elvira

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