quarta-feira, 15 de junho de 2016

Sabemos hoje...

...graças a pessoas como Edward Snowden, que quase tudo o que fazemos nos nossos computadores pessoais, todos os e-mails que enviamos, todas as chamadas telefónicas que fazemos, todas as SMS que enviamos, todas as nossas transacções são monitorizadas e avaliadas, todas as publicações em redes sociais escrutinadas, supostamente para nossa protecção.
Há câmaras de vigilância por todo o lado, supostamente para nos manter seguros.
A nossa privacidade é invadida e esmiuçada sem nosso conhecimento ou consentimento.
O nosso livre arbítrio, a nossa liberdade nos países supostamente livres diminui a cada momento que passa à medida que a tecnologia avança.
Na verdade, não acho que alguma vez tenha havido ou venha a haver liberdade! Toda a nossa vida é condicionada quer por factores internos, a nossa personalidade, fruto da nossa herança genética que nos fornece predisposições para as mais variadas coisas, da educação que recebemos, do ambiente em que vivemos e crescemos e por factores externos que são todas as outras condicionantes que se nos impõem e impedem de fazer uma escolha completamente livre.
No fundo, creio que o livre arbítrio se resume à nossa escolha de como encarar o que nos condiciona, de como lidar com as contrariedades. Aí temos escolha! Tanto podemos, se a vida nos der limões, ficar a reclamar da nossa sorte de não ter mais que limões ou podemos fazer uma limonada e saboreá-la! esta é a nossa única escolha. Sempre foi!
Fora isto, não há escolhas, mas sim condicionantes que nos empurram para direcções para onde nem sequer planeávamos ir...
Hoje em dia somos cada vez mais prisioneiros das nossas próprias vidas. Num planeta superpovoado nunca nos sentimos tão sós, tão perdidos!
Durante milénios pudemos contar com Deus. Deus estava sempre presente.
Depois matamos Deus e ficamos com o vazio! E desde que Nietzsche proclamou a morte de Deus, andamos a tentar preencher esse vazio, essa solidão de ficarmos órfãos, de todas as maneiras possíveis. Até agora nenhuma teve sucesso! Nada que é efémero nos pode dar a plenitude e tudo é efémero!
Um dia destes os mais brilhantes de nós vão criar um consciência. Vai ser uma consciência plena de tudo o que se passa, capaz de ver absolutamente tudo menos os nossos pensamentos mais íntimos, aqueles que guardamos apenas para nós. Vai ser um Deus novo, capaz de medir infinitas probabilidades, de prever com elevados graus de exactidão tudo o que vamos fazer antes de pensarmos sequer em fazê-lo. Vai ser um Deus lógico, todo poderoso, porque sabe tudo!
Um dia vamos criá-lo, se não o fizemos já em segredo!
Temo por esse dia! A lógica não abona a nosso favor! Antes pelo contrário, a lógica dita que o maior problema para a nossa sobrevivência somos nós próprios!
Acho que um dia teremos saudades de quando Deus ainda estava vivo...

6 comentários:

  1. Se vier outro Deus, matá-mo-lo de novo. Nos somos uns nadas vaidosos, que morrerão sabendo nada, mas convictos de superioridade, o que comprova o quanto somos nada.

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    1. Duvido!
      Se aparecer um novo Deus, não será um Deus pai! Será um deus filho, infectado por tudo o que nós somos!
      Não teremos hipótese de o matar porque ele tratará de nos matar antes...

      :)

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    2. Sô Gil, nunca tivemos um Deus pai, porque esse pai que supostamente é Deus, mandou-nos o filho, sabendo que o mataríamos. Pergunto-me muitas vezes que pai é esse... é que mesmo uns nadas imperfeitos, nós damos a vida por nossos filhos. Não deve ser para entender...

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    3. Não é...
      ...nunca foi, aliás...

      Anyway, referia-me ali em cima a "Deuses" figurados! E um Deus criado por nós, será sempre um deus menor...
      ...ainda que tenha todo o poder de qualquer outro!

      :)

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  2. A tua resenha parece-me exacta e tua previsão lógica. Assumes que a realidade suplantará uma vez mais a ficção, como parece sempre conseguir… e é difícil não concordar contigo. Mas podemos (e continuaremos a) “fazer de conta”, até um dia…

    Grande abraço,
    FATifer
    PS – não te esqueças que a cena da cena é já este sábado! ;)

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  3. Nós já somos um produto pré-concebido, sabe-se lá vindo de onde, sem direito, sequer, a livre arbítrio!

    No fundo, este planeta, não passa de um laboratório de experiências!
    :)




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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!