quinta-feira, 23 de junho de 2016

noname,...

 ...vou-te dar uma perspectiva muito pessoal acerca disto.

Já afirmei por diversas vezes que nunca foi uma aspiração minha ter livros editados. Simplesmente aconteceu. Escrevi "Os dias mais estranhos" (que andam aqui perdidos neste blog, na integra) como forma de organizar a minha cabeça acerca de uma altura que foi algo confusa na minha cabeça. Nunca foi para ser editado e, apesar de alguma insistência, não foi! Já o segundo foi por uma questão de curiosidade e porque a história se me apresentou de uma maneira que tornou impossível não a escrever, bem como o segundo e o terceiro! Houve um editor, o Paulo Afonso Ramos da Lua de Marfim Editora, que leu os dois primeiros ("Lilith" e "Chuva" - só mais tarde leu "Os dias mais estranhos", mas não como um livro a editar, mais como uma partilha com um amigo) e achou por bem editar o Lilith em 2011. Desafiou-me dois anos depois para nova aventura e foi desse desafio que nasceu o "Conscientização" que já leste. Mais tarde apostamos no "Treta de Cabos" mas foi aqui que as coisas deram para o torto. Se no resto ele lidava comigo, e só comigo, e eu estava disponível para tudo mas nunca me importei com vendas (francamente não faço ideia do que qualquer um deles vendeu) o "treta de Cabos" tinha objectivos, foram feitas algumas promessas verbais das quais nenhuma se veio a realizar! E o Paulo estava à vontade comigo, mas os XXL Blues são cinco pessoas...
Fora isto, o mercado editorial Português está pejado de pseudo-editoras que não servem de filtro de qualidade e editam tudo o que se lhes pagar para editar! Até pejado de erros ortográficos! Além disso está também pejado de pseudo-escritores e pseudo-poetas que tem egos maiores que o talento e de pessoas que faltam à palavra dada com uma facilidade assustadora caso da pessoa responsável pelas Edições Oz.

Em relação à música, conheço o mercado e sei com que contar. As bandas de originais que não são montadas por máquinas de produção em série com músicas de fórmula e vendidas em novelas não chegam longe e nem sequer têm sítios para tocar. É incrível que um país com bandas como os Dazkarieh - se não conhecem, recomendo vivamente - Três por cento, Ossos do ofício e tantas outras não esteja a exportar mais música do que importa.
No caso destas músicas, por exemplo, se eu as quisesse tocar ao vivo teria de ter uma banda atrás de mim, com músicos que não vivem do ar. Teria de ter a garantia de ter um nº mínimo de concertos em que os valores por actuação pagassem aos músicos, as despesas todas e ainda me desse algum lucro porque eu também não vivo do ar. Não seria exequível montar uma banda para tocar estes temas num único concerto!

Portanto não é uma questão de não pôr crédito, ou questões de auto-confiança! É simplesmente olhar para a realidade de um país onde se é celebre por se ser célebre, onde qualquer Zé Manel edita um livro, onde um canal público de televisão pago por mim e mais 10.999.999 pessoas faz um concurso nacional fechado, convidando quem lhe convém para concorrer, onde um administrador de um banco tira um mestrado antes da licenciatura, onde só se consegue chegar a algum lado se se conhecer as pessoas certas, independentemente de se aquilo que fazes tem qualidade ou não!
Daí eu virar as costas a estes mundinhos e a estas pessoas "pequeninas" e fazer aquilo que me dá na telha.
Uma vez que és das pessoas que sabe a diferença entre o que escrevo por aqui (que muitas vezes nem é corrigido e é feito com um gozo tremendo) e aquilo que escrevo num modo mais "sério", acredito que terás a noção de que aquilo que faço a sério é porque acredito que têm alguma coisa de especial, nem que seja somente para mim!
Ninguém é obrigado a gostar do que escrevo, ninguém é obrigado a gostar do que componho!
E daí este agradecimento, porque acredito que quem partilhou e comentou não o fez por frete, como muito bem disse aqui o nosso amigo Observador.
Por tudo isto, poderás ver que o meu ego está bem e recomenda-se! E, apesar de relaxado pelas massagens que tem recebido nos últimos dias, já passou o tempo em que ele inchava! Mas, lá que fica feliz...

E agora vou espreitar o blog do tipo que acha que não escreve bem...

Bj Grande

:)

8 comentários:

  1. Conheci o seu blog através do blog do Observador. Ouvi lá o tema Aqua Luminae. Gostei imenso. Mais tarde voltei a ouvir no blog da Janita. Ouvi-o ainda uma terceira vez quando me desloquei a este espaço. É muito belo. Também já ouvi outras composições, aqui ou no You Tube.
    É uma pena que composições destas não tenham outro destino, mas como diz em Portugal, não se valoriza verdadeiramente o que cá se faz.
    Tenho a certeza que vou continuar por aqui e que vou ouvir as próximas com a mesma atenção. E claro também ler aquilo que por cá apareça.
    Abraço

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    1. Elvira, não precisa de ter qualquer tipo de formalismo comigo! Sou bastante informal e pelo menos aqui o unico Senhor (a existir - acredito que sim, mas crenças não são verdades) está no céu!
      Portugal nunca valorizou aquilo que é seu se não for validado por alguém de fora!
      A Mariza andou com o album de um lado para o outro e nenhuma editora Portuguesa apostou nela! Mas depois de uma editora Holandesa o fazer ela passou a ser a maior do bairro, quiça até da freguesia inteira!
      O Saramago era talvez o escritor mais olhado de lado por cá. Depois ganhou um Nóbel e passou de besta a bestial com uma velocidade impressionante! Toda a gente foi a correr comprar livros do Saramago para pôr na estante lá de casa. Metade dos que foram vendidos nunca foram sequer abertos!
      A História de Portugal está pejada de casos mais ou menos caricatos em relação a isto. Já não é defeito, é feitio...
      ...mas é pena!
      Muito obrigado. Instale-se e ponha-se à vontade aqui neste meu cantinho

      :)

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  2. Tábenhe!!! Mas que fico com pena que se percam coisas com qualidade, lá isso fico. Que queres... feitios. :)

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    1. E acredita que há por aí coisas mesmo muito boas...
      ...e que não chegam aos ouvidos de ninguém!
      Nem aos olhos de ninguém!
      Mas enfim, é o que temos...

      :)

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  3. " (...) há por aí coisas mesmo muito boas ...
    ...e que não chegam aos ouvidos de ninguém!"

    E porquê, meu caro?

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    1. Isto é uma resposta complicada! Não há um Porquê isolado, há uma data de Porquês avulsos mas que somados dão nisto!
      Claro que não tenho mais do que alguma experiência pesoal para falar disto mas, do meu limitado entendimento, cá vai:
      -Falta-nos um Julio Isidro! Os programas do Julio Isidro nas tardes de fim-de-semana puseram no mapa a maior parte dos grupos e artistas que hoje andam por aí! Trouxeram-nos às massas! Se não fosse por ele, não sei se alguma vez teriamos ouvido o "Quero ver Portugal na CEE"...
      -Falta-nos programas de autor não submetidos a playlists. Existem em radios locais, mas sem a expressão que teriam em rádios nacionais. Não me admira minimamente aquilo que as radios façam o que fazem hoje, sendo parte de grandes grupos economicos de que fazem parte também editoras, e são um negócio, mas não me admira que o foco da rádio passe cada vez mais pelos apresentadores com piada do que pela música, porque um gajo só consegue ouvir a mesma música umas quantas vezes por dia.
      -Há, como sempre houve, uma tendencia em Portugal em desvalorizar aquilo que é nosso, quer localmente - pode-se ver as câmaras municipais a gastar quantias grandes em artistas de primeira linha para as suas festas mas depois pedem aos artistas locais para irem tocar de borla, para fazer divulgação
      -Durante anos, de norte a sul, as Câmaras foram as principais dinamizadoras dos concertos. E as pessoas habituaram-se a ir ver os grandes artistas nacionais de borla! Quando o dinheiro acabou, acabaram os concertos! Depois vemos concertos de artistas internacionais de segunda linha esgotados a preços altíssimos, mas ninguém está disposto a deixar de comprar um maço de tabaco para ver artistas locais
      -A falta de locais para tocar por parte de projectos originais empurrou os músicos para bandas de covers. Quando eu comecei a tocar em bares, ainda nem o Euro existia, ia tocar a qualquer expelunca por 70.000$00. Hoje em dia é raro conseguir verbas acima dos €200. A maior parte das bandas cobra menos que isto. Os donos dos bares não põem bandas de originais a tocar porque os clientes querem ouvir sempre as mesmas músicas (independentemente das bandas que estão a tocar) e se a malta não tocar o "you shook me" dos AC/DC e mais meia duzia de clássicos, a banda não presta. À excepção de bandas de tributo que tem todo o repertório em volta de um artista, os outros tocam todos o mesmo.
      -Ser músico saiu de moda! Hoje em dia vai-se ver um concerto onde um gajo carrega num botão para disparar um DVD e depois passa duas horas em cima do palco aos pulos de mão levantada a curtir enquanto o DVD dispara a música e as projecções de video correspondentes e toda a gente diz que foi ver um concerto!

      E podia continuar a desfilar aquelas que eu acho que são as razões, há muitas mais além destas.
      Remédio? Nada menos que uma mudança de mentalidade que não acontecerá tão cedo, por isso...

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  4. Sem grandes conversas gosto do que oiço e do que leio. Vou sempre voltar aqui. :)

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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!