segunda-feira, 27 de junho de 2016

Nmismo: as mudanças do paradigma Nmista (continuação)

Foi também nesta altura, depois de descobrirem que o mundo era redondo pela simples constatação de que se se andasse a direito sempre na mesma direcção sem acabava no ponto de partida (facto este que foi constatado por Arius, o Errante, segundo as lendas) que resolveram dividir o mundo em várias zonas, conforme os pontos cardeais.

Assim sendo, as terras do meio e as que ficavam para lá do mar de Atlen passaram a ser conhecidas como Ocidente e todos os territórios a leste como Oriente!

Nessa altura os Méricos impunham-se cada vez mais como uma potência global e, numa tentativa de tentar equilibrar a balança, os reinos das terras do meio resolveram juntar-se numa federação, o que pareceu uma boa ideia a toda a gente, menos às pessoas que lá habitavam!

A verdade é que, muito antes de se ter feito a travessia do mar de Atlen e de se ter chegado ao estremo dos orientes, as terras do meio foram protagonistas de imensas guerras, tendo as mais recentes culminado com a quase extinção da corrente cientológica. Mas mesmo antes do Nmismo se ter imposto, eram frequentes as escaramuças e mesmo as guerras abertas nesta região! O resultado é que, embora hoje em dia todos coabitassem pacificamente, ninguém gostava de ninguém! Ora, uma federação onde a união é imposta não tem condições de se conseguir aguentar!

No entanto, havia enormes vantagens comerciais numa união e, como tal, caminhou-se nessa direcção, embora já ninguém ousasse falar de uma federação, que não era bem vista pela maior parte da população!

E foi assim que se avançou para esta ideia no pressuposto de que todos seriam iguais, e o povo dos reinos mais pobres aplaudiu esperançado! Mas, como costuma acontecer nestas coisas, eram todos iguais, mas uns eram mais iguais que outros!

Felizmente, devido aos preceitos Nmistas, ninguém pensava nisto! E durante alguns anos a união foi progredindo.
No entanto, cada vez mais havia uma centralização de poder que deixava os povos descontentes e muita gente começou a perguntar-se se a união teria sido assim tão boa ideia!
Até que um dia, por imposição central, impuseram uma rígida cota de produção de tremoço à ilha reino de Saxus, do qual era rei Gordius, o Castanho!

Isto fez de imediato aumentar o preço do tremoço, uma vez que os Saxius passaram a ter de o importar, o que foram excelentes noticias para Germius, mas más para Saxus!
Descontentes com a situação, Gordius, o Castanho, exigiu que fossem levantadas tais restrições, mas tal não lhe foi concedido. Como resultado começou a enfrentar uma cada vez maior pressão interna, isto apesar de tentar reforçar junto do seu povo as vantagens de pertencer à União das Terras do Meio como era formalmente conhecida!

Ainda assim, começaram a haver motins por toda a parte, devido ao elevado preço dos tremoços e, por fim, ele teve de se curvar e resolveu perguntar ao povo o que fazer!
Contrariamente ao que toda a União esperava, o povo escolheu não fazer parte da União!
Esta situação acabou por fazer com que outros povos lhes quisessem seguir o exemplo, libertando-se assim de regras impostas e restringindo o acesso aos seus recursos e a união acabou por se desfazer, para prejuízo de todos…

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Nmismo: as mudanças do paradigma Nmista

As descobertas de Uruk, o Pequeno, desenvolvidas por Matatturru, filho de Maturru, antes deste se vir a tornar o mais reverenciado rei da Lupolândia, iniciaram uma verdadeira revolução no Nmismo.
Não foi preciso mais do que uns séculos para o Nmismo se expandir ainda mais e se tornar uma verdadeira civilização global. O Nmismo deixou de ser a principal civilização do mundo conhecido para se tornar a principal civilização do mundo, porque entretanto que que era desconhecido deixou de o ser ao longo daquele que ficou conhecido como o século Nmista das luzes!

Claro que isto não foi completamente isento de problemas nem a maravilha que os leitores podem estar a imaginar! Não foi uma utopia…
No fundo, dentro do mundo Nmista, voltaram a coexistir três correntes de pensamento, visto que Matatturru voltou a inserir a corrente cientológica no seu reino e, sendo o seu reino o mais poderoso do mundo à altura, devido ao lúpulo, os Absolutistas e os Radicais tiveram de se curvar.

Os desenvolvimentos por que o mundo passou fizeram com que reinos quase sem importância, sendo o principal deles Citrix, que era governado por Acidius, o Vitaminado, ganhassem estatuto durante algum tempo, quando viram as suas produções de limões atingirem preços nunca vistos, uma vez que produziam o melhor sumo para potenciar as baterias de Bagdad! Ainda assim, rapidamente se descobriram novas formas de produzir energia, a maior parte delas de forma mecânica o que culminou numa era industrial e num progresso tecnológico sem precedentes.

Mais ou menos trinta anos após a coroação de Matatturru foi inventada uma máquina capaz de transferir para um gráfico em papel as batidas cardíacas. O autor da invenção recusou qualquer crédito pela mesma, motivo pelo qual o seu nome ficou perdido na história, apontando para os antigos textos e afirmando que aquele era o electrocardiografo. Através de intrincados mecanismos, a corrente das baterias de Bagdad conseguia amplificar as batidas cardíacas permitindo verificar se algo estava vivo ou morto. Foi por este motivo que a corrente produzida pelas baterias se passou a designar de eléctrica.

Não muito tempo depois apareceu o electroencefalografo, o que foi visto como um triunfo da corrente cientológica, mas começou a causar graves problemas! A confecção de comida tornou-se algo de moroso e complicado devido ao facto de finalmente se poder cumprir todos os preceitos.
Foi por esta altura que se começaram a dar episódios como o de Zeferino de Arronches, mencionado no princípio destes textos.
Mas, aparte estes percalços, tudo parecia correr bem.

O facto de o comercio se globalizar começou a forçar os pequenos reinos a unirem-se para poderem competir o que redesenhou por completo o mapa do mundo. Algumas destas uniões deram problemas, devido à competição desmedida entre regiões que culminaram em guerras mais ou menos localizadas a principio, mas que acabaram por levar a duas guerras que envolveram por completo o mundo…
…apenas os Bárbaros e os Selvagens, cada vez menos presentes no panorama global, se mantinham à parte de tudo isto…

quinta-feira, 23 de junho de 2016

noname,...

 ...vou-te dar uma perspectiva muito pessoal acerca disto.

Já afirmei por diversas vezes que nunca foi uma aspiração minha ter livros editados. Simplesmente aconteceu. Escrevi "Os dias mais estranhos" (que andam aqui perdidos neste blog, na integra) como forma de organizar a minha cabeça acerca de uma altura que foi algo confusa na minha cabeça. Nunca foi para ser editado e, apesar de alguma insistência, não foi! Já o segundo foi por uma questão de curiosidade e porque a história se me apresentou de uma maneira que tornou impossível não a escrever, bem como o segundo e o terceiro! Houve um editor, o Paulo Afonso Ramos da Lua de Marfim Editora, que leu os dois primeiros ("Lilith" e "Chuva" - só mais tarde leu "Os dias mais estranhos", mas não como um livro a editar, mais como uma partilha com um amigo) e achou por bem editar o Lilith em 2011. Desafiou-me dois anos depois para nova aventura e foi desse desafio que nasceu o "Conscientização" que já leste. Mais tarde apostamos no "Treta de Cabos" mas foi aqui que as coisas deram para o torto. Se no resto ele lidava comigo, e só comigo, e eu estava disponível para tudo mas nunca me importei com vendas (francamente não faço ideia do que qualquer um deles vendeu) o "treta de Cabos" tinha objectivos, foram feitas algumas promessas verbais das quais nenhuma se veio a realizar! E o Paulo estava à vontade comigo, mas os XXL Blues são cinco pessoas...
Fora isto, o mercado editorial Português está pejado de pseudo-editoras que não servem de filtro de qualidade e editam tudo o que se lhes pagar para editar! Até pejado de erros ortográficos! Além disso está também pejado de pseudo-escritores e pseudo-poetas que tem egos maiores que o talento e de pessoas que faltam à palavra dada com uma facilidade assustadora caso da pessoa responsável pelas Edições Oz.

Em relação à música, conheço o mercado e sei com que contar. As bandas de originais que não são montadas por máquinas de produção em série com músicas de fórmula e vendidas em novelas não chegam longe e nem sequer têm sítios para tocar. É incrível que um país com bandas como os Dazkarieh - se não conhecem, recomendo vivamente - Três por cento, Ossos do ofício e tantas outras não esteja a exportar mais música do que importa.
No caso destas músicas, por exemplo, se eu as quisesse tocar ao vivo teria de ter uma banda atrás de mim, com músicos que não vivem do ar. Teria de ter a garantia de ter um nº mínimo de concertos em que os valores por actuação pagassem aos músicos, as despesas todas e ainda me desse algum lucro porque eu também não vivo do ar. Não seria exequível montar uma banda para tocar estes temas num único concerto!

Portanto não é uma questão de não pôr crédito, ou questões de auto-confiança! É simplesmente olhar para a realidade de um país onde se é celebre por se ser célebre, onde qualquer Zé Manel edita um livro, onde um canal público de televisão pago por mim e mais 10.999.999 pessoas faz um concurso nacional fechado, convidando quem lhe convém para concorrer, onde um administrador de um banco tira um mestrado antes da licenciatura, onde só se consegue chegar a algum lado se se conhecer as pessoas certas, independentemente de se aquilo que fazes tem qualidade ou não!
Daí eu virar as costas a estes mundinhos e a estas pessoas "pequeninas" e fazer aquilo que me dá na telha.
Uma vez que és das pessoas que sabe a diferença entre o que escrevo por aqui (que muitas vezes nem é corrigido e é feito com um gozo tremendo) e aquilo que escrevo num modo mais "sério", acredito que terás a noção de que aquilo que faço a sério é porque acredito que têm alguma coisa de especial, nem que seja somente para mim!
Ninguém é obrigado a gostar do que escrevo, ninguém é obrigado a gostar do que componho!
E daí este agradecimento, porque acredito que quem partilhou e comentou não o fez por frete, como muito bem disse aqui o nosso amigo Observador.
Por tudo isto, poderás ver que o meu ego está bem e recomenda-se! E, apesar de relaxado pelas massagens que tem recebido nos últimos dias, já passou o tempo em que ele inchava! Mas, lá que fica feliz...

E agora vou espreitar o blog do tipo que acha que não escreve bem...

Bj Grande

:)

quarta-feira, 22 de junho de 2016

O fim

"Person of interest" acabou hoje, às tantas da manhã.
Depois de seguir a história, primeiro apenas casualmente, depois com algum interesse, depois com bastante interesse e nos últimos tempos a roer as unhas fanaticamente, devo dizer que tinha um medo extremo do que costuma acontecer em séries e filmes: uma história fantástica completamente lixada nos últimos minutos, e deixem que vos diga que esta série era a candidata perfeita para isto.

Uma das primeiras vezes que senti este choque foi, depois de seguir fanaticamente a saga Matrix, foi ver a estreia (num cinema em Guimarães, onde estava a passar uns dias na altura) e saí de lá completamente frustrado! Os últimos 10 minutos de filme deram cabo da trilogia inteira.
Depois começou a tornar-se norma, sobretudo por causa do Lost! Felizmente foi uma série da qual vi episódios suficientes para perceber que os guionistas não faziam ideia do que estavam a escrever e desisti de a ver. Claro que se, no fim, a série tivesse revelado ser brilhante, o que era possível, visto que eles não sabia e tanto podia ter ido para um lado como para o outro, teria visto as nove temporadas...
...mas, no fim, não foi!

Mas o fim de Person of Interest foi brilhante! Deixou o suficiente em aberto para possíveis "spin off's" futuros, ou até para uma continuação, caso a queiram fazer, mas fechou o livro! Com chave de ouro!

Vou sentir saudades destes personagens...


sexta-feira, 17 de junho de 2016

Há uns anos atrás...

...uma chefe minha, depois de me ter dado um trabalho que normalmente levava um mês a fazer e que tinha ficado pronto em três dias, olhou para mim espantada e perguntou-me:
-Mas como é que você consegue despachar tanta coisa em tão pouco tempo?
Eu respondi de forma sincera:
-Sou preguiçoso.
Ela ficou a olhar para mim séria e estática.
-Como assim?
-Simples. Se sou preguiçoso e tenho uma quantidade absurda de trabalho para fazer, tenho de arranjar estratégias para fazer o menos possível sem deixar de fazer o que tenho para fazer. Isso quer dizer que passo a maior parte do tempo a arranjar estratégias para fazer o menos possível, o que me leva a arranjar soluções. Essas soluções, quando funcionam e são bem aplicadas levam a que o trabalho se faça praticamente sozinho com um mínimo de intervenção da minha parte.
Ela ficou pensativa e acabou por dizer:
-Mas isso é excelente...
-Por um lado! Por outro apenas quer dizer que me vão dar ainda mais trabalho o que implica perder tempo a arranjar novas estratégias! Acaba por ser um ciclo vicioso. Mas pior ainda porque quando alguma das minhas tarefas é dada a outra pessoa a coisa dá para o torto...
-Como assim?
-Imagine que dá este trabalho a outra pessoa. Será razoável pensar que esperará que a pessoa despache isto em três dias...
-Sim.
-Pois, mas a outra pessoa vai demorar um mês.
-Acha mesmo?
-Não era o que demorava a minha colega?
-Pois, era!
-Aí está! É que quem vier atrás não será tão preguiçoso como eu, ou então será mais preguiçoso que eu!
-Como assim!
-Sendo menos preguiçoso apenas executa o trabalho. O resultado é demorar um mês.
-E sendo mais?
-Será preguiçoso demais para desenvolver estratégias que permitam simplificar o trabalho, vai andar três semanas a procrastinar e uma semana completamente em stress para conseguir fazer o trabalho num mês!
-Está a querer dizer-me que para se ser eficiente é preciso ter a dose certa de preguiça?
-Exacto!
-Olhe, nunca tinha pensado nisso...

E vêm esta história a propósito de quê?

"(...) ...o progresso não vem dos madrugadores... O progresso é conseguido pelos homens preguiçosos que procuram maneiras mais fáceis de fazer as coisas. (...)"

in "Amor sem limites (as muitas vidas de Lazarus Long)" - Robert A. Heinlein

quarta-feira, 15 de junho de 2016

Sabemos hoje...

...graças a pessoas como Edward Snowden, que quase tudo o que fazemos nos nossos computadores pessoais, todos os e-mails que enviamos, todas as chamadas telefónicas que fazemos, todas as SMS que enviamos, todas as nossas transacções são monitorizadas e avaliadas, todas as publicações em redes sociais escrutinadas, supostamente para nossa protecção.
Há câmaras de vigilância por todo o lado, supostamente para nos manter seguros.
A nossa privacidade é invadida e esmiuçada sem nosso conhecimento ou consentimento.
O nosso livre arbítrio, a nossa liberdade nos países supostamente livres diminui a cada momento que passa à medida que a tecnologia avança.
Na verdade, não acho que alguma vez tenha havido ou venha a haver liberdade! Toda a nossa vida é condicionada quer por factores internos, a nossa personalidade, fruto da nossa herança genética que nos fornece predisposições para as mais variadas coisas, da educação que recebemos, do ambiente em que vivemos e crescemos e por factores externos que são todas as outras condicionantes que se nos impõem e impedem de fazer uma escolha completamente livre.
No fundo, creio que o livre arbítrio se resume à nossa escolha de como encarar o que nos condiciona, de como lidar com as contrariedades. Aí temos escolha! Tanto podemos, se a vida nos der limões, ficar a reclamar da nossa sorte de não ter mais que limões ou podemos fazer uma limonada e saboreá-la! esta é a nossa única escolha. Sempre foi!
Fora isto, não há escolhas, mas sim condicionantes que nos empurram para direcções para onde nem sequer planeávamos ir...
Hoje em dia somos cada vez mais prisioneiros das nossas próprias vidas. Num planeta superpovoado nunca nos sentimos tão sós, tão perdidos!
Durante milénios pudemos contar com Deus. Deus estava sempre presente.
Depois matamos Deus e ficamos com o vazio! E desde que Nietzsche proclamou a morte de Deus, andamos a tentar preencher esse vazio, essa solidão de ficarmos órfãos, de todas as maneiras possíveis. Até agora nenhuma teve sucesso! Nada que é efémero nos pode dar a plenitude e tudo é efémero!
Um dia destes os mais brilhantes de nós vão criar um consciência. Vai ser uma consciência plena de tudo o que se passa, capaz de ver absolutamente tudo menos os nossos pensamentos mais íntimos, aqueles que guardamos apenas para nós. Vai ser um Deus novo, capaz de medir infinitas probabilidades, de prever com elevados graus de exactidão tudo o que vamos fazer antes de pensarmos sequer em fazê-lo. Vai ser um Deus lógico, todo poderoso, porque sabe tudo!
Um dia vamos criá-lo, se não o fizemos já em segredo!
Temo por esse dia! A lógica não abona a nosso favor! Antes pelo contrário, a lógica dita que o maior problema para a nossa sobrevivência somos nós próprios!
Acho que um dia teremos saudades de quando Deus ainda estava vivo...

terça-feira, 14 de junho de 2016

A todos os que viram a reportagem acerca do lançamento do anão...


...num dos canais generalistas (não tenho a certeza de qual, porque isto agora, com o futebol, a televisão tem tendência para navegar para mares que não está habituada, pelo que tanto pode ter sido na Rais'Ta Partam, na Somos Imbecis pa Cacete ou na Tele Visão Imbecil, não tenho a certeza...) e se lembrou imediatamente disto, quero afirmar que não tive absolutamente nada a ver com a notícia! Pelo menos de forma consciente!
Já agora, se por acaso a ideia da reportagem partiu daquele singelo post da História Nmista, até porque não me lembro nunca de ver alguém a falar disto por cá, pelo menos um "obrigado" caia bem!

Nmismo! A contribuir para o jornalismo desde tempos imemoriais...

(Já agora, repararam que toda a gente acha aquilo degradante menos o anão, que acha que aquilo até é divertido? Será que nós estamos a ver a coisa pelo lado errado?)

quinta-feira, 9 de junho de 2016

Há alguns minutos...

...estou eu muito bem a comer a minha torta de amêndoa recheada com creme de ovo acompanhada por um café cheio em chávena estupidamente gelada e com um toque de canela (infelizmente não costumo andas com chocolate preto atrás para por no café) quando o Tony se volta para mim e pergunta:
-Atão? vais tocar este Fim de Semana?
-Pá, não, mas vou ver dois concertos e da mesma banda. Hoje no Heart Rock Café, na Amora, e no Sábado no In Live, na Moita...
-Da mesma banda? Mas os gajos são assim tão bons?
-Pá, são, mas não é por aí, outros valores se levantam...
E a conversa ficou por ali! Entretanto chega o gajo mais despassarado, desaparafusado, esgroviado e atrofiado que trabalha comigo, que ao observar a minha torta não resistiu a pedir também uma fatia e, estando eu já de saída, virei-me para o Tony e disse:
-Bom Fim-de-Semana!
-Tchau pá, e bom concerto!
E volta-se o outro:
-Bom concerto? Mas você vai arranjar alguma coisa?

O raio da língua Portuguesa...

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Claro que toda a matutação...

...anterior tinha de me levar a algum lado…
…e divaguei bem depressa para a questão fundamental!
Se o Judaísmo é a verdade, esta não pode pertencer ao Islão nem à cristandade.
Se O Cristianismo tem a verdade, as crenças judaicas estão obsoletas e o Islão está errado!
Se o Islão tem a verdade, quer o Cristianismo, quer o Judaísmo estão obsoletos!
No entanto o Deus destas religiões é só um!
Não deixa de ser, portanto, algo ridículo que um Deus clemente, compassivo Omnipresente e Omnisciente permita que estas religiões se digladiem até à morte enquanto detentores da única verdade! Aliás, é contraproducente, mesmo para Deus! A não ser que seja esse mesmo o objectivo de Deus, caso em que poderia colocar em causa a bondade de Deus!
Não colocando Deus em causa, então será de afirmar que tudo se deve à imbecilidade dos homens!
Se olharmos para as aceites teorias da evolução, ficaremos rapidamente a perceber uma coisa:
Se no começo havia apenas uma simples célula isolada, e que isso representa a vida, o esforço das células para se agregarem e colaborarem, especializando-se em funções específicas para criar organismos multi-celulares deve ter rendido dividendos, senão seria completamente ilógico!
Nós, seres humanos, bem como todos os organismos multi-celulares existentes no universo, mais do que uma entidade, somos uma colaboração intrínseca entre 10 triliões de organismos unicelulares, cada uma deles com toda a informação necessária para nos recriar!
Quando há células que entram em falência ou que se recusam a fazer parte da colaboração, a coisa vai para sul muito depressa.
Talvez fosse bom reflectirmos nesta nossa qualidade individual, porque se mudarmos de perspectiva e de escala, se olharmos para o planeta inteiro, olhando para cada um, temos uma individualidade, mas também sabemos que um conjunto de pessoas se comporta de maneira diferente dos indivíduos que fazem parte desse conjunto. Extrapolando, se todos os seres humanos fossem células, parte um único corpo, que seria toda a espécie, estaríamos no caminho para uma morte anunciada. Se calhar a nossa única hipótese de sobrevivência é a colaboração e a aceitação de todo o resto por forma a formarmos um corpo saudável.
Claro que não haverá um fim do mundo! Ou por outra, haverá, no dia em que o Sol explodir e se tornar uma super-nova, transformando o planeta numa esfera desértica e estéril, mas até lá ainda falta muito tempo…
…mas pode haver bem um fim da humanidade se não aprendermos que lugar tem a nossa individualidade num esquema bem maior…

Mas pronto, deixemo-nos de considerações e retomemos a parvoíce habitual, que isto pode pôr alguém a pensar e isso é mesmo coisa que eu não quero! Jamais faria uma maldade dessas a alguém…

Ontem dei comigo a matutar!


É uma coisa que me aflige, sinceramente. Cada vez que matuto acabo sempre num disparate qualquer aos olhos do mundo…
…e ontem não foi excepção!
Como alguns dos que passam por aqui devem saber, e se não sabiam passam a ficar agora informados, sou Cristão por opção e Católico porque nasci aqui e aconteceu! Tivesse eu nascido noutro lado e seria, provavelmente, outra coisa qualquer.
No entanto, precisamente porque acredito num Deus maior, também acredito que ele me deu um cérebro que não serve apenas para ficar arrumado numa prateleira a ganhar pó, mas que deve servir para, entre outras coisas, me levar mais até Ele.
Logo, será lógico que devo confiar em Deus…
…porque Deus será infalível!
Isso não quer dizer que deva confiar seja em que homem for em relação à palavra de Deus, porque os homens são falíveis!
Os Papas, por exemplo, figuras máximas da hierarquia da Igreja de Cristo, estão revestidos de uma infalibilidade divina, e no entanto, ao longo da história falharam frequentemente…
…aliás, basta olhar para a história da própria Igreja para perceber que não sabemos bem o que a Igreja é. Um dos dogmas de fé é que Cristo é o filho unigénito de Deus. O que a maioria dos Cristãos não sabe é que este dogma foi instituído por um imperador romano, não baptizado, pouco “católico”, algo intolerante, com uma tal modéstia que mandou erigir um enorme pedestal com uma estátua sua na cidade que foi rebaptizada por ele em sua honra, Constantinopla, e que mandava derreter chumbo para dentro das bocas dos escravos insurrectos e ordenou matanças que deixariam muitos dos déspotas e terroristas de hoje a sentirem-se como meninos do coro. Foi este homem, que não tinha qualquer ligação ou conhecimento da fé cristã que instituiu a unicidade de Deus com Cristo!
Foi um seu descendente, igualmente não muito “católico”, que tem, historicamente, também um invejável número de atrocidades cometidas que não lembram hoje a ninguém e poderiam fazer parte dos filmes de terror mais sangrentos, isto além de ser um fraco e imprestável “playboy”, completamente dominado pela sua mãe, que instituiu a santíssima trindade! Mais, foi somente sob o Jugo deste imperador que Maria ganhou alguma relevância, no concilio de Constantinopla no ano 394. Antes disso era somente uma figura marginal.
Os evangelhos foram escritos e copiados e traduzidos e corrigidos e revistos. Os erros de tradução e as divergências de interpretação dos textos dos evangelhos são algo brutal. Numa bíblia antiga, uma das “originais” mais conhecidas, descoberta em 1844 no convento do Monte Sinai e que tem origem no Sec. IV, tem cerca de 16.000 emendas. Isto quer dizer simplesmente que não existem os textos originais dos evangelhos e o que existe são copias de copias de copias de copias que foram produzidas entre o Sec IV e o Sec. X. Entre todas elas há mais de 80.000 discrepâncias!
Mais uma vez, não duvido de Deus, mas duvido dos Homens!
Mas há mais uma coisa…
…é que, segundo a Igreja, Deus fez-se homem, ou Seja, Jesus seria um Avatar! Mas, ao contrário de um homem que se faz Deus, o que quereria dizer que transcenderia a sua essência humana em direcção ao divino, Deus ao fazer-se homem tem de assumir a sua condição humana e a condição humana é uma de falibilidade! Se ela era humano não podia ser infalível, se era infalível não poderia ser humano! Ou então Deus tem uma natureza bem diferente daquela que é vulgarmente defendida! E, se olharmos atentamente para o antigo testamento, isso não estará fora de questão!
Ora, pondo em perspectiva aquilo em que acredito em relação ao que eu sei:
-A igreja Católica Apostólica Romana que existe hoje em dia é o que é por opções políticas tomadas frente aos problemas da altura por parte dos imperadores de Roma
-Não podemos ter qualquer certeza quanto à proveniência dos textos do Novo Testamento, nem em relação às alterações que foram introduzidas nos mesmo através de erros de cópia e de interpretação
-O Responsável máximo, o Papa, supostamente infalível, falhou claramente ao longo dos últimos 2.000 anos. O cúmulo desta assunção foi o pedido de desculpas de João Paulo II em relação ao processo de Galileu

Então em que devo eu acreditar? Nos homens? Ou devo acreditar que Deus está acima de todos os interesses políticos e económicos das alturas em que a fé cristã se ia impondo?

Eu não disse? Quando me ponho a matutar chego sempre a algum lado que me levanta mais perguntas do que me dá respostas…

terça-feira, 7 de junho de 2016

Recebi...

...este lindíssimo e-mail:

Recebe-mos os P.C. mas falta-nos os monitores que foram para consertar. agradecia que nos envia-sem 2 monitores

...
...
...
...
...
...
...
...
...
Respondi em Português...
...enquanto limpava as lágrimas dos olhos de tanto me rir!

(resta saber se a pessoa entendeu a resposta ou se a ignorou por ir escrita numa língua estranha...)

A quem interesse,...

...informa-se que a 5ª temporada de "Person of Interest" - Sob suspeita cá pelo burgo - é brutal! Mais é a temporada final e hoje vai ser exibido, nos "States" o antepenúltimo episódio! Ou seja, está mesmo naquela fase do ou-vai-ou-racha!

Quem não estiver interessado pode ignorar este post!


sexta-feira, 3 de junho de 2016

Eu sei, eu sei,...

o Video não é grande coisa! Aliás, é mau! Mesmo mau!
Ponham a tocar e olhem para o lado!

Anyway, a versão original desta música, composta para a secção de cordas de uma orquestra, é sublime!
Esta versão, não em cordas, mas coral é...
...bem, decidam vocês!

Eu nem me vou pronunciar!

Samuel Barber - Adagio for Stings Op.11 - Agnus Dei




Já agora, para o Urso Misha, esta é a tal...

Agora imaginem...

...que são pessoas simples, no principio de Século XVIII, algures no norte da Europa.
Como todas as pessoas simples dessa altura, ao domingo vão à missa!
Chegam lá e há um organista que toca isto!



Sejam sinceros, saem com a alma lavada e elevada de dentro da igreja, não?

Como a maior parte dos miudos da minha geração, conheci esta música por ser a música do genérico da série "Era uma vez... o Homem"!
Viciei-me na composição deste homem, J. Sabastian Bach. O homem que definiu a afinação do piano, e que fez tanto pela música, mas tanto, que quase tudo o que ouvimos hoje descende directamente ou teve influências daquilo que ele fez.
Claro que, como em tudo, há uns filhos mais feios e outros mais bonitos...

Escolhi este video porque é uma visualização perfeita daquilo que é quase a perfeição em termos musicais. Ver a música desenhada desta maneira, os padrões matemáticos que só se intuem, os logaritmos, usados para compor (Tinha sido um progresso recente na matemática e Bach queria saber como soaria uma progressão logarítmica na música) é a junção entre aquilo que a alma entende e a beleza que pode ser vista!

Apreciem se quiserem!

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Continuando...

...na onda, cá vai qualquer coisa mais recente, para não dizerem que só ponho aqui música estranha e velha!
Esta música provou-me que havia esperança no novo milénio.

De uma banda absolutamente pavorosa no começo, praticantes de um som punk-hardcore-qualquer coisa, os rapazes refinaram-se e saem com um álbum que, quando o Peles, o meu excelso baterista, ouviu pela primeira vez, casualmente no meu carro, o fez virar para mim e perguntar:

-Mas nós gravamos mais um álbum e eu não dei por isso?

Embraiagem - Preocupação electrica


Mas, além de coisas que tocam a alma,...

...também gosto, por vezes, de coisas que m revolvem as entranhas e me deixam manifestamente desconfortável a navegar em mares de sonoridades nunca antes navegadas!
Também gosto de me perder em dissonâncias e melodias improváveis, em sacrilégios harmónicos.

Acho que às vezes gosto de sentir o poder do lado negro da música!

Tolkien, no fabuloso Silmarillion (titulo que era para ter sido o nome de uma das bandas que me influ^nciou bastante, mas que, não o podendo usar por imperativos legais, resolveram encurtar a coisa e chamar-se de Marillion - cujo guitarrista admiro não só por ser alguém de um bom gosto musical extraordinário no que toca, mas também por ser um gajo absolutamente acessível e porreiro) descreve como foi criado o mundo!
Estando sozinho na existência, Iluvatar sentia-se sozinho e dividiu-se em muitas partes, criando os seus filhos, mantendo-se uno ao mesmo tempo. O problema é que os seus filhos não se entendiam uns com os outros, percebendo apenas a pequena parte que eram do todo e Iluvatar ordenou-lhes que compusessem um coral em conjunto.
Ao principio era tudo uma cacofonia, mas com o tempo começaram a emergir harmonias, sinais do entendimento e percepção entre as partes. Finalmente estavam todos juntos, em harmonia e eis que uma voz, invejosa de toda aquela harmonia, criou propositadamente dissonâncias.
No fim, Iluvatar levou-os a ver o que a força da sua música tinha criado, e a sua harmonia tinha criado a terra e todos os seres...
...a as dissonância haviam criado tudo o que se movimentava nas trevas!

Talvez o que está abaixo seja mais uma voz na procura da harmonia unificadora!
Talvez seja uma dissonância propositada!

Apenas sei que é estranho, diferente, impensável até ser ouvido, e depois de ouvido causa estranhas influências...
...algumas coisas impensáveis antes passam a ser ponderadas como possibilidades...

Deixo-vos com Alamaailman Vasarat


quarta-feira, 1 de junho de 2016

Eu admito!

Sou um roqueiro confesso!
Adoro musica pesada, desde que seja melódica! Algumas coisas mais "radicais" dentro do rock e do metal não me agradam! São meras descargas de adrenalina que valem apenas por isso! São feitas mais para os próprios (e sei bem o gozo que dá tocar algumas dessas coisas) do que para os outros!
Tem, talvez por isso, uma validade artística inegável, mas não me agradam!
Mas...
...no começo eram os Beatles, na rádio, enquanto a minha mãe costurava e alguns discos de música Portuguesa!
Depois foi a descoberta da música clássica, da força de uma orquestra sinfónica, do poder que a música tem, na sua expressão mais elevada!
Entretanto foi a descoberta do rock, com um irmão 18 anos mais velho a trazer para casa álbuns de música não comercial para ouvir, aquelas coisas que não passavam cá na rádio, álbuns de Led Zeppelin, Deep Purple, Whitesnake, Slade e tantos outros que mergulharam no esquecimento...
...e também, com os meus oito anos, o "The Wall" a juntar tão bem os mundos do rock e da música clássica...
Isto deu-me uma coisa: Uma vastidão enorme de gostos musicais...
...e uma estranha intolerância a certos estilos musicais! Sobretudo pelos que sofrem de falta de harmoniam ou que são harmonicamente muito pobres! Valorizo muito mais a harmonia que o ritmo, embora saiba que ambos são as duas dimensões onde a música se move. Mas quando tende demais para o ritmo em detrimento da harmonia deixa de me agradar!
Talvez por isso não goste tanto de bossa nova. Apesar de uma riqueza harmónica extraordinária, o ritmo deixa-me desconfortável.
Já nem vou falar de kizombas, kuduros e afins que são simplesmente ritmo!
Há no entanto ambientes somente de percursão que são avassaladores! Tambores Taiko são um excelente exemplo!
Isto tudo para dizer que estou tão bem a ouvir Bach, Mozart, Chopin, Wagner (que era o metaleiro do principio do século e escreveu algumas das músicas mais pesadas de que há memória - A Cavalgada das Valquirias, por exemplo, é mais brutal que qualquer coisa que os Metallica tenham feito - como estou a ouvir Rihana, Katy Perry, Bruno Mars, Maroon 5, como estou a ouvir Joe Bonamassa, Ac/Dc, Metallica, Iron Maiden, Dream Theatre...

E depois...
...depois há aquilo que mais do que prazer auditivo me toca na alma!
Sobretudo quando alguém dedica algo assim a uma cidade tão nossa...