…acho que uma das melhores e mais uteis invenções da
humanidade são os “Headphones”!
Eu adoro música! Aliás, gosto tanto de música que me dou ao
trabalho não só de a ouvir, como também de a compor. Não raras as vezes, ando
de um lado para o outro com melodias, pedaços de letras, arranjos de vários
instrumentos dentro da minha pinha a organizarem-se e à espera de, quando são
mais ou menos claros para mim, saltarem para um mundo de existência real.
Assim como eu adoro música, não tenho absolutamente nada
contra as pessoas que também a adoram e gostam de ouvir. E, esclareço, não
tenho absolutamente nada contra nenhum estilo musical. Mas, como toda a gente,
há coisas que eu, simplesmente não gosto de ouvir…
…por exemplo, adoro música clássica, mas detesto bossa nova…
…adoro hard rock, mas não gosto de ouvir reggae se a dose
exceder uma música no espaço de duas horas!
Isto não quer dizer que as músicas não sejam boas. Eu é que
me reservo ao direito de gostar ou não delas, porque não tenho simplesmente de
gostar de tudo!
Ontem estava no Metro. O dito empancou na estação do
Intendente e por lá ficou mais de meia hora, de portas abertas. Eu estava ao pé
da mesma, encostado. À minha frente um individuo de etnia Africana ouvia música
pacatamente nos seus “headphones”, coisa que não preciso de fazer porque tenho
um leitor de mp3 incorporado no cérebro, havia mais pessoas, como eu, com
vontade de bater em alguém pelo atraso que o metro estava a ter, mas fora isso,
a paz reinava naquele recanto da carruagem.
Nisto, um individuo caucasiano, farto de esperar, resolve
entreter-se a ouvir música, pega no telemóvel e põe a tocar. O problema é que
pôs para ele e para toda a gente que estava nas redondezas. Kizomba!
Não liguei muito, uma vez que esperava que o Metro
arrancasse rapidamente, mas não se tendo isso verificado à medida que os
minutos passavam, aquilo começou a parecer-me uma tortura cruel e
desnecessária! Consequentemente, virei-me para o tipo e disse:
-Peço desculpa, mas a música está-me a incomodar. Não se
importa de desligar, por favor?
O rapaz de etnia Africana olhou para mim com o ar de “Eh
pah, isto não é normal”, coisa que não é, porque ninguém costuma chamar a
atenção a ninguém por comportamentos absurdos. Já o tipo interpelado fez de
conta que ninguém falou com ele! Eu olhei para o rapaz Africano com um sorriso
e disse:
-Pois, pelos vistos importa-se! – e o rapaz riu-se.
Para que não sobrassem dúvidas, se é que havia algumas,
chamei a atenção do tipo, tocando-lhe no braço, o que o fez olhar directamente
para mim e repeti:
-Desculpe, mas a música está a incomodar-me. Pode desligar,
por favor?
-Eu tenho direito a ouvir a música que quiser. Está-me a
dizer que eu não posso ouvir música?
-Claro que pode, mas os “headphones” já foram inventados há
uns anos.
-Se está incomodado mude de sítio. Eu estou aqui bem!
-Pois, desculpe, tem toda a razão! Obrigado pela sua
demonstração de educação e civismo!
-Eu não tenho direito a ouvir o que quero?
-Claro que tem! Peço desculpa por tê-lo incomodado!
E posto isto, saquei do meu telemóvel de dentro do bolso e
pus a rodar isto…
…em altos berros, causando um riso sarcástico em quase toda
a gente que estava por ali!
Não sei porquê, o tipo não ficou satisfeito, embora eu não o
tenha incomodado mais e o tenha deixado com a sua (agora inaudível) música a
tocar à sua vontade…
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