...estava eu mais um estagiário, rapaz
do “Nuerte”, mais concretamente de Braga, fanático pelo Benfica e por miúdas jeitosas,
parados num semáforo para peões na praça do Chile, à espera para atravessar a
Almirante Reis.
Do outro lado da estrada, a querer atravessar na direcção
inversa, três cavalonas, extremamente bem feitas, sandálias de salto altissimo,
calças de ganga bem justas a mostrar bem os relevos do corpo, cintura fina, peito
opulento e firme, bastante destapado, quase no limite do indecente, peles
morenas, cabelos pretos e escorridos pelo meio das costas, e o moço, depois de
lhes tirar as medidas todas acaba por se voltar para mim e pergunta:
-Fuoda-se! Já biste aquilo?
-O quê? – perguntei eu distraído.
-Aquelas boazonas! Inda num biste?
-Quais boazonas?
-Mas tu tás ceguinho? Aquelas ali, carago!
Eu olhei, encolhi os ombros.
-Pá, tou-te a estranhar! – disse ele perante o meu
desinteresse.
-Porquê?
-Atôm, umas coisas daquelas e tu num dizes nada?
-Não há nada a dizer…
-Desculpa, mas no manual das gaijas bouas, aquilo são gaijas
muito bouas!
-Ou seriam, se fossem gajas!
Parou tudo!
-Que é que queres dizer com isso?
-Exactamente aquilo que ouviste. Se fossem gajas eram mesmo
boas cumó milho. Uma vez que não são…
-Atão se aquilo não são gaijas, o que é que chamas àquilo? –
disse ele, com o pânico a instalar-se-lhe na voz.
-Bem, não sendo gajas, não sobram grandes alternativas, pois
não?
-Tás-me a dizer que aquilo são gaijos?
-Tou!
Ele redobrou a atenção a observá-las, duvidando das minhas
palavras, o que era absolutamente compreensível. A maior parte das mulheres que
conheço eram capazes de matar para ter um corpo assim! Ficou de tal forma fixo “nelas”
que, óbvio, “elas” notaram.
O semafro muda, os carros param, começamos a atravessar e, a
meio da estrada cruzamo-nos com “elas”. “uma” volta-se para ele, com uma voz
suave e profunda e diz-lhe, na lata, com um meloso sotaque Brasileiro:
-Gostou, foi, quirido? – e seguiras “as” três a rir à gargalhada,
deixando-me também a mim a ir às lágrimas!
Chegados ao outro lado ele, ainda em choque, volta-se para
mim:
-Fuoda-se! Aquilo erum gaijos! Cumu é que é possíbel?
-É para tu veres. Aqui nesta zona tens que ter cuidado, que
as iludências aparudem!
Mas logo em seguida o rosto iluminou-se-lhe, sorriu e volta-se
para mim com o ar mais optimista do mundo:
-Tãobém bou-te dizerê! Se os gaijos aqui sum assim, tou deserto por ber cumu são as gaijas a sério, carago!
Aí está! As aparências enganam lol.
ResponderEliminarNo norte não há gaijas dessas?:))
Francamente não sei...
ResponderEliminar...não vou assim tanto para o Norte...
...mas calculo que sim!
No entanto, com a surpresa que o moço demonstrou, é provável que ele nunca tivesse dado por isso...
(palpita-me que depois disto passou a usar o método Crocodile Dundee quando conhece uma miuda...)
:)
ResponderEliminarTadinho!!
Meu lindo... não duvido de uma vírgula que escreveste e acredito que esta história se passou mesmo. Agora desculpa lá só um pormenor... mas em Braga não se fala com esse sotaque! :P
Beijinhos Minhotos
(^^)
O gajo tirou o curso no Porto!
EliminarTantos anos por lá, apanhou qualquer coisita...
LOL
ahahahah
ResponderEliminarEntão está explicado!! :D
Há sempre uma explicação para (quase) tudo! :D
Eliminar