quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXXVI

 XXXVI – Até eu lhe dava uma dentada!

Como é óbvio, no dia do concerto todos fomos!
Eu servi de escolta à Lita, o Abel foi com a Tisha, o Chico foi sozinho, o que todos estranha-mos, o Rui lá estava com a sua câmara de filmar.
A sala estava a abarrotar! Tinha sido genial a ideia do João de espalhar cartazes pela cidade a anunciar um concerto de uma banda surpresa, e mais genial ainda quando achou que era melhor ter o recinto a abarrotar baixando o preço dos bilhetes! O resultado foi uma sala de uma colectividade completamente à pinha!
Quando o Chico chegou reparou no Abel, que já não via há uns tempos, e não tirou mais os olhos dele, o que, de certa forma, começou a incomodar a Tisha!
-Olha lá, aquele tipo não tira os olhos de nós!
-Não te preocupes. É o meu ex namorado!
-Ex-namorado? Sim senhor, muito bem! Olha que ele é todo bom!
-Querida, ele é irresistível!
-Até eu lhe dava uma dentada!
-Pois, o problema foi esse… Demasiada gente com vontade de levar uma dentada dele… e ele morde!
Ainda faltava algum tempo para o espectáculo começar quando o Abel se desculpou com a Tisha e arrancou para a casa de banho. O Chico, seguiu-o de imediato. O Abel topou e, tentando dissuadi-lo, esgueirou-se para a zona dos camarins, que conhecia bem, uma vez que já tinha representado algumas peças com um grupo de teatro amador naquela sala. O Chico não se deixou dissuadir. Finalmente, o Abel entrou na casa de banho das mulheres da zona dos camarins, que estava, como ele esperava, vazia! Esperava que o Chico não o seguisse! Mas o Chico não se ia deixar dissuadir e foi atrás dele.
Ao fim de bastante tempo eis que estavam os dois frente a frente!
-Só tu, para me seguires para o WC das meninas…
-Só tu para quereres fugir de mim entrando para o WC das meninas!
O Abel encolheu os ombros!
-Estás bem? – Perguntou o Chico.
-O teu interesse vem tarde, não achas?
O Chico baixou os olhos!
-Desculpa! Não te queria magoar!
-Se ao menos me tivesses dito…
-Pá, aconteceu! Não quer dizer que eu não quisesse que acontecesse mais cedo ou mais tarde… E ia dizer-te! Claro que te adoro…
-Adoras?
-Sim! Sabes que sim! Antes de sermos namorados sempre fomos amigos e sabes que te adoro… Mas também gosto de mulheres e muito…
-Pois… Se me tivesses dito, Chico, se tivesses falado…
-Pá, sou-te franco, não era para acontecer nada a não ser um jantar! Mas ela bebeu e quando ela bebia tornava-se algo de explosivo…
-Mas acabou!
-Sim, e para te ser franco nunca mais ouvi nada dela! E acabou porque se ela era explosiva quando bebia, quando não bebia era muito… Insossa!
-Mesmo?
-Mesmo! De qualquer maneira, independentemente de tudo, queria pedir-te desculpa… E dizer-te que não te esqueci…
O Abel, carente como estava, derreteu ao ouvir isto!
-A sério?
-Mesmo! Como é que me podia esquecer das nossas noites…
-Eu também não me esqueci…
O Chico aproximou-se do Abel devagar, como um predador que se aproxima da presa o que fez o Abel tremer por dentro e sentir um frio na barriga.
-Tenho saudades tuas. Saudades de te sentir…
-Chico, não faças isto… Eu…
E de repente alguém mexeu na porta e o Chico, reagindo, agarrou no Abel e empurrou-o para dentro de uma das divisórias fechadas, fechando a porta atrás de si!
Os dois, fechados num espaço exíguo… O inevitável aconteceu! Os olhos disseram tudo e dai para um beijo e do beijo para mais beijos, cada vez mais quentes, e dos beijos para a roupa que se começa a desapertar e a vontade a juntar-se à fome…
…e cá fora a Margaux e a Sofia, invariavelmente de trombas uma com a outra, davam uns retoques na maquilhagem antes de subirem para o palco quando ouvem baixinho uma voz masculina…
-Ai, pára, não faças isso que sabes que não resisto!
Olharam uma para a outra, completamente estupefactas!
-Porque é que és tão irresistível?
O outra voz masculina!
-Não faças barulho que ainda dão por nós!
Já tinham dado e, ao ouvir a segunda voz masculina o grau de estupefacção aumentou ainda mais!
-Ai! Pára! – disto como uma suplica – Pára! – de forma mais resoluta – Pára. Eu não posso… Eu não posso fazer isto ao Freddy!
Aí é que as duas ficaram mesmo de queixo caído! Freddy? Seria o Freddy? O mesmo Freddy?
-Mas tu andas com o Freddy? – Perguntou a outra voz incrédula!
-Não, sabes que não…
-Sim porque ele não é gay... Nem sequer é bi…
-Pois, eu sei, mas eu adoro-o! E ainda não perdi a esperança! Não posso fazer isto contigo a pensar nele!
-Pá mas o Freddy é tão… bem tão ele mesmo!
-Yá, mas é isso que adoro nele! Além disso, ainda tenho alguma esperança que a proposta da Tisha o convença… E ela não se cala com ele desde que…
-Sim, eu sei o que aconteceu!
-Sabes?
-Sim, sei…
-Mas como?
-Não interessa! O que interessa é que fiquei a saber…
-Então também sabes que a Tisha está louca para voltar a estar com ele. Diz que ele lhe deu o melhor orgasmo de sempre!
As duas, de ouvidos colados à porta não queriam acreditar! Seria mesmo o Freddy, aquele com quem a Sofia quase jantou uma vez e acerca de quem a Cris lhe falava todos os dias, a dizer que lhe devia ligar, aquele com quem a Margaux passava tanto tempo a jogar e a ver filmes de super-heróis… O Freddy que não fazia mal a uma mosca… Ou seja eu… tinha dado o melhor orgasmo de sempre a uma das maiores estrelas porno do mundo?
-Não acredito! – Respondeu o Chico. E a bem da verdade elas também não!
-Acredites ou não, ela acredita! E se ela o diz… Mas, pronto, esquece, não vamos fazer nada. Não sou capaz…
-Entendo! – e começaram a compor-se o que foi a deixa para elas saírem de fininho. Quando eles saíram, já arranjado, para voltar à plateia já não havia rasto delas!
Entretanto, assim que chegaram ao camarim a Sofia foi direita ao telemóvel para ver se ainda tinha o meu contacto! Caramba, não se deixavam passar oportunidades destas…
…e assim que a Margaux viu isto soube imediatamente como podia chatear a Sofia e, quiçá, a própria Cris!

***

Não estava à espera! Não estava mesmo!
O João subiu para cima do palco e perguntou:
-Estão prontos?
-Sim! – foi a resposta em uníssono do público.
-Não vos ouço!
-Sim! – Desta vez a resposta mais alta!
-Gritem bem alto!
-SIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIM!
Vamos rockar coma as “Cris e as felinas”!
O palco encheu-se de fumo que adquiriu as tonalidades das luzes, viam-se apenas as som-bras, silhuetas recortadas no nevoeiro e, de repente, um assalto sónico, energético e o fumo começa a dissipar-se revelando três gatas em cima do palco a dar tudo por tudo!
A multidão presente delirou! Foi uma hora de puro rock’n’roll, sem desculpas, foi electri-zante!
Durante o concerto o Chico, que estava sozinho, acabou por se juntar a mim e à Lita, e foi bom, porque a Lita continuava a agir de uma forma estranha comigo…
…francamente, continuava a não fazer ideia do que lhe teria feito e que levava a haver este desconforto entre nós, com grande pena minha! Se ela soubesse o quanto eu a adora-va…
Mas o facto do Chico se juntar a nós fez com que ela ficasse um pouco mais alegre.
Depois do concerto foram os dois beber um copo e eu fiquei a falar com o resto do pessoal. Como as artistas estavam demoradas, acabei por ir para casa e daria os parabéns à Cris mais tarde…

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