quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Dogma


Acho que há, hoje em dia, quem pense que o pensamento religioso radical e o fundamentalismo são património exclusivo do Islão!

Dado o que vemos a entrar por nossas casas à hora do jantar todos os dias não é difícil ter este tipo de percepção…
…mas está errada!

Há um filme de 1999, realizado por Kevin Smith, que têm o curioso título de “Dogma”.

Este filme contou com protestos aquando da sua estreia à porta de cinemas (o realizador fez um cartaz onde se podia ler “Dogma is dog shit” e juntou-se aos protestos) houve ameaças de morte (?!), além de o filme ter sido banido de um monte de sítios…

A história é mais ou menos assim:

Aquando da destruição de Sodoma e Gomorra (Ben Afflek e Matt Damon), os anjos que a executaram excederam-se um bocadinho e, no meio da barafunda, beberam uns copos a mais. Quando Deus apareceu repreendeu-os pelo excesso (destruir sim, mas não era necessário aquilo tudo) e um deles mostrou-lhe “o dedo”.
Como resultado Deus baniu-os de voltar a entrar no céu, mandando-os exilados para o Wisconsin, nos Estados Unidos.
Já nos dias de hoje, um, cardeal americano procura revolucionar a fé católica, e vai consagrar uma igreja. Ora, todos os que passarem pelo pórtico de uma igreja no dia da sua consagração têm todos os seus pecados perdoados, pelo que os anjos, fartos de andar por aqui e com saudades de casa, arranjam um plano: Vão até à igreja, provocam o caos, arrancam as asas, tornando-se assim mortais, passam o pórtico e deixam-se matar pela policia já livres de pecado, o que os leva directamente para casa.
O problema é que isto iria contra a palavra de Deus, pelo que, caso eles conseguissem, a criação deixaria de existir.
Como se não bastasse, ninguém sabe onde é que Deus pára e, Metatron, anjo que é “a voz de Deus” resolve tomar conta dos acontecimentos para tentar evitar que aconteça a catástrofe. Para tal encontra o último parente vivo de Jesus, uma descendente de um primo da sua mãe (Linda Fiorentino), que só por um mero acaso é médica e dona de uma clínica de abortos no interior rural dos Estados Unidos.
Esta empreende uma viagem numa tentativa de travar os anjos e pelo caminho vão aparecendo pessoas que a ajudam. Dois gajos que ganham a vida a vender erva, uma musa inspiradora, Serendipity, que inspirou os maiores romances jamais escritos e que resolve vir para a terra para tentar a sua sorte como escritora, mas que fica bloqueada e resigna-se a trabalhar num bar de strip, mas nunca faz strip integral, uma vez que não têm sexo (Selma Hayek) e até o 13º apostolo de Jesus, Rufus,  que cai (literalmente) do céu no meio de uma estrada e que se queixa de descriminação e de nunca ser mencionado na bíblia porque é preto (Chris Rock).

Nada mais digo acerca do filme, a não ser que, quando Deus finalmente aparece, é alguém que não se está mesmo à espera…

É um filme irónico, divertido, de ir às lagrimas com algumas cenas, escrito e realizado por alguém profundamente católico mas que não deixa de ter sentido de humor, e mais, um sentido de ironia apuradíssimo. Um filme que é, sem dúvida, uma chapada ao fundamentalismo cristão que quis parar a sua exibição e ameaçou de morte o realizador.

A ver por toda a gente menos católicos sem sentido de humor!

4 comentários:

  1. Olha não vi o filme (mas vou querer ver e já ando à caça dele) comento só a introdução deste teu post.

    Tens razão o fundamentalismo religioso radical não são de longe património exclusivo do Islão!

    Já imaginaste se houvesse televisão e redes sociais na época da Inquisição?

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  2. O fundamentalismo não tem exclusividade. Se fosse assim era bem mais fácil.
    Qualquer fanático, independentemente da *área* é perigoso. :))

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  3. Beijo Molhado,

    Bem, se existisse televisão o pessoal não se reunia para ver as execuções públicas, ficava em casa a vê-las no sofá...

    :)

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  4. Impropriaparaconsumo,

    Seja lá mesmo qual for a área...

    :)

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