Patrícia, embora absorta pelos convidados, observara tudo isto à distância, e vendo Paola sair e o ar do seu pai, rapidamente se dirigiu ao DJ que prontamente anunciou que chegara o momento da dança da noiva com o pai.
Alex, apanhado de surpresa e ainda com os seus pensamentos meio ausentes viu a sua princesa dirigir-se a si com um sorriso do tamanho do mundo enquanto a pista de dança clareava, deixando-lhe novamente o coração cheio. Patrícia arrasta-o para o meio da pista e começou a dançar com ele, aninhando-se.
“Gostas mesmo dela, não gostas?” perguntou Patrícia.
“Tu conheceste-a. O que é que há para não gostar? Ele esteve lá no meu ponto mais baixo, deu-me força e incentivou-me todos os dias durante meses e depois… Acordou-me! Como é que posso deixar de gostar?”
Patrícia sorriu.
“E a mãe?”
Alex não respondeu, porque não sabia ele próprio. Aninhou a filha de volta e acabaram a dança, sob os aplausos dos convivas.
Alex foi até ao bar, onde ia para pedir um whisky, mas lembrou-se que tinha o carro e pediu antes uma soda. Podia quase sentir fisicamente o olhar de Marie em si.
Acabou de beber, deixando o copo no balcão e dirigiu-se directo a Marie, de olhos colados nela, que simplesmente corou, ficando claramente embaraçada, e quando chegou ao pé dela simplesmente estendeu a mão, sem uma única palavra.
Ela, meio receosa, aceitou a mão dele e ele guiou-a para a pista onde começaram a dançar.
Marie aninhou-se nele, encostando a cabeça ao seu peito, sentindo-o e não conseguiu conter lagrimas de felicidade. Ele notou e falou finalmente, numa voz suave:
“Estás bem?”
Ela agarrou-o mais.
“Shhh!” disse ela “fica assim, fica só assim…”
Ele embalou-a até ao final da música e ela largou-o renitente. Ele conduziu-a de volta à mesa, agradeceu-lhe com um aceno e afastou-se, começando a confraternizar com outros convidados.
Patrícia e Tiago viam isto à distância com um sorriso do tamanho do mundo.
Quando quase todos os convidados já tinham dispersado, Alex apareceu ao pé de Marie e Tiago, que já se preparavam para partir e perguntou a Marie:
“Tens boleia para casa? Tenho de lá ir pôr o carro, de qualquer maneira…”
Marie hesitou, olhando para o filho, mas este, ao ouvir as palavras do pai só disse à mãe:
“Vejo-te mais logo.” e enfiou-se no carro partindo de imediato.
Alex levou-a até ao carro, ajudo-a a entrar, entrou em seguida e arrancaram. Fizeram o caminho em silêncio. O sorriso no rosto de Marie parecia quase iluminar o habitáculo do carro. Alex ia para entrar com o carro na garagem quando Marie o parou.
“Vais ficar?”
“Não, vou só pôr o carro na garagem e chamar um táxi.”
“Não. O carro é teu. Leva-o.”
Alex sorriu e acenou em aceitação.
“Estás diferente.” Disse ela quando ele ia já para abrir a porta, parando-o.
“É, tenho ouvido muito isso. Estou maior. Treino militar intensivo todos os dias tem os seus efeitos.”
“Sim, estás maior, mas não era disso que estava a falar.”
“Então?”
“Não sei… É difícil de explicar o que é.”
Alex sorriu.
“Sentir a morte por perto faz ter uma perspectiva diferente das coisas.”
Ela acenou, percebendo.
Ele saiu, abriu a porta dela e ajudou-a, levando-a à porta de casa. Ela abriu a porta e ele voltou-se para partir quando ela falou, parando-o.
“Alex,… volta para casa.”
O tempo pareceu ficar suspenso por algum tempo, mas depois ele seguiu e partiu.
A reacção de Alex ao pedido de Marie, satisfez-me muito. Há que dar tempo ao tempo, qualquer acção mais intempestiva, movida pelo desejo ou vontade de ser perdoada, pode mais tarde revelar-se contraproducente.
ResponderEliminarpenso eu, como se estivesse no lugar das personagens... :)
Quando Alex pedir para voltar, tenho a certeza que será para sempre! Doutra forma, nºao sei.
Um abraço, Gil.