-Técnica Vs Sentimento
Para ilustrar esta discussão vou falar em dois nomes: Kurt Cobain e Eddie Van Halen
Para ser absolutamente franco escolhi estes dois porque não sou propriamente fã da musica de nenhum deles, embora me tenha dado ao trabalho de ir assistir a um concerto que não fazia falta nenhuma na minha vida simplesmente porque um deles vinha actuar na primeira parte. O concerto foi Bon Jovi em Alvalade e na primeira parte tocaram os Van Halen, na altura com Sammy Haggar na voz!
“Tão mas se nã gotas, pruké que fotes?!” – perguntais vós. E eu respondo.
Lembro-me quando era chavalito e aguardava ansiosamente de cassete na aparelhagem pronta para gravar as faixas que passavam no “Lança Chamas”, da rádio Comercial aos sábados à tarde e de a introdução do programa ser, precisamente, a faixa que revolucionou a guitarra: Eruption de Van Halen.
Esta faixa, sozinha, criou uma tal revolução que o Rock, o Metal e a música em geral nunca mais foram as mesmas. Foi graças a esta faixa que vimos uma evolução do tecnicismo na guitarra como nunca se tinha visto. Aliás, foi um terramoto de tal forma que o Michael Jackson convidou o Eddie para fazer um solo na faixa “Beat It”.
No entanto, nunca, mas nunca gostei de Van Halen enquanto banda. Nem sequer gosto do Eddie enquanto pessoa. Mas não deixa de, enquanto músico, ser absolutamente genial. Ou seja, eu não fui a Alvalade para ver Bon Jovi nem Van Halen. Fui a Alvalade ver o Eddie e aquilo que vi estourou-me os neurónios e deixou-me em estado de choque! Já vi muitos virtuosos, mas nunca vi um como ele!
Depois, no outro canto do ring temos o Kurt Cobain. Este fez pela música exactamente o contrário do que o outro fez, embora nenhum dos dois tenha a mínima culpa, diga-se.
Se graças ao Eddie Van Halen tivemos uma evolução técnica na guitarra e novas maneiras de tocar completamente distintas do que havia antes, com o Kurt tivemos uma geração de pessoal que achava que bastava saber fazer uns acordes de 5ª numa guitarra quase afinada e o mundo era seu! E isto levou a uma decadência na música da qual ainda estamos a ter ecos hoje em dia.
Os defensores do Kurt consideram-no a voz de uma geração, o que é justo, porque a verdade é que a geração anterior e a seguinte não lhe ligam pevas. Não que eu tenha alguma coisa contra os Nirvana, excepto não gostar, mas a verdade é que a melhor coisa que saiu dali foram os Foo Fighters. Falam do sentimento na música dele, e a verdade é que esse sentimento está lá. Mas também está naquilo que Eddie toca.
Há quem venha defender o “feeling” com tiradas do género “Pá, já olhaste bem para os monstros sagrados do passado? Eles não precisavam daquele virtuosismo todo…” e é verdade. Se pegássemos em alguns putos que vejo hoje em dia a tocar e os transladássemos temporalmente para a década de cinquenta ou sessenta teríamos, sem dúvida, cenas como a ilustrada por Marty Mcfly ao tocar o Johnny Be Goode no baile de finalistas da mãe, que deixou toda a gente semi-aparvalhada a olhar para ele! Imaginem o que seria, na década de 50 ter um B. B. King (vénia P.F) em palco e entrar um Steve Vai!
Para se pensar numa possível comparação, basta imaginar o que sentiu o Eric Clapton quando, num concerto dos Cream, Jimmy Hendrix subiu para cima do palco e calou “Deus”!
Não basta ter técnica, tocar perfeito, rápido, fazer apejos, “sweep Picking”, Tapping” e o diabo a quatro! Convém pôr sentimento em cada nota que se toca, senão esvazia-se a música daquilo que a torna bela: A humanidade!
Mas, não ter técnica e querer tocar é como querer ser romancista e não saber escrever…
…nada impede que tentes, mas que vai ser difícil vai…
Portanto, ambas as duas coisas em conjunto uma com a outra é o ideal e quando assim acontece temos instrumentistas como o Ritchie Kotzen e o Joe Bonamassa…
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