quarta-feira, 20 de abril de 2016

Balbaaq, o Asqueroso

Sendo o mundo conhecido por aquela altura quase todo Nmista, seguindo mais ou menos à risca, conforme as facções os preceitos do Necrofagismo Macrobiotico Existêncialismo, a verdade é que subsistiam ainda reinos bárbaros onde os mesmos não eram observados.

Havia povos que preferiam o produto da fermentação do mosto, sendo que outros, absolutamente selvagens, que destilavam o produto anterior e o próprio produto da fermentação da cevada em aguardentes e whisky. Para lá dos limites Nmistas, a selvajaria parecia não ter qualquer limite!

No entanto, reinos limítrofes como o de Shamash, cuja principal cidade era Ashtram, à beira do deserto de Shamar, faziam frequentemente trocas comerciais com reinos barbados, cujos produtos podiam ser obtidos com menos custo que a importação de dentro da zona Nmista.

Ashtram prodizia sobretudo limões, fruto cada vez mais na moda devido às baterias de Bagdad cuja popularidade crescia exponencialmente, fazendo com que Uruk, o pequeno, embora no exilio em terras barbaras, continuava a receber percentagens pelas vendas, o que fazia dele rico e respeitado.
Ashtram, no entanto, via-se vítima do seu crescimento, não conseguindo produzir cevada suficiente, pelo que tinha de a importar para suprir a crescente demanda.

Pior que isso, não produzia tremoços, e os importados eram caríssimos, pois vinham de longe, do outro lado do grande mar de Atlen, do grande reino de Faboideae. Por outro lado, os dos selvagens que viviam depois do deserto de Shamar eram mais baratos, mas a importação de lá não era vista com bons olhos, visto que os destiladores eram muito, mas mesmo muito mal vistos pelos Nmistas.
Mas à medida que a cidade crescia, o problema tornava-se mais evidente.

Nos tempos do grande rei Shimiu, o Obtuso, o problema tornou-se tão grave que, para não haver falta de tremoço nem cevada, o reino precisava desesperadamente de dinheiro. Então viraram-se para o único que os poderia ajudar.

Balbaaq, o Asqueroso, não era assim chamado por ser pequeno, raquítico, irritante e parecido com uma verruga enrugada retirada do rabo de alguém, mas sim porque era a mais vil criatura alguma vez vista sobre a terra e debaixo dos céus e isto era quando queríamos falar dele de uma forma simpática. Não era boa pessoa…

No entanto, fruto do contrabando ilegal de tremoço dos selvagem destiladores estava riquíssimo. Mas começava a ter um grave problema, visto que, após uma guerra entre selvagens e bárbaros, os bárbaros conquistavam terreno onde deixavam de produzir tremoço e produziam cevada, o que era bom para a cidade, visto que os preços baixavam, mas mau para ele.

Foi neste clima que Shimiu, o Obtuso, em desespero se lhe dirigiu, pedindo-lhe um empréstimo de uma soma inominável para conseguir pôr as finanças da cidade em ordem. E foi neste clima que ele viu uma oportunidade.

Balbaaq, o Asqueroso, acedeu a conceder o dinheiro, mas nunca como empréstimo. Propunha-se a comprar as torres dos três sábios, famosas no mundo inteiro por serem altas. Muito altas. Mesmo, mesmo muito altas. Tão altas que custava a respirar no topo. Tão altas que os telhados estavam sempre cobertos de neve, apesar do calor abrasador à superfície. Tão altas que raramente se via o topo por causa das nuvens.

Shimiu, o Obtuso, não achou aquilo boa ideia. Afinal havia quem viesse de longe para beber o produto da fermentação da cevada gelado no cimo das torres. Mas a situação era desesperada e ele acabou por aceder.


No dia seguinte Balbaaq, o Asqueroso, dirigiu-se às terras barbaras onde havia alguns Resguardadores...

(continua)

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