sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Aqui há uns anos atrás,...



...estava eu mais um estagiário, rapaz do “Nuerte”, mais concretamente de Braga, fanático pelo Benfica e por miúdas jeitosas, parados num semáforo para peões na praça do Chile, à espera para atravessar a Almirante Reis.
Do outro lado da estrada, a querer atravessar na direcção inversa, três cavalonas, extremamente bem feitas, sandálias de salto altissimo, calças de ganga bem justas a mostrar bem os relevos do corpo, cintura fina, peito opulento e firme, bastante destapado, quase no limite do indecente, peles morenas, cabelos pretos e escorridos pelo meio das costas, e o moço, depois de lhes tirar as medidas todas acaba por se voltar para mim e pergunta:
-Fuoda-se! Já biste aquilo?
-O quê? – perguntei eu distraído.
-Aquelas boazonas! Inda num biste?
-Quais boazonas?
-Mas tu tás ceguinho? Aquelas ali, carago!
Eu olhei, encolhi os ombros.
-Pá, tou-te a estranhar! – disse ele perante o meu desinteresse.
-Porquê?
-Atôm, umas coisas daquelas e tu num dizes nada?
-Não há nada a dizer…
-Desculpa, mas no manual das gaijas bouas, aquilo são gaijas muito bouas!
-Ou seriam, se fossem gajas!
Parou tudo!
-Que é que queres dizer com isso?
-Exactamente aquilo que ouviste. Se fossem gajas eram mesmo boas cumó milho. Uma vez que não são…
-Atão se aquilo não são gaijas, o que é que chamas àquilo? – disse ele, com o pânico a instalar-se-lhe na voz.
-Bem, não sendo gajas, não sobram grandes alternativas, pois não?
-Tás-me a dizer que aquilo são gaijos?
-Tou!
Ele redobrou a atenção a observá-las, duvidando das minhas palavras, o que era absolutamente compreensível. A maior parte das mulheres que conheço eram capazes de matar para ter um corpo assim! Ficou de tal forma fixo “nelas” que, óbvio, “elas” notaram.
O semafro muda, os carros param, começamos a atravessar e, a meio da estrada cruzamo-nos com “elas”. “uma” volta-se para ele, com uma voz suave e profunda e diz-lhe, na lata, com um meloso sotaque Brasileiro:
-Gostou, foi, quirido? – e seguiras “as” três a rir à gargalhada, deixando-me também a mim a ir às lágrimas!
Chegados ao outro lado ele, ainda em choque, volta-se para mim:
-Fuoda-se! Aquilo erum gaijos! Cumu é que é possíbel?
-É para tu veres. Aqui nesta zona tens que ter cuidado, que as iludências aparudem!
Mas logo em seguida o rosto iluminou-se-lhe, sorriu e volta-se para mim com o ar mais optimista do mundo:
-Tãobém bou-te dizerê! Se os gaijos aqui sum assim, tou deserto por ber cumu são as gaijas a sério, carago!



6 comentários:

  1. Aí está! As aparências enganam lol.
    No norte não há gaijas dessas?:))

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  2. Francamente não sei...
    ...não vou assim tanto para o Norte...
    ...mas calculo que sim!
    No entanto, com a surpresa que o moço demonstrou, é provável que ele nunca tivesse dado por isso...

    (palpita-me que depois disto passou a usar o método Crocodile Dundee quando conhece uma miuda...)

    :)

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  3. Tadinho!!

    Meu lindo... não duvido de uma vírgula que escreveste e acredito que esta história se passou mesmo. Agora desculpa lá só um pormenor... mas em Braga não se fala com esse sotaque! :P

    Beijinhos Minhotos
    (^^)

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    1. O gajo tirou o curso no Porto!

      Tantos anos por lá, apanhou qualquer coisita...

      LOL

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  4. Respostas
    1. Há sempre uma explicação para (quase) tudo! :D

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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!