sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Como ser um garanhão (edição especial para Marrões) - XXXIX

XXXIX - Sortudo!

Até esta manhã, quando a Cris não se calou durante o pequeno-almoço todo, não fazia ideia da paranóia completamente injustificada, mas de alguma maneira lógica segundo a perspectiva de alguém como a Cris, que reinava naquela cabeça acerca da sua relação com o João!
A tal lógica que justificava o injustificável era a seguinte: a Cris nunca teve uma relação tão longa com alguém que realmente lhe importasse! Ou seja, a paranóia justificava-se porque estava a gostar genuinamente do João e estava à espera, a qualquer momento, que ele lhe dissesse que tinha arranjado alguém! Ela sofria por antecipação de algo que poderia vir ou não vir a verificar-se, porque na sua cabeça era quase uma certeza matemática!
Chamei-lhe maluca! A Lita disse-lhe que estava a ser parva! E ela parou, respirou fundo por um bocado e evitou um provável ataque de pânico!
Durante o dia fomos falando e ela cada vez via mais o quanto estava a ser paranóica e, ao fim da tarde já se ria da sua própria parvoíce!
Entretanto o Chico passou para apanhar a Lita e eu e a Cris saímos ao mesmo tempo, ela porque o João a esperava a entrada do prédio e eu porque ia para o primeiro de uma série de encontros a três!
Ao sairmos do prédio, de repente, todos os receios da Cris se materializaram! Ao lado do João uma rapariga, lindíssima, que parecia tirada de uma capa de revista estava abraçada ao João e, ao ver isto, a Cris entrou em pânico, saltou-me para o colo e pespegou-me com um beijo e eu, com a surpresa quase a deixei cair.
O João aproximou-se com a rapariga.
-Olá Cris! Ola Freddy! Queria apresentar-vos a minha irmã, a Telma.
A Cris parou de imediato de me beijar, embora continuasse ao meu colo!
-Irmã? Hum! Oi Telma, este é o Freddy e é como um irmão para mim…
A Telma olhou para nós, com um ar até um pouco pedante, de menina rica, baixa os óculos escuros, olha para o irmão e diz:
-Olha, estou francamente surpreendida! Depois da tua ultima namorada, julgava que gos-tavas era de mamalhudas…
-Cris, a minha irmã veio cá por uns dias e convidei-a para vir hoje connosco! Não te impor-tas?
-Claro que não!
O João sorriu e voltou-se para mim:
-Bem Freddy, passa para cá a minha namorada ciumenta. – E eu ri-me e entreguei-lha – Se quiseres vir connosco…
-Não, tenho um encontro com duas raparigas…
-Ele baixou os óculos escuros, piscou-me o olho e respondeu:
-Sortudo!
Tenho a dizer que depende do conceito, francamente! É que eu não me senti nem um pouco sortudo durante essa noite! Aliás, senti-me um espécie de divisória entre duas gajas prestes a esgatanhar-se, que, ou se estavam a ignorar, ignorando-me, ou estavam a discutir, tendo de ser eu a apartá-las! E isto durou um mês!
Fizeram-me passar as figuras mais ridículas! Foi… horrível! E ainda por cima, nem me devia estar a queixar! Afinal, fui eu que criei este vento, não me posso queixar da tempestade que colhi!
Finalmente, um dia, a Cris fez questão de me acordar de manhã!
-O Garanhão, Acorda! É hoje o grande dia!
-Qual grande dia?
-Faz hoje um mês!
É curioso que, mesmo quando estamos mergulhados numa miséria infinita, quando temos perspectivas futuras nada agradáveis o tempo passa num ápice! Apesar de cada um dos encontros ter durado séculos, e um ou outro se tivesse esticado a mais do que um milénio, este mês parecia ter passado em meros segundos! O tempo é, verdadeiramente um paradoxo!
Curiosamente, o encontro dessa noite, que eu queria que durasse uma era, durou uns poucos segundos e quando dei por mim estava com as duas, de volta a minha casa, e foi a Sofia que tomou a iniciativa de uma forma absolutamente prática!
-Bem, chegamos, e está na hora! – e dito isto, começou a despir-se!
-Está na horra de quê?
-Do concurso de sexo! Foi isso que acordamos! Ou já te esqueceste?
-Pois, o concurrso! – Respondeu a Margaux em pânico!
Entretanto a Sofia, para prazer dos meus olhos, já estava nua e decidida à minha frente, enquanto a Margaux permanecia estática, quase com lágrimas nos olhos.
-Bem, já que não te decides,… - disse a Sofia - …eu vou primeiro!
E dito isto atirou-se a mim e começou a despir-me e a Margaux começou a ficar branca, muito branca, e conforme a Sofia me tirou os Boxers…
…ela vomitou ao lado do sofá, levantou-se e foi para a casa de banho de repente!
Levantei-me e fui atrás dela!
-Margaux, estas bem?
Na casa de banho apenas ouvia o som das suas regurgitações!
-O que é que se passou com ela? – Perguntou a Sofia, subitamente preocupada – Ela está bem?
-Acho que sim… É que ela sofre de uma fobia qualquer…
-Uma fobia?
-Sim! Cada vez que vê um gajo nu fica completamente nauseada!
A Sofia arregalou os olhos!
-Então e tu sabias isto e não disseste nada! – e pregou-me com um estaladão na tromba que juro ter visto plutão em alta definição antes das sondas da NASA lá chegarem!
Foi buscar as suas roupas, vestiu-se e voltou-se para mim:
-Nunca mais te quero ver, ouviste? Nunca! – E foi direita à porta, abriu-a, saiu e mesmo antes de fechar a porta com um estrondo voltou-se para trás e disse-me:
-Nunca! Depois liga-me!
E bateu com a porta!

2 comentários:

  1. Já pensaste em mandar o Alfredo à Maya???
    :))

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  2. noname,

    Mas o que é que o Alfredo quereria de uma abelha?!?!?!?!?

    :)

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O QUÊ?!?!? ESCREVE MAIS ALTO QUEU NÂO T'OUVI BEM!