A grande maioria das músicas que se ouve na rádio seguem uma
de duas formulas, ou em alguns casos seguem mesmo as duas:
- Mais baseadas no Blues, com uma progressão de acordes 1-1-4-1-5-4-1-5
- baseadas na progressão vencedora 1-5-6-4
Para os que se estão a perguntar o que é isto, faço uma
breve explicação; o 1 representa a tónica base da música e os restantes números
os acordes relativos em relação à tónica, ou seja, se tomarmos o segundo
exemplo e considerarmos o Dó como nota base teríamos a sequência Dó-Sol-Lá-Fá.
Esta segunda sequência é sobejamente conhecida como “as
músicas de quatro acordes” e, sem dúvida, a maior parte dos êxitos que se têm
ouvido estão nesta progressão ou em alguma variante da mesma (não é invulgar começar
a progressão no 3º acorde, ficando assim 6-4-1-5). Duvidam?
Então vejamos (mencionando apenas algumas famosas, para isto
não ser entediante):
Africa – Toto
Ai se eu te pego – Michel Teló
All of me –
John Legend
Apologise –
One republic
Bailando – Henrique Iglésias
Barbie Girl – Aqua
Bullet with
Butterfly wings – Smashing Pumpkins
California
King Bed – Rihanna
Can you
feel the love tonight – Elton John
Con te
partiró – Andrea Bocceli
Don’t stop
believing – Journey
Down under –
Men at work
Electrical
Storm – U2
Forever
young – Alphaville
Glycerine –
Bush
Grenade –
Bruno Mars
Head over
feet – Alanis Morrissette
Higher love
– Steve Winwood
I was here –
Beyoncé
If i were a
boy – Beyoncé
I’m yours –
Jason Mraz
It’s my
life – Bon Jovi
Let it be –
Beatles
Like a
prayer – Madonna
Não me toca – Ansemo Ralph
No one – Alicia Keys
No woman no
cry – Bob Marley
Numb –
Linkin Park
One of us –
Joan Osbourne
Paparazzi –
Lady Gaga
Paradise –
Coldplay
Poker face –
Lady Gaga
Price tag –
Jessie J
Take on me –
A-ha
Tears of
the dragon – Bruce Dickinson
Tonight she
comes – The Cars
Torn –
Natalie Imbruglia
Umbrella –
Rihanna
Whenever,
Whereever – Shakira
With or
without you – U2
...e poderia continuar com a lista, mas acho que já deu para
perceber.
O que é que varia entre estas músicas todas? A harmonia
vocal e a letra. Ah, e já me esquecia, a tonalidade da música.
Quer isto dizer que não há dificuldade nenhuma em cantar a letra do “with or without you” por
cima da “Paradise”, ou de “Umbrella”. Cabe quase tudo nesta simples progressão.
Outra coisa que varia, mais, faz com que estas músicas sejam
bem distintas entre si são os arranjos e a produção das mesmas. Se levarmos em
conta que na lista acima tanto se encontram musicas de cariz clássico como de
Heavy metal, algo tinha de as distinguir…
A música que foi para a Eurovisão a representar Portugal foi
mais uma, padronizada, mas sem grande sal, e é precisamente o sal que distingue
as músicas. Já se percebeu que quem produz o festival não tem grande interesse
em fazer um brilharete. Ir lá representar Portugal não é mais do que picar o
ponto. Se assim não fosse, no momento em que o festival encerra em Portugal,
com a escolha da música vencedora, a música deveria ir directamente para as
mãos de um produtor de nível internacional (cá há pelo menos um, que já
colaborou em álbuns das maiores divas da canção a nível mundial) para que a
música fosse completamente reproduzida e repensada para fazer impacto no sítio
onde se vai apresentar.
Em vez disso, como é um costume tipicamente Tuga,
pauta-mo-nos pela mediocridade…
…e quanto muito queixa-mo-nos depois que a mediocridade dos
outros foi melhor que a nossa.
Não vi a eliminatória de ontem do Eurofestival, vi apenas as
primeiras duas ou três actuações, mas aquilo que vi, embora fosse mais do
mesmo, estava mesmo bastante bem produzido…
…e a avaliar pelo que sempre aconteceu (as músicas
permanecem imutáveis entre o festival RTP e a Eurovisão – ao contrario do que
fazem outros países) a nossa nem por isso…
…e francamente, é pena…
…mas é o que temos!
Eu, Maria, me confesso uma desviante dos padrões musicais mainstream. Cansei-me em criança! ;)
ResponderEliminarBeijos, "ex-Ulisses". :P
Maria Eu,
ResponderEliminarPois, eu normalmente aquilo que ouço mais é algo que alguns amigos meus chamam de "musica para músicos", que é algo que vai da música clássica ao metal progressivo e passa por coisas incategorizáveis (como Ktu ou Alamailmann Vaasarat por exemplo)...
...mas a verdade é que o mainstream é um manancial de tesouros de produção musical. Basicamente é algo que um colega meu costuma chamar de "polir um cagalhão". Nas palavras dele a produção mais mainstream é exactamente isto. Pegar em coisas sem ponta por onde se lhe pegue e poli-las até brilharem...
...no entanto, como eu costumo dizer, um cagalhão polido e brilhante continua a ser um cagalhão...
...é apenas esteticamente mais interessante!
:)
Sinceramente, não ligo mesmo nada ao festival da canção.
ResponderEliminarAgradeço as visitas "mudas" ao meu blogue.
Boa semana!