sexta-feira, 27 de março de 2015

O €uro (ou como estamos todos a ser encaminhados para o curral)



Ontem, ao passar pelo blog da Beijo Molhado dei de trombas com um pedaço do livro do JRS, “A Mão do Diabo”, que fala acerca da introdução do €uro como moeda única, e do facto de ter havido economistas a alertar a comissão Europeia de que a moeda, só por sí, sem outras medidas que fossem estudadas para a equilibrar dentro do espaço monetário, seria uma receita para uma catástrofe anunciada, uma vez que iria promover a transferência de fundos das economias periféricas mais fracas para as economias mais fortes. E também fala de como esses avisos foram, simplesmente, ignorados.
Ora isto pôs-me a fazer uma coisa de que não gosto: Pensar!
Há muitos anos atrás, ainda antes de entrar o Euro e depois do falhanço crasso do ECU, falava-se muito de como a Europa teria de avançar para uma federação.
Ora, uma federação Europeia levanta problemas graves. Aliás, nem é preciso ir muito longe para perceber isso.  Uma escala mais pequena a nossa vizinha Espanha vê-se a braços com as suas regiões que, se pudessem, declaravam a independência. A Galiza gostava de ser Portuguesa, a Catalunha afirma-se Catalã e não Espanhola, do Pais Basco acho que nem vale a pena falar…
Passando isto para uma escala maior, os Portugueses não gostam dos Espanhóis, Os espanhóis não gostam dos Franceses, nem dos Ingleses, nem dos Portugueses, os Franceses não gostam dos Ingleses, dos Espanhóis e dos Italianos e ninguém gosta dos Alemães (a não ser talvez os Austríacos).
Diferentes línguas, diferentes culturas, histórias cheias de conflitos entre países e nada disto é fácil de apagar da memória colectiva em uma ou duas gerações.
Voltando ao €uro, mesmo por cá houve bastantes intervenções na assembleia da republica a falar dos problemas que a nova moeda traria. No entanto, não só foram ignorados como foi vendida uma ideia de que esta moeda iria reduzir o fosso entre os países mais ricos e os mais pobres.
Infelizmente, tapar o sol com uma peneira nunca deu bom resultado e, passados estes anos, tudo o que foi previsto aconteceu. Se calhar mais depressa do que era esperado devido à estupidez politica do outro lado do Atlântico que desregulou por completo os mercados de capitais com os resultados que se viram.
Mas a minha questão é: e se tudo isto, mesmo as consequências previstas, foi feito de forma premeditada?
Quando se andou a falar em federação, ninguém estava de acordo. Não é fácil pormos para trás milhares de anos de história. Mas, de repente, deixou de se falar numa federação.
Entretanto as consequências da introdução do €uro fazem-se sentir, com as tais transferências de dinheiro para o centro, o que em ultima analise faz com que os países, para funcionar, precisem de se endividar, o que causou a crise das dividas soberanas.
Se a Europa fosse uma federação o problema seria resolvido com transferências de capital do centro para a periferia, reequilibrando o conjunto. Não sendo, é difícil a um governante Alemão justificar a transferência de verbas para Portugal ou para a Grécia.
Creio que, dentro e pouco tempo estaremos confrontados com a seguinte pergunta: Saímos do €uro ou damos aval à transferência da nossa soberania para um governo central europeu?
Sair do €uro seria mau a curto prazo. Muito mau. A desvalorização imediata de moeda e a inflação resultante da mesma faria com que ficássemos, na pratica, com menos de metade dos ordenados que temos neste momento, com todas as consequências que dai viria, como por exemplo um colapso da banca que se veria a braços com muitos mais milhares de casas do que têm agora, uma vez que um ordenado “normal” mal daria para comer. Durante uns cinco anos, numa perspectiva conservadora, passaríamos por algo que faria os últimos quatro anos parecerem um paraíso. E mesmo quando o país finalmente estabilizasse, ficaríamos bastante atrás do padrão de vida que temos hoje.
Por outro lado, não saindo, para a situação europeia ser resolvida sem uma implosão da união monetária, há que avançar para uma federação de estados Europeus, pelo menos para os que fazem parte da moeda única. A consequência disto seria Portugal passar a ser somente uma região. Seria, na pratica, mesmo que houvesse eleições directas para os altos cargos Europeus, que, pela simples força dos números, teríamos sempre um governo Alemão ou Francês.

O pior é que, na pratica, quando confrontados com duas hipóteses: Pobreza extrema ou o fim de Portugal enquanto país, a maioria preferiria a segunda hipótese…

Acho que nos fizeram a cama. Ao entrar no €uro fizemos um pacto com o Diabo. E nunca ninguém se deu bem com tais pactos…

quarta-feira, 18 de março de 2015

Há uns anos atrás…



…comecei a escrever uma coisa chamada “Crónicas do Paraíso”.
Para pôr isto em contexto, vou andar mais alguns anos para trás. Aprendi a ler aos 4 anos porque, na altura, não havia dobragem de desenhos animados e eu queria saber o que os bonecos diziam, sobretudo “Os Marretas”.
Depois, aos 6, fui viver para uma quintinha em Fernão Ferro, que na altura não passava de um imenso pinhal com meia dúzia de casas, e não havia ninguém por perto.
Tendo eu em casa uma vasta biblioteca, comecei a ler. E li tudo o que havia em casa. Todos os anos vinha à feira do livro e levava mais algumas coisas para casa, como várias obras de Alexandre Dumas, Ben-Hur, Moby Dick…
…entretanto, por volta dos meus 7 ou 8 anos, não tendo já eu coisas em casa para ler, comecei a trazer livros de casa do meu irmão. E foi assim que li “Os mistérios do triangulo das Bermudas”, “Às portas de Atlântida”, “Eram os Deuses astronautas?”, isto além de dezenas de livros de contos de ficção cientifica escritos pelos maiores nomes mundiais do género como Poul Anderson, Philip K. Dick, Isaak Asimov, entre outros.
Clauro que estes livros foram combustível para a minha imaginação, sobretudo os três primeiros porque apresentam uma série de perguntas que ainda estão sem respostas concretas.
Entretanto cresci, e embora nunca tenha perdido o fascínio pelas antigas civilizações, não havia grande acesso a informação.
E depois tropecei na lenda da Lilith!
Eu, que tinha lido a bíblia de fio a pavio com dez anos de idade, nunca tinha ouvido falar em tal criatura. Achei a história judaica mal contada e, graças à internet, comecei a compilar informação acerca dela que me levou, em ultima instancia, a escrever o livro com o  seu nome.
Mas toda esta investigação foi-me levando mais longe. Estranhei em absoluto o facto de nós, Homo Sapiens Sapiens existirmos à face do planeta há cerca de 200.000 anos e, de repente, nos últimos 5.000 termos feito tudo. Se pensarmos em termos de percentagem isso quer dizer que não utilizamos as nossas capacidades por aproximadamente 97,5% do tempo em que existimos. Isto é, no mínimo, estranho.
Depois começamos a olhar para as Anomalias que se espalham pelo mundo, locais como o planato de Gizé, Nasca, Puma Punko, Ilha da Pascoa, Stonehenge, só para citar alguns dos mais famosos e há, realmente, algo que não se consegue encaixar na visão oficial da história.
Só para termos uma ideia, na versão oficial, a pirâmide de Gizé foi construída em 22 anos. Isto significa que a cada 9 segundos um bloco de pedra com toneladas de peso foi cortado com perfeição e encaixado em alinhamento perfeito dentro da estrutura da pirâmide.
Se falarmos de Puma Punko o caso ainda é mais estranho. Blocos de diorite, a segunda coisa mais dura existente no planeta, alguns com 440 toneladas (pensem numa pilha com 600 carros e é mais ou menos isso) com entalhes feitos com precisão de laser foram arrastados mais de 90 km por uma montanha acima onde fizeram parte de uma construção que, entretanto, parece ter sido destruída como se aqueles matacos não passassem de peças de dominó, estando as pedras espalhadas pela paisagem. Para completar a questão, as pedras estão cobertas com iridium, coisa que é normal após uma explosão atómica!
Para completar o ramalhete de estranheza, a história oficial diz que Puma Punk foi construída por volta do ano 500. Não se sabe por quem, porem sabe-se que as civilizações existentes naquela época na América do sul não tinham sequer ferramentas de ferro, muito menos as de diamante que seriam necessárias para fazer os cortes na diorite, não conheciam a roda e, arrastar mesmo os blocos mais pequenos desde a pedreira até ao local teria requerido um esforço enorme. Mais, a 3500 metros de altitude, nos Andes, não há árvores para facilitar o andamento das pedras.
Depois há coisas, como o mapa de Piri Reis, assim chamado porque foi desenhado pelo almirante turco, segundo o próprio, com base em cartas mais antigas a que teve acesso, e que se transformou de um dia para o outro num mistério quase insolúvel. Num dia era simplesmente um mapa fantasioso que, por acaso, mostrava terras no sítio onde está a Antárctida muito antes de esta ter sido descoberta. Depois foi usado um satélite para cartografar com precisão a linha de costa daquele continente por baixo do gelo que o cobre e fica-se a saber que, afinal, aquilo que conseguimos descobrir graças aos nossos satélites já alguém o sabia antes, uma vez que a cartografia do mapa de Piri Reis é exacta, isto apesar de, à época, ninguém ter chegado ainda lá e, mesmo que tivessem chegado e cartografado, os mapas reflectiriam a linha de costa criada pelo gelo e não a linha de terra por baixo do mesmo, que são bastante diferentes.
Ora, a conclusão lógica será a de que alguém cartografou a linha de costa da Antárctida antes desta estar coberta pelo gelo…
…o que é impossível visto que nem sequer havia humanos na altura em que aquele continente esteve livre de gelo, nem haveria em tempos mais próximos.
Descobertas como Yonaguni, ao largo do Japão, Dwarka, na India e, provavelmente a mais importante e a que está a encontrar mais resistência, até porque é aquela que mais facilmente pode levar a algumas conclusões, o complexo de pirâmides em Visoko, na Bósnia, onde a pirâmide do Sol tem cerca de mais um terço de altura que a de Gizé, onde foi encontrado um complexo de tuneis com cerca de 35.000 anos que ninguém sabe quem construiu e que foram enchidos há cerca de 4500 anos também ninguém sabe por quem, deitam cada vez mais por terra a visão oficial de que a civilização floresceu pela primeira vez na Suméria.
Há cada vez mais provas que houve uma civilização global pré-histórica que atingiu um elevado grau de tecnologia. Cada vez mais as lendas se materializam à nossa frente, cada vez mais percebo que a nossa história não é bem aquela que nos é papagueada nas escolas.
A busca por quem somos na realidade é a busca da nossa identidade, enquanto espécie e enquanto indivíduos. Esta civilização, a ter existido, poderá dar-nos pistas para o nosso futuro. Poderá até dar-nos a chave que nos leve a não nos aniquilarmos.
A história de “Crónicas do Paraíso” é uma tentativa minha pessoal de reflexão e de encaixe das lendas com os factos que vão aparecendo e que são, cada vez mais, desconcertantes.

Mas aquilo que é verdadeiramente desconcertante para mim é o facto de a corrente oficial fazer tanto para manter uma visão falsa da nossa história sem sequer se dar ao trabalho de investigar seriamente as descobertas que vão sendo feitas.
Visoko é um exemplo claro disso. Provavelmente o sitio arqueológico mais importante do mundo, cada vez mais uma fonte de receitas para o governo Bósnio, e no entanto o próprio governo recusa-se, apesar de todas as descobertas, a deixar levantar uma boa parcela de terreno na montanha para se tirar de vez as dúvidas se há uma pirâmide ali ou não e calar de vez um lado ou o outro.
Felizmente já é inegável que alguém fez o complexo de tuneis há 35000 anos atrás, muito pelo mérito de Semir Osmanagić, descobridor do complexo e pessoa que está à frente das investigações, e da sua politica de publicar de imediato todas as descobertas que são feitas na internet, dando acesso às mesmas ao mundo inteiro, sem filtros.


Talvez conseguindo reescrever a nossa história possamos reescrever o nosso futuro enquanto espécie…



Para os mais curiosos:

Algumas informações sobre Puma Punko aqui

Uma carrada de videos sobre o complexo de pirâmides de Visoko aqui

terça-feira, 17 de março de 2015

Queres um mundo melhor, mais fraterno, mais justo?
Bem, começa a construí-lo: quem é que te impede? Fá-lo em ti e à tua volta, fá-lo com aqueles que o querem fazer. Fá-lo pequeno e ele crescerá.

Carl Gustav Jung

Ler o “Admirável mundo novo”…



…é justificar o porquê de eu gostar de ler ficção cientifica.
A ficção cientifica, para mim, nada tem a ver com viagens interestelares, homenzinhos verdes e outras coisas afins.
Para mim havia quatro livros de referência:
1984 – George Orwell
Um estranho numa terra estranha – Robert Heinlein
A torre de vidro – Robert Silverberg
Nemesis – Isaak Asimov

E agora junto-lhes mais este.

A Ficção Cientifica explora problemas sociais e encaixa-os num cenário onde podem ser devidamente exageradas. Admirável mundo novo põe em choque o animal humano com a descaracterização da sociedade.
Mas, mais admirável é o facto de essa descaracterização que foi postulada por Huxley se estar a dar agora, neste momento. Aquilo que ele descreveu em 1932 (quase há 100 anos atrás) é, basicamente o mundo em que vivemos agora, mesclado de forma quase imperceptível com aquele que foi postulado por Orwell.
Por um lado temos uma sociedade controlada e vigiada, cada vez mais. Sempre em nome de uma falsa segurança que, na verdade, não existe.
Os nossos telemóveis têm GPS, os nossos passes registam por onde andamos, os nossos cartões de débito e credito registam as nossas transacções, os motores de busca da Internet registam aquilo que vemos e as nossas preferências. Somos controlados a cada passo que damos.
Por outro lado, baixam-se cada vez mais os standards da educação, a exigência do ensino, e bombardeia-se a televisão com programas acéfalos de entretenimento.
Até as artes parecem reflectir isto e a literatura, a música, as artes plásticas são cada vez mais “leves” e desprovidas de conteúdo.

Cada vez mais olho à minha volta e me pergunto se não estaremos neste momento numa encruzilhada em que temos de escolher o que realmente queremos para nós enquanto sociedade. Sinto que vivemos numa ditadura de imbecilidade imposta, mais, procurada.
Os políticos são verbos de encher, pessoas que afirmam alto e bom som “olhem para o que eu digo e não para o que eu faço” com discursos carregados de hipocrisia e sem significância, cheios daquilo que os outros querem ouvir e desprovidos de convicções.
A educação torna-se uma anedota quando todos os alunos têm de passar para não se ficar mal nas estatísticas, onde o grau de exigência se torna anedótico porque há meia dúzia numa turma que não sabe nem quer saber e que, muitas vezes, estão na escola somente porque se não estiverem os pais deixam de receber subsídios.
Vivemos na ditadura das minorias, porque são aqueles que o sistema não consegue conformar. A maioria é, afinal, a carneirada que faz o que deve fazer quando deve fazer.

Mas, apesar de todos os sinais, o mundo não vai mudar. Pertence às corporações, pertence ao grande capital, deixou de pertencer às pessoas. As pessoas deixaram de pertencer às pessoas.

Vivemos num mundo escravizado em que nos submetemos à escravidão por vontade própria…
…e o prior é quando nos apercebemos disso!

A ignorância é felicidade…

…e eu dava tudo para ficar na ignorância!

quarta-feira, 11 de março de 2015

Is there anybody listening?

a faixa que fecha aquele que é um dos, para mim, melhores albuns dos anos 90, "Empire" de Queensryche.



Tu e eu
Aspiramos a viver como o vento sobre as águas
Se fecharmos os olhos
Talvez nos apercebamos
Que há mais na vida do que julgávamos
E nem posso acreditar
Que passei tanto tempo
A viver mentiras
Que eu sabia erradas cá no fundo
Comecei a ver a luz...

Há muito havia um sonho
(tive fazer algumas escolhas)
Diexar tudo o que amava para trás
(em troca de quê, ninguém o sabia)
Pisei um palco, ao vivo,
Sob luzes e olhares de julgamento
Agora os aplausos morreram e eu
Posso sonhar outra vez

Está alguém a ouvir?
Há alguém a ver o que se passa?
A ler nas entrelinhas, 
A criticar as palavras que são vendidas
Pensa por ti e sente as paredes
Tornarem-se areia debaixo dos teus pés

Sentes a brisa?
O tempo está tão perto que quase podes provar a liberdade
Um vento quente sopra de sul,
Levantamos a vela e partimos,
Pela manhã tudo isto parecerá um sonho
E se eu não voltar
Para cantar
Talvez seja pelo melhor
Vi os noticiários
E não há muito que possa fazer...

Está alguém a ouvir?
Há alguém que sorria sem uma mascara?
O que está por detrás das palavras -imagens
que eles sabem ser apelativas?
Prefiro a realidade.
Acendam as luzes





Admirável mundo novo



Ontem resolvi finalmente pegar num livro que já estou para ler há alguns anos.
“Admirável mundo novo” de Aldous Huxley.
Confesso, apenas li o prefácio, escrito pelo próprio umas décadas depois da obra original ter sido editada. E assustei-me com a clarividência deste homem.
Tal como George Orwell, ele preconiza a sociedade futura será totalitária, avançando que todos os indícios estavam já, naquela altura a apontar para isso.
Mas, ao contrário de George Orwell, ele afirma que esta sociedade apenas poderá existir se a elite que controla a sociedade conseguir manter a população não só na escravidão, mas felizes  com essa mesma escravidão (o que não implica ser feliz na vida) e dispostos a defender a sua servidão.

“(…)Não há nenhuma razão, bem entendido, para que os novos totalitarismos se pareçam com os antigos. O governo por meio de cacetes e pelotões de execução, de fomes artificiais, de detenções e deportações em massa não é somente desumano (parece que isso inquieta muitas pessoas, actualmente); é – pode demonstrar-se – ineficaz. E numa era de técnica avançada a ineficácia é pecado contra o Espírito Santo. Um estado totalitário verdadeiramente “eficiente” será aquele em que o todo-poderoso comité executivo dos chefes políticos e o seu exercito de directores terá controle de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à servidão. (…)

(…)Abstendo-se simplesmente de mencionar alguns assuntos, baixando aquilo a que o Sr Churchil chama “cortina de ferro” entre as massas e certos factos que os chefes políticos locais consideram como indesejáveis, os propagandistas totalitários têm influenciado a opinião de uma maneira bastante mais eficaz do que teriam podido fazê-lo por meio de denuncias eloquentes ou das mais convincentes e lógicas refutações.(…)

(…)O problema consiste em fazer os individuo amar a sua servidão. Sem segurança económica, não tem o amor pela servidão nenhuma possibilidade de se desenvolver.(…)

(…)À medida que a liberdade económica e politica diminui, a liberdade sexual tem tendência para aumentar como compensação. E o ditador (…) fará bem em encorajar esta liberdade, juntamente com a liberdade de sonhar em pleno dia sob influência de drogas, do cinema e da rádio, ela contribuirá para conciliar os súbditos com a servidão que lhes está destinada.(…)”

Em “Admirável mundo novo” era preconizada esta sociedade 600 anos no futuro. Neste prefácio ele diz que provavelmente se enganou, que estaremos, talvez, a uns 100 anos dessa sociedade. Ele enganou-se de facto e em apenas 60 anos, é onde estamos.

Pensemos bem no que são as democracias ocidentais. De x em x anos os eleitores são chamados às urnas para escolherem um projecto político. Depois de escolhido, o que é que muda?
O que é que mudou, de facto, nos Estados Unidos com a eleição tão aclamada como uma mudança de paradigma do presidente Obama?
As tropas foram retiradas das zonas de conflito?
As pessoas responsáveis pela desregulamentação da economia americana que culminou com o estouro da bolha imobiliária e arrastou as economias mundiais para uma crise foram responsabilizadas por isso?
Do lado da Europa, quem é que escolhe quem está à frente das instituições? Quem é que escolhe o presidente da comissão e os comissários? Quem é que escolhe o governante do BCE?

A nível local, o que é que muda com a alternância entre os partidos do arco do governo? E mesmo que estes partidos fossem fortemente penalizados e fosse dada voz a partidos com projectos diferentes, o que aconteceria? Se olharmos para a Grécia, percebemos rapidamente que podemos fazer quase tudo, mas as elites no poder não deixam margem para quase nada. A Grécia, como a prazo Portugal, a Espanha, a Itália e a Irlanda terão de decidir o que fazer. Ou se conformam e espremem tudo o que podem dos seus cidadãos para tentar cobrir uma dívida causada pelo má gestão de dinheiros públicos, investimentos desnecessários e improdutivos, transferindo enormes fatias de dinheiro dos contribuintes para instituições privadas, ou não se conformam e vêem cortadas as fontes de financiamento à economia lançando os respectivos países num caos económico e social que, na melhor das hipóteses demorará anos a resolver e implica retrocessos graves no modo de vida de cada cidadão.

Não nos enganemos. Vivemos já num estado totalitário, tão bem maquinado e disfarçado que até temos a impressão que a realidade é diferente…

Numa ditadura temos, pelo menos, alguém a quem apontar o dedo.
E numa ditadura disfarçada de democracia em que ninguém é absolutamente responsável por nada?

As palavras de Aldous Huxley são proféticas. Era bom que as lêssemos e meditássemos um bocadinho no seu significado nos dias de hoje…



segunda-feira, 9 de março de 2015

“A mão do Diabo” de José Rodrigues dos Santos



Sou sincero numa coisa: Acho o José Rodrigues dos Santos uma espécie de Dan Brown Português. Os livros do Dan Brown são daqueles que é impossível pousar depois de pegar, todos têm a mesma linha de história, misturada com montes de factos mais ou menos verificáveis, embrulhada num enredo policial, e pimbas! Tá um romance feito.
No entanto, quase invariavelmente, chego ao fim dos romances de Dan Brown e de José Rodrigues dos Santos com a sensação de que estive a ver um filme pipoca num sábado à tarde e a coisa fica por aí…

Ora, tendo já lido os livros todos do Dan Brown, a maioria deles antes de serem editados cá no burgo e tendo constatado que o melhor de todos foi o primeiro, talvez porque é o único original, e tendo já lido alguns do JRS, a minha vontade de ler “A mão do Diabo” não era grande. Mas depois de alguma insistência por parte do “Especiaria” com quem eu troco regularmente sugestões de leitura, acabei por ler.

A história do livro é má. Muito má. Chega a fazer impressão o quanto a história é má e previsível.
O livro devia ser de leitura obrigatória para todos os povos Europeus, com especial incidência para os da zona Euro.
O livro é, nem mais nem menos, que a apresentação de factos que nos levaram ao buraco onde estamos. É um apontar das culpas aos desregulados sistemas especulativos americanos, mostrando o porquê de estarem desregulados e mencionando pelo nome os intervenientes nessa desregulamentação que, aquando do estouro da bolha imobiliária nos estados unidos, ao invés de serem culpabilizados, passaram para cargos de maior responsabilidade, ao contágio da economia europeia por essa mesma bolha imobiliária, aos problemas que o euro tem enquanto moeda e como esses problemas transferem dinheiro das economias periféricas para o centro, do uso que foi dado aos fundos estruturais e de como esse uso apenas fez o país afundar-se numa espiral de dividas, de como a corrupção interna e externa ameaça as democracias e a própria coesão europeia, alerta para o risco de implosão do Euro e é, em ultima instância, um monumental chapadão na cara dos políticos, quer os pertencentes aos diversos governos, quer aos da oposição, pondo a nu a corrupção de alguns negócios e os motivos por trás dos mesmos, a maneira criminosa como estes são feitos para obtenção de financiamentos pessoais e políticos e da maneira como os políticos passam propositadamente legislação que, na prática, os isenta de responsabilidades.

Se apenas metade das questões que o livro, que diga-se, no fundo é apenas uma teses disfarçada de história de ficção para ferir menos susceptibilidades, fosse adereçada, poderíamos estar de repente num pais melhor…
…talvez não em melhores condições do que está, mas melhor, sem dúvida.

Se querem um excelente abre olhos acerca da politica, se querem um verdadeiro motivo para levantarem o dedo contra a contra os políticos, leiam este livro.
Se querem saber o que por aí vem se nada for feito a nível central na europa, leiam este livro.



Resumindo e concluindo: A história do livro é só para encher chouriços. O livro é um 5/5

sexta-feira, 6 de março de 2015

FATifer,



Compreendo a tua confusão, mas as conversas avulsas são mais abrangentes...

Para teres uma ideia, este gajo é um amador. Este gajo começou a falar de nada e tornou nada no centro da sua conversa, ou seja, transformou nada no conceito mais abrangente que pode haver, porque pode falar de absolutamente tudo, uma vez que não está a falar de nada e é por isso que o discurso dele tem coerência.


O conceito das conversas avulsas é mais no sentido de a conversa ser acerca de algo, seja lá isso o que for, mas ainda assim ser coerente, sem precisares de facto de saber o assunto. É tipo o discurso politico perfeito. Aquele em que um gajo vai à televisão fazer uma declaração que faz a Maria Josefina, que acabou de ser mãe, acreditar que lhe estás a dizer a melhor maneira de adormecer o recém-nascido que tem gases, ao mesmo tempo que o Augusto, que é mecânico, acredita que lhe podes dizer como afinar a centralina de um Porsche, e tu estás, na realidade a descrever como descamar um carapau. Ou seja, é a conversa que é tudo para toda a gente. Não é acerca de nada, que isso é só para um gajo se armar em inteligente…

Hoje…



…chego como de costume ao atracadouro do Seixal em cima da hora, impingem-me o Boletim Municipal, ou seja, o jornal em que a Autarquia local apregoa tudo o que fez de bom – curiosamente nunca lá aparecem as coisas que correm mal - , entro disparado pelo terminal, tendo noção de que o barco apenas parece estar só à minha espera, entro no barco e dirijo-me à cafetaria onde me junto aos suspeitos do costume (somos quase sempre os mesmos, criaturas viciadas em cafeína ou que saem da cama tarde demais para tomar o pequeno almoço em casa), apanho um espaço no balcão e começo a ler o dito boletim, uma vez que já nem preciso de pedir – as empregadas já nos conhecem a todos…
Ao meu lado está um gajo que trabalhou comigo vai para cima de uns 25 anos, quando eu me dedicava à nobre arte de ser camionista distribuidor de gás…
…estão a ver aquele antigo anuncio da Galp em que uma moçoila andava com a bilha às costas (salvo seja)? Não tem nada a ver. A realidade era bem pior e nem eu nem o gajo que estava ao meu lado tínhamos qualquer semelhança com a utópica realidade desse anúncio.
Quando a minha dose de cafeína é colocada à minha frente já ia a meio do jornal que acabo de ler após ter dado um gole no mesmo (sim o jornal é mesmo assim tão informativo e interessante).
Dobro o jornal que meto no bolso de trás das calças, para não me ocupar as mãos, dedico-me de alma e coração ao que é importante (o café) e volto-me para o meu ex-colega:
-…e foi assim!
-Pois foi. Eu por acaso até já era para te ter falado nisso, mas depois não te vi, e esqueci-me…
-Não, mas como vês acabei por constatar o mesmo que tu.
-É verdade. Mas eu sabia que ias dar por isso. Podia era ter-te avisado mais cedo.
-Olha, mas ainda bem que não avisaste que assim vi com os meus olhos, pá. Quem diria…
-É verdade. Quem diria. Se eu não tivesse visto também era difícil acreditar…
-Yá…! Mas já agora, estamos a falar de quê?
A senhora que estava do meu outro lado, ficou a meio do gole que estava a dar na sua meia-de-leite.
-Da tatuagem que a outra fez nas costas…
-Olha, mas eu por acaso estava a falar da cena do Passos coelho…
-Bem visto. Se quiseres até podemos aplicar isto à cena do BES…
Fez-se-me de repente luz (coisa que é raro, sobretudo tão pouco tempo depois do corpo se ter levantado da cama, estando o Tico ainda a dormir e o Teco bastante ensonado).
-Pá, acabei de ter uma ideia para um negocio inovador!
-Atão?!
-Conversas genéricas!
-Olha, boa. Podias fazer um DVD ou assim…
-Melhor, páh! Faço um livro e depois dou conferências e workshops por aí… Até já tenho o título: Conversas genéricas: Fale acerca de absolutamente tudo sem perceber de absolutamente nada.
-Éh páh, isso é apelativo…
-E depois punha entre parêntesis por baixo, como subtítulo: (pareça inteligente mesmo sem o ser)
A senhora ao meu lado engasgou-se ligeiramente e teve de pousar a chávena porque ria à gargalhada com o resto do pessoal a olhar para ela, inclusive eu, esperando perceber a origem daquele ataque de riso…
Entretanto acabei o café, voltei-me para o meu ex-colega:
-Adorei este bocadinho. Não por ser curto, mas mesmo pela extrema qualidade.
-Olha eu também, bom fim-de-semana.
-Depois dou-te 5% dos royalties da cena…
-Cá fico à espera.

E posto isto fui continuar a ler mais um dos livros do JRS no meu tablet… (não me perguntem qual que eles são todos iguais… mas um gajo tem de distrair os neurónios senão…)

quarta-feira, 4 de março de 2015

Música

Aquilo que está aqui em baixo é música!
Sim, é mesmo música!
Eu sei, pode até nem parecer à primeira vista, mas é! Afinal, se Kuduro e Kizomba são, porque é que isto não haveria de ser?
Só que isto é mesmo!
Eu sei que é difícil perceber esta espécie de pos-punk-thrash-hardcore-metal-progressivo-a-soar-a-música-bulgara-tocada-por-finlandeses, e nem sei o que é que os gajos tomam quando estão a compôr...
...mas não me importava de saber porque deve ser bom!

Isto, por norma, não agrada muito a não-músicos. São uma espécie de Bela Bartok da música moderna Europeia. Portanto, se são fãs da família Carreira, Anselmo Ralph, musica pimba variada e coisas afins, não carreguem em play, que isto frita-vos os neurónios e deixa-vos em estado vegetativo para o resto das vossas existências...

...já se gostam, amam, veneram música e não conhecem Alamailman Vaasarat, carreguem em play...
...o mais que pode acontecer é não gostarem, mas é difícil não reconhecer a absoluta genialidade disto! Músicos de primeira água (caso contrario também seria difícil interpretar isto ao vivo), excelente composição e a mais absoluta anarquia...

(nota: excelente para limpar os ouvidos se passarem os dias a ouvir rádio)


Ele há coisas que eu não percebo...

...e diga-se de passagem, apesar da crença de algumas pessoas, como a minha mulher, a minha filha, um médico que trabalha comigo que me pergunta tudo acerca de tudo começando sempre a sua interpelação com"Você que sabe tudo..." ou até mesmo a senhora que trabalha no bar do barco onde faço a travessia vespertina do rio em, direcção a casa, a verdade é que nem sei tudo, nem percebo sequer tudo o que sei.

Passo a demonstrar:
O país com mais acessos a este blog desde que foi criado é Portugal. Isto eu já saberia à partida.
O segundo país com mais acessos a este blog desde que foi criado com mais de um terço dos acessos é...
...os Estados Unidos da América!

Tendo em linha de conta que eles, na sua grande maioria, nem sabem que Portugal existe (aliás, alguns em concursos de cultura geral nem sabem nomear um país do mundo começado por U, como, por exemplo, assim só de cabeça, United States of America) de repente estou-me a sentir vigiado!

Eles andem por aí...

Obama, se tás a ler isto, quero dizer-te que tens um pais magnifico, maravilhoso e lindissimo, e um dia espero poder via a concretizar o sonho de fazer a Rote 66 num mustang de finais da decada de 60...
...só é pena é isso estar cheio de Amaricanos, senão era perfeito!
(não te preocupes, podes dizer o mesmo de cá, que eu percebo perfeitamente - afinal o único problema de qualquer local é haver lá pessoas)

Beijinhos prá Michele e quando o mandato acabar manda o rafeiro de volta, P.F.