segunda-feira, 20 de maio de 2019

Vi um video de Vítor Rua a desconstruir a musica de Conan Osiris

O homem tem direito a ter a sua opinião e não a contesto!
Não obstante, durante o video há frases como "Ele é afinadíssimo, aquilo que se passa na música, por trás, é que dá essa ilusão de desafinação"! Errado! Afinação é algo que existe apenas dentro de um contexto. Se ele estiver a cantar sem música, a questão da afinação não se coloca (tanto) uma vez que não há relações entre notas que possam pôr em evidência essa "desafinação" mas a partir do momento em que há musica a tocar, a afinação da voz é em relação à música! Portanto, ou a música está mal, ou a voz!
Noutro ponto ele fala da comparação entre o Conan e o António Variações, afirmando que não há qualquer comparação possível, uma vez que o Conan fazia tudo sozinho enquanto que o Variações precisava de um batalhão de gente! E isto é verdade - mas é uma analise altamente enganadora e falaciosa e eu explico o porquê!
O Conan Osiris existe numa época em que qualquer pessoa com um telemóvel tem app's de gravação e produção musical! Com um PC então, pode-se gravar orquestras sinfónicas inteiras, produzir qualquer som imaginável! A tecnologia evoluiu de tal forma que mesmo as partes mais complicadas da produção (a mistura e a masterização) já tem auxiliares electrónicos que conseguem pôr qualquer faixa a soar bem! No tempo do António, gravar com qualidade era algo só ao alcance daqueles que tinham contratos com editoras discográficas. As gravações eram feitas em bobines de fita por músicos a sério, não havia cá grandes sequênciações e electrónica. No lado caseiro, a maior das aspirações era ter um gravador de 4 pistas que já dava para gravar uma maqueta ranhosa...
Portanto, acredito que o António, se ainda cá andasse, estivesse também sossegado em casa a fazer as cenas dele sem precisar de mais ninguém...

E isto não é uma crítica ao Conan. É uma crítica ao Sr. Vitor Rua :)

4 comentários:

  1. Bom, eu não gosto do Conan. Não gostei da canção escolhida e várias pessoas me disseram que eu não entendia nada que a canção era maravilhosa, era moderna, original, e muito à frente.
    Então fui à Internet e ouvi tudo o que encontrei dele. E fiquei vacinada.
    Do Variações gostava e ainda hoje tenho saudades. E não acho que tenha comparações.
    Abraço e boa semana

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  2. Elvira, bom dia :)

    Posso dizer-lhe que tb não! aliás, a primeira música que ouvi dele (que não foi a dos telemóveis) vacinou-me de imediato e desinteressou-me completamente do trabalho dele, talvez injustamente, mas não tenho a mínima curiosidade e a estética sonora que ele usa não combina com a minha personalidade.
    Mas cada um gosta do que gosta e eu não tenho nada a ver com isso! Posso até analisar a música de forma objectiva, mas não vou afirmar que alguém deve ou não gostar!
    Mas referi-me a ele devido ao video deste Sr., que por acaso foi um dos elementos fundadores dos GNR, e como tal devia saber a imensa diferença tecnológica que existe desde os tempos em que ele, para gravar um album, tinha de ir para um estúdio usar um batalhão de equipamento que não estava disponível ao comum dos mortais em casa e tinha de passar dias lá dentro a tocar as coisas uma e outra vez. Isto já para não falar na questão da afinação!
    Comparar o Variações com o Conan, só mesmo a nível de criatividade e quanto muito do uso de uma estética pessoal! Fora isso é impossível. Aquilo que os Beatles e outros grupos fizeram, gravar com orquestras sinfónicas, só estava ao alcance de alguns, muito poucos, que tinham um tal nível de sucesso que as editoras não olhavam a meios para satisfazer as suas visões artisticas. No entanto, 40 anos depois, qualquer miudo faz isso com um PC num canto de um quarto! Há portanto uma falha grave na argumentação do Sr. quando implica que um é melhor que o outro devido ao que a tecnologia proporcionou!

    Enorme abraço :)

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  3. Digo-te uma coisa... tu dás uma trabalheira à malta que não estás bem a ver!
    Primeiro, eu não sabia quem era o homem e tive de ir investigar! Segundo não deixaste um link sequer para o tal do vídeo e fazes-nos andar aos papéis à procura! É que para quem tem o tempo limitado como eu, dava jeito saber a que te referes, não?! 😜

    Do que eu vi da entrevista, concordo com uma frase que o senhor Rua diz: «Não peçam à Pop para ser algo que ela não é».
    E basicamente foi isso. Em tudo o resto, não percebo muito de música, nem de Apps, nem de gadjets que ajudam a fazer música audível (isso é teu departamento) e como tal só me posso fiar no meu ouvido e no meu gosto pessoal e sentido de estética.
    A conclusão que eu tiro do "fenómeno" Conan Osíris e do que com ele pudemos aprender... é que hoje em dia QUALQUER UM pode ser artista, pode criar "ARTE"... porque basta haver quem aplauda.

    Beijinhos apressados
    (^^)

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    Respostas
    1. Não sei se já reparaste, mas quando os videos merecem ser vistos, eu ponho-os cá... Aquele, francamente, não merecia!
      Quanto à frase "não peçam à Pop para ser o que ela não é", posso dizer-te que, para a frase estar devidamente correcta, convinha saber ao certo o que é a Pop! E aí reside um problema!
      Pop aparece de Popular Music, ou seja, música popular! Ou seja, aparece por oposição à musica dita erudita!
      Assim sendo, tudo o que é popular é Pop! Ou seja, o Pimba é Pop, a bossa nova é Pop... Pop acaba por não ser um estilo mas um conjunto de estilos, que são populares no local a que nos estivermos a referir! Para levar a frase ao extremo diria, não peçam à Pop para ser erudita!
      E neste caso, por exemplo, a música do Conan é neste momento Pop, embora não o fosse antes!
      Mas também não era erudita!
      Portanto, não havendo uma definição do que é Pop ou não (A Byoncé com o seu R&B é pop, mas os Metallica, com o seu Trash Metal, também - Já os Slayer, que fazem Trash Metal como os Metallica não o são!) nunca poderemos saber o que a Pop é ou poderá vir a ser, só sabemos que ela não é nada que não seja popular e massificado! Portanto a frase em si denota uma certeza que não existe! Podes pedir o que quiseres à Pop, porque ela não sabe o que é! Se amanhã a Carmina Burana chegar a nº 1 da tabela de vendas, é Pop! Tal como o Quim Barreiros, O Tony das Camionetes e a sua prole, o gajo de San Marino (para chegar ali foi votado por alguém e para passar à final também...)!
      Quanto aos gadjets...
      ...lembras-te de quando querias escrever uma carta antes de haver computadores? Havia maquinas de escrever barulhentas, e quando davas um erro era uma chatice... Gravar num estudio era todo esse processo elevado a um exponencial! Um tipo em casa conseguia, quanto muito, fazer umas gravações ranhosas que dariam uma vaga ideia da música a um executivo de uma editora que, se contratasse a banda, a mandava para um estudio onde cada hora era paga a peso de ouro, porque havia o engenheiro de som, o produtor, auxiliares, bobines de fita carissimas, e toda uma parafernália de equipamentos electronicos só ao alcance da própria industria! Montar um estúdio analógico era ( e continua a ser) uma despesa exorbitante! Hoje em dia já não é assim! Aliás, a maior parte da música consumida hoje em dia tem origem em gravações caseiras, mesmo quando depois é produzida num estúdio de topo. Mas é fácil ligar um aparelho ao telefone e gravar uma guitarra ou um baixo, sem sequer incomodar ninguém com o barulho! Comparar uma época com a outra é como comparar tecelágem manual com teares industriais...

      Beijão grande :)

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