terça-feira, 2 de abril de 2019

Avnar observava calmamente por trás da sua enorme janela, ou melhor, da sua parede transparente, toda a azáfama que se passava no exterior. O fim da construção aproximava-se a passos largos e ele sentia-se orgulhoso e feliz por ter feito parte deste enorme empreendimento, talvez o maior empreendimento de sempre da espécie humana!
Voltou à secretária e verificou que todos os processos corriam normalmente. Ele sabia-se praticamente desnecessário ali, mas os protocolos de segurança requeriam a presença de um humano com capacidade de supervisão. A confiança cega nas máquinas já tinha tido um elevado custo no passado, pelo que qualquer decisão mais elevada feita pelas inteligências artificiais teria de ser aprovada por um humano. Mas, neste momento, os fluxos de processos estavam de tal forma mecanizados que qualquer decisão elevada só seria necessária em caso de acidente! O que queria dizer que ele era um sortudo! Podia estar num local privilegiado com uma vista magnífica e ainda usufruía dos benefícios sociais que a sua posição lhe proporcionava! “Supervisor dos fluxos de tráfego”!
Era um título pomposo! No fundo era um título vazio, e ele sabia-o, mas era pomposo! Mas o verdadeiro benefício era poder estar ali, com aquela magnífica visão para além da parede transparente!

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