quarta-feira, 10 de abril de 2019

II

A vegetação voltou a aparecer nas terras baixas, florestas começaram a crescer e em algumas gerações tudo parecia o que fora antes.
Os descendentes daquela cria prosperaram nas zonas mais quentes, avançando até às zonas temperadas. Viviam organizados em clãs, subsistiam da caça e dos frutos e plantas sazonais e eram nómadas, seguindo as manadas. Os Homo Erectus, a sua espécie ancestral ia desaparecendo aos poucos. Os seus clãs pouco conseguiam fazer contra os caçadores desta nova estirpe que se organizavam de forma especialmente eficiente, com ciladas e emboscadas. De pouco lhes servia a superioridade física contra a inteligência superior dos invasores e clãs inteiros eram extintos, normalmente caçados e cozinhados.
Os caçadores começaram a aprender a fazer abrigos com folhas e paus para se abrigarem dos elementos quando caçavam e estavam longe da caverna do clã, em viagens de caça que podiam levar dias e por vezes semanas. Foi por isso uma evolução natural que, quando as cavernas começavam a ficar demasiado cheias, se começassem a montar abrigos, primeiro feitos com plantas e evoluindo mais tarde para estruturas feitas com os ossos de animais de largo porte cobertas com as suas peles. Começaram também a usar as peles, primeiro para se camuflarem e depois para se aquecerem e aos poucos começaram a expandir-se para lá da zona equatorial para zonas mais frias, encontrando pelo caminho clãs parecidos com eles, mas de pele clara e cabelos da cor das papoilas. Os encontros não costumavam ser pacíficos, embora estes clãs estranhos nunca os importunassem, mas defendiam-se com uma selvajaria formidável, demonstravam ter uma inteligência ao nível da sua e eram mais altos e fortes fisicamente.
A comida divina continuou a ter os seus efeitos ao longo dos séculos, e os desenhos na areia deram lugar a desenhos de carvão nas paredes das cavernas. A comunicação evoluiu e as linguagens começaram a aparecer, primeiro como uma necessidade para os caçadores, para se coordenarem, mas depois começou a ser aplicada para comunicação de coisas simples. 
À medida que o tempo foi passando os sons começaram a ser ligados a símbolos, sobretudo pêlos Xamãs, que comunicavam com o mundo natural através da comida sagrada, falando com os espíritos da natureza. Conceitos complexos começaram a desenvolver-se. 
Algumas plantas, que eram usadas na alimentação, começaram a ser cultivadas quando se descobriu que onde os seus grãos caiam no chão novas plantas nasciam. Desenvolveu-se assim a agricultura em terras mais férteis e isto levou a sedentarização dos vários clãs que as usavam, uma vez que já não dependiam tanto da sazonalidade. Os grãos armazenados forneciam a comida para as épocas mais escassas do ano.
Entretanto foram domesticados animais, que serviam para transportar cargas mais pesadas, para fornecer comida e peles, que os aqueciam nos tempos mais frios.
Com a sedentarização, os cercados começaram a ser de pedras empilhadas, mas havia sempre reparações para fazer, e começou a ser utilizado o barro para aglomerar melhor as pedras. Com o tempo, a complexidade das construções foi aumentando, as pedras começaram a ser melhor escolhidas para aumentar a estabilidade e durabilidade e mais tarde começaram a ser trabalhadas. 
E assim se passaram sete mil anos numa lenta marcha de progresso que, abruptamente, foi parada da mesma maneira. A catástrofe abateu-se, ondas enormes engoliras as terras mais baixas, ventos inimagináveis arrancaram tudo à sua passagem e quando tudo acabou quase nada restava, a não ser os clãs que viviam nas montanhas mais altas, continuavam nómadas e a viver nas suas cavernas, que os protegeram da fúria da natureza!
Mas desta vez nem tudo se perdeu. 
A linguagem imortalizou a desgraça na memória dos sobreviventes e, alguns deles sabiam já do segredo da agricultura e da domesticação de animais. No entanto, quase tudo mudou, com zonas as zonas quentes onde quase todos viviam a tornar-se insuportavelmente frias e obrigando os poucos sobreviventes a uma migração enorme em busca de melhores condições. 

quarta-feira, 3 de abril de 2019

I



No principio, duzentos e setenta mil anos antes de Avnar poder olhar pela sua parede transparente, no continente que viria a ser conhecido um dia por África, uma mutação genética ocorreu numa família de Homo Erectus e nasceu um ser estranhamente desprovido de pelos e com uma cabeça tão grande que a sua mãe morreu no parto e a criança esteve quase a sofrer o mesmo destino.
O clã dividiu-se entre os que queriam proteger a cria e os que achavam que não valia a pena e resolveram deixá-la ao abandono. No entanto a cria demonstrou alguma resiliência e os seus gritos acabaram por inquietar a fêmea alfa do grupo, que acabou por o adoptar.
A cria era anormalmente frágil e necessitava de cuidados constantes, ao contrário das outras crias da sua idade que se mexiam autonomamente quase desde o nascimento. A cria parecia inevitavelmente defeituosa e não fora a fêmea alfa ter-se tornado protectora, o clã já o teria abandonado há muito.
Só muito tardiamente a cria começou a movimentar-se, primeiro arrastando-se, depois começando a gatinhar e só finalmente bastante tempo depois a andar, o que foi considerado um triunfo pela mãe adoptiva face ao atraso claro. 
A cria crescia feia, apenas com um tufo de pêlos no cimo da cabeça, bastante desajeitada, mas as coisas começaram a mudar quando chegaram à quinta Primavera depois do seu nascimento. A cria tornava-se enérgica e desenvolta, para orgulho da sua guardiã, não tanto quanto as outras crias quase adultas da sua idade, mas aquilo que não tinha em agilidade e força parecia compensar com inteligência. Compreendia com facilidade todas as maneiras como as coisas podiam ser feitas, tal como lhes tinha sido ensinado pêlos seus antepassados e os antepassados destes mas, estranhamente, por vezes começava a fazer tarefas de maneiras alternativas que eram muito mais rápidas e eficazes. As armadilhas de caça que eram feitas por ele, por exemplo, eram, não só as mais intrincadas, mas as que apanhavam quase sempre algo!
O resto do clã tinha algum receio dele, porque ele mudava o que sempre fora, mas a matriarca continuava a protege-lo e, muitas vezes, mesmo os caçadores e os anciãos admitiam que ele trazia algumas vantagens à sua pequena comunidade.
A cria demorou até chegar à puberdade, muito mais que qualquer outra cria já tinha demorado. Mas finalmente aconteceu, na décima segunda Primavera depois do seu nascimento, e como sempre, foi-lhe dado a provar a comida sagrada. O resultado foi algo que ninguém esperava. Durante o transe, enquanto o resto do clã dançava em volta da grande fogueira, o então jovem levantou-se a começou a rabiscar símbolos no chão com uma vara.
No dia seguinte, quando acordou, todo o mundo lhe parecia diferente, com series de imagens para si incompreensíveis na sua cabeça.
Este jovem cresceu e acabou por acasalar com várias fêmeas. Curiosamente, já um ancião, acabou por se tornar o chefe do clã. Poucos ousavam desafia-lo, porque ele lutava de maneiras incomuns. Por causa disto acabou por acasalar com bastantes fêmeas e teve um numero de filhos bastante grande, a maioria parecidos com as mães, mas os outros parecidos consigo.
Ao longo dos cem anos que se seguiram todo o clã era já parecido com a antiga cria defeituosa, desaparecendo os traços da sua antiga família a cada geração. O clã crescia e prosperava, tanto que começou a invadir os territórios vizinhos. O clão original dividiu-se em muitos clãs e seguiram um padrão em que foram assimilando mais e mais área. Em mil anos a zona do norte de África onde tinham aparecido estava quase toda dominada pela nóva éspecie, forçando os Homo Erectus para sul.
Foi então que, de repente, os espíritos dos antepassados devem ter ficado irados, vieram ventos que arrancavam o próprio chão mais tudo o que nele se encontrava, que queimavam quem não se conseguia abrigar bem, e em seguida veio a água e todo o mundo se tornou mar e apenas aqueles que estavam abrigados em grutas profundas no cimo de montanhas altas escaparam à fúria que se abateu sobre eles. Quando finalmente puderam sair das grutas estava frio e nada havia que comer. A maior parte dos sobreviventes morreu de fome e frio e apenas o que se encontravam junto ao mar e rios conseguiram comida suficiente. Devido ao frio, todos foram andando, nómadas, em busca de climas mais quentes.

terça-feira, 2 de abril de 2019

Avnar observava calmamente por trás da sua enorme janela, ou melhor, da sua parede transparente, toda a azáfama que se passava no exterior. O fim da construção aproximava-se a passos largos e ele sentia-se orgulhoso e feliz por ter feito parte deste enorme empreendimento, talvez o maior empreendimento de sempre da espécie humana!
Voltou à secretária e verificou que todos os processos corriam normalmente. Ele sabia-se praticamente desnecessário ali, mas os protocolos de segurança requeriam a presença de um humano com capacidade de supervisão. A confiança cega nas máquinas já tinha tido um elevado custo no passado, pelo que qualquer decisão mais elevada feita pelas inteligências artificiais teria de ser aprovada por um humano. Mas, neste momento, os fluxos de processos estavam de tal forma mecanizados que qualquer decisão elevada só seria necessária em caso de acidente! O que queria dizer que ele era um sortudo! Podia estar num local privilegiado com uma vista magnífica e ainda usufruía dos benefícios sociais que a sua posição lhe proporcionava! “Supervisor dos fluxos de tráfego”!
Era um título pomposo! No fundo era um título vazio, e ele sabia-o, mas era pomposo! Mas o verdadeiro benefício era poder estar ali, com aquela magnífica visão para além da parede transparente!

segunda-feira, 1 de abril de 2019

O livro acerca de Adão e Eva que foi classificado como Ultra-secreto pela CIA



Um senhor Americano, Chamado Chan Thomas, escreveu um livro chamado “A verdadeira história de Adão e Eva". Este livro foi publicado a 1 de Janeiro de 1966, sendo imediatamente confiscado e classificado como Top Secret pela CIA. Deste livro de cerca de 250 páginas, apenas 57 foram desclassificadas a 24 de Junho de 2013 ao abrigo da lei da liberdade de informação, mas apenas ficou disponível ao público no dia 27 de Dezembro de 2016! O link para o site da CIA onde é possível fazer o “download” do PDF está aqui:

https://www.cia.gov/library/readingroom/document/cia-rdp79b00752a000300070001-8

E o que é que este livro pode conter da tão interessante para ser classificado como ultra-secreto e ter sido proibido, sendo que 4/5 ainda são desconhecidos do público em geral?

O livro propõe que o Génesis é uma história literal, se bem que mal interpretada.
As explicações para a má interpretação são as seguintes:
-Segundo a tradição, foi Moisés que começou a escrever a Bíblia, tendo sido o próprio a escrever a história do Génesis, história essa baseada em histórias que se perdiam na noite dos tempos mas que já estavam estabelecidas desde o tempo dos Sumérios, 3000 anos antes de Moisés existir. Não seria de todo estranho Moisés conhecer em profundidade estas histórias, visto ter sido criado como Príncipe do Egipto!
No entanto, quando os Babilónios invadiram e conquistaram Jerusalém, destruindo o templo e todos os escritos judaicos, a Tora ficou preservada apenas na tradição oral. Segundo a tradição teria sido o filho do ultimo sumo sacerdote a ver os escritos que os teria refeito, de memória, quando os Judeos foram libertados e Israel restituído! Mas, se esta tradição está correcta, a bíblia começaria a ser reescrita quando esse filho teria já 130 anos!
Assim, o autor afirma a possibilidade de não ter sido o filho mas sim o neto ou até o bisneto a recomeçar a escritura, a partir de uma tradição que se teria mantido duas ou três gerações apenas na oralidade. É portanto uma suposição razoável que aquilo que chegou aos dias de hoje tenha ainda aquilo que importava em termos religiosos (a parte moral das histórias) mas perdido o detalhe que faria luz da verdade do texto!
Segundo o autor, a simbologia, os pictogramas em que se baseia o Génesis, uma linguagem pré hebraica, Dão claras indicações de que Adão seria Viúvo e Eva a sua filha (o que faria luz ao “Esta sim, é carne da minha carne e sangue do meu sangue”) e seria um dos sobreviventes da Atlântida! Segundo ele o símbolo da terra mãe era a Árvore (símbolo ainda hoje usado como a Árvore da Vida) com serpentes à sua volta que simbolizavam o mar que envolvia essa terra e representavam a constante ondulação. Quando Adão e Eva saem do Paraíso, O arcanjo Miguel fica a guardar a entrada com uma espada flamejante. E a esta parte é algo que mencionarei mais à frente!
Mas, depois de lerem isto, poderão perguntar-se o Porque da CIA classificar este livro, mais um entre tantos com teorias incomprováveis!
E eu, como às vezes sou um tipo fixe, vou-me dar ao trabalho de responder com os dados possíveis, uma vez que o livro não foi todo desclassificado.
Aquilo porque o livro se torna importante é o facto de afirmar que já houve, nos últimos 300.000 anos, desde que o Homo Sapiens anda à superfície do planeta, inúmeras civilizações, algumas das quais chegaram a píncaros tecnológicos com que nós ainda só podemos sonhar! No entanto todas elas acabaram de forma mais ou menos cíclica, atirando toda a humanidade de volta para uma Idade da Pedra!
O motivo pelo qual elas acabaram é que é o ponto que creio ter alarmado a CIA!
O planeta tem um núcleo de ferro fundido em constante movimento, o que acaba por fazer de todo o planeta um gigantesco gerador eléctrico, criando assim a Magneto esfera que nos protege dos ventos solares. Se a magneto esfera não existisse, os ventos solares soprariam toda a atmosfera para fora do planeta e tínhamos aqui algo de parecido com Marte, ou seja, um deserto sem fim.
Segundo o autor há uma camada do mando com cerca de 60km de espessura, que embora seja liquida, se transforma numa espécie de “plástico” sólido por causa da corrente eléctrica gerada pelo núcleo, e é essa camada que faz com que a crosta se mantenha mais ou menos no mesmo sítio.
No entanto a crosta quer sempre fugir, uma vez que o enorme peso do gelo acumulado nos pólos, por força da rotação do planeta, tem tendência a querer ir para o equador.
Segundo o Autor, de uma forma cíclica, mais ou menos de 7000 em 7000 anos (mais mil, menos mil) Uma influência externa ou algum mecanismo interno do planeta faz com que essa produção de corrente pelo núcleo perca força. Quando isso acontece a tal camada de 60km liquefaz-se completamente e acaba até por agir como um lubrificante!
Assim que isto se dá, o peso dos gelos arrasta toda a crosta do planeta 90º , colocando os antigos pólos no equador. Como seria de esperar, as consequências de tal coisa seriam brutais.
-Estando a atmosfera no seu movimento normal, o facto de a crosta terrestre se estar a movimentar a velocidades supersónicas provoca ventos supersónicos capazes de arrastar tudo à sua passagem.
-O movimento da crosta arrastaria consigo toda a massa de agua dos oceanos. Isto provocaria tsunamis com ondas de mais de duzentos metros de altura que arrasariam tudo à sua passagem e deixariam o pouco que sobrasse enterrado debaixo de metros de lamas.
-O gelos dos pólos, agora no equador, derreteria completamente em pouco tempo (dias ou semanas), vertendo toda aquela água doce no oceano, fazendo-o subir ainda mais e provocando disrupções em todas as correntes marítimas.
-Zonas anteriormente tropicais estariam agora nos pólos (temos alguma evidência disto com a descoberta de antigas florestas e flora tropicais debaixo dos gelos da Antárctida! Além disto, este facto explicaria o porque das enormes de populações de mamutes na Sibéria – animais robustos e capazes de enfrentar toda a idade do gelo – terem sido congelados instantaneamente alguns com comida na boca e bastantes com os estômagos).
Voltemos então à espada flamejante do Arcanjo Miguel. Ventos supersónicos, só por si poderiam queimar o que aparecesse pelo caminho, mas se juntarmos a isto a disrupção da magneto esfera, ainda que por algumas horas, isso quereria dizer que todos os ventos solares bateriam directamente no planeta, queimando tudo em que tocassem! Eis então a espada de fogo que não deixa voltas à terra mãe.
Quem sobreviveria a algo desta magnitude?
Apenas alguém que estivesse no cimo de uma montanha e dentro de uma gruta profunda poderia salvar-se. E essas pessoas, quando emergissem, podiam ter conhecimento das antigas tecnologias, mas elas de nada serviriam. As cidades estarias debaixo de água ou teriam desaparecido debaixo de camadas de lama e o planeta estaria irreconhecível. E embora o autor afirme que o planeta estabilizaria (ventos a acalmarem, as aguas a recuarem e estabeleceram as novas linhas de costa, as calotas polares novas a começarem a formar-se) em cerca de 6 a 7 dias (talvez os 6 dias do Génesis), a verdade é que o planeta demoraria pelo menos duas ou três gerações (provavelmente mais)a voltar a ficar pleno de florestas e de vida animal.

Na minha opinião pessoal, há aqui algumas coisas que não batem certo, mas a verdade é que a teoria, de uma forma simples e elegante, explica varias coisas já aqui faladas (a flora tropical da Antárctida, Os mamutes congelados da Sibéria, o facto de o Sahara ter sido uma floresta tropical imensa, entre outras mudanças praticamente inexplicáveis.
Mas esta teoria ganha um pouco mais de peso quando sabemos que o pólo norte se está a movimentar num ritmo mais acelerado que o espectável, de tal maneira que ainda há pouco tempo o sistema de GPS teve de ser recalibrado. Mais ainda, desde o terramoto no Japão que ficámos a saber que os movimentos da crosta terrestre podem existir para além dos 2,5 cm de deriva dos continente, coisa que até agora era considerada impossível. É que o Japão, deslocou-se 2,5 metros! E a nova Zelândia, também por força de um terramoto, deslocou-se 5 metros numa questão de minutos!

Dá que pensar, não dá?