quinta-feira, 28 de março de 2019

O prós e contras da passada terça-feira acerca do âmbiente!

Vi desinteressadamente e praticamente como fundo, enquanto fazia outras coisas o Prós e Contras, na RTP1, acerca do Ambiente.

Desinteressadamente, não porque o tema seja desinteressante, antes pelo contrário, é mais que premente e importante, mas porque para mim dificilmente apareceria ali algo que fosse uma novidade. No entanto, fui-me mantendo mais ou menos atento para o caso de alguma novidade surgir!

Mas há uma coisa que realmente me chateia neste tipo de programas! Embora eu os ache óptimos, não só para consciencializar, como inclusive para conscientizar a maioria da população, no fundo nunca se fala dos problemas medindo todos os ângulos e consequências! E isto acaba por levar apenas a uma parte importantíssima da verdade, mas não ao quadro completo!

Actualmente, com os consumos de electricidade que temos, a percentagem que vem de energias renováveis (e estou a falar só de Portugal, que neste campo é quase um exemplo) é pouco mais de 50%! O que, logo à partida, quer dizer que pouco menos de 50% vem de fontes não renováveis.
Temos problemas graves de poluição nas cidades, por via principalmente dos gases dos escapes dos automóveis! Por isso mesmo não é boa ideia tentarmos fazer como os Holandeses e usar bicicletas, porque seria basicamente como estar a correr com um cigarro nos lábios… no mínimo, contraproducente.
A maior parte das cidades não têm sequer uma oferta de transportes públicos que seja suficiente para as necessidades de mobilidade das populações, sendo o mesmo caro em excesso! De louvar iniciativas como esta recente nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto que vão permitir a muita gente uma maior e mais barata mobilidade. No entanto, no meu caso, por exemplo, devido à escassez de transportes públicos na minha área de residência, terei sempre de me deslocar de carro até apanhar o transporte para Lisboa, como já faço.

Mas, façamos um pequeno esforço de raciocínio, e apontem-me erros ou falhas, se assim o entenderem. Imaginemos que conseguíamos mudar os carros todos para electricidade e melhorar as redes de transportes públicos de maneira a que não fosse necessário haver tantos carros dentro das cidades e dos subúrbios!

Quais seriam as consequências imediatas?

Porventura a mais importante seria a melhoria de qualidade do ar nas cidades e o impacto que isso teria na vida dos cidadãos!

Mas por outro lado, um aumento na quantidade de veículos eléctricos corresponderia a um aumento das necessidades de energia. E a energia tem de vir de algum lado. Não estando a tecnologia actual em condições de suprir as necessidades de forma sustentada, boa parte (senão a quase totalidade) daquilo que não seria queimado pêlos automóveis, seria queimado para produzir a electricidade que alimentaria os automóveis. Portanto, poderíamos ficar aquém do actual consumo e dos actuais níveis de poluição, mas não por tanto como se poderia pensar numa primeira analise. Basicamente, talvez a quota das energias renováveis baixasse para próximo dos 25% em relação aos 50% onde está agora com o consumo actual.

Como se já não bastasse esse pequeno pormenor, a produção das baterias não é propriamente algo que seja amigo do ambiente. Uma das industrias mais poluidoras do mundo é precisamente a extracção do Lítio, de que as baterias são feitas! O processamento do mesmo, à distância de meio mundo de onde é extraído, não só não é um processo limpo, como também caro. No caso dos automóveis híbridos, por exemplo, aquilo que se ganha com a diminuição das emissões ao longo da vida util do mesmo já está praticamente perdido na produção, e as baterias de um híbrido não são tão grandes como as de um carro eléctrico puro!

Quando se tenta encontrar uma solução para o problema, deve-se ir além da demagogia. A simples passagem de um sistema para o outro não resolve de todo o problema, o que não quer dizer que não melhore um pouco… Mas na maior parte dos países do mundo estas soluções são inviáveis. Em alguns países da Ex União Soviética, 90% dos carros em circulação são Ladas com mais de 30 anos e quando estes foram feitos não foi a equacionar problemas ecológicos. E estes carros são mantidos a funcionar porque as populações não têm outra alternativa. Portanto, passar de um sistema para o outro teria de ser quase um esforço mundial concertado, colocando veículos eléctricos ao alcance das populações mais pobres do planeta. O problema é global, não é local! E a capacidade de produção de renováveis à escala da necessidade de energia que temos é ainda uma miragem no horizonte!

E então? Nada se faz?

Bem, ao contrario do que possa por vezes parecer, muito se tem feito! Por exemplo, foram já desenvolvidos plásticos com base em óleos vegetais que não só são biodegradáveis como podem inclusivamente ser “programados” para se deteriorarem ao fim de um determinado período de tempo! Ninguém fala disto, mas a tecnologia existe! Claro que não está massificada, é cara, mas, se cada um de nós exigir e não se importar de pagar numa fase inicial, o extra por um pacote de sumo biodegradável, a tecnologia massificar-se-á e tornar-se-á barata!
Outro exemplo é o que é considerado o Santo Graal da energia limpa: Fusão Nuclear! Nos últimos dez anos tem havido progressos imensos nesta tecnologia, com grupos de investigação por todo o mundo a fazer um esforço enorme para a conseguir, quer em institutos públicos e universidades à volta do mundo, como de grupos privados que têm investido Biliões nesta tecnologia, uma vez que todos sabem que assim que houver um reactor de fusão com produção positiva, é uma espécie de fim de jogo para o mercado energético (neste momento ainda não conseguimos produzir mais energia do que a que necessitamos para obter a fusão dos núcleos, portanto a produção é negativa, mas as margens estão a aproximar-se)!
Ou seja, a melhor maneira de resolver este problema é, em primeiro lugar, resolver a questão da energia limpa! É a base de tudo! E a única maneira de resolver esta questão é com investimentos massivos na investigação, porque quando mais gente estiver às voltas a questão, mais depressa ela se resolverá!

Sem esta questão estar resolvido, tudo o resto cai pela base! Porque isto do ambiente é muito bonito, mas quantos é que abdicam de ter um telemóvel no bolso que é feito de plásticos e cuja bateria é feita de lítio e cuja manufactura provocou poluição, já para não falar no que lhe vai acontecer quando for substituído por um telemóvel novinho em folha…

Depois, resolver a questão das baterias (que, por acaso, está também mais avançada do que possamos pensar, com algumas descobertas relacionadas com nanotubos de carbono a darem indicações de que poderemos ter baterias limpas com alta densidade energética, mas que ainda está longe de chegar à produção – com investigação neste campo a ser desenvolvida também por cá no Instituto Superior Técnico)

Se estas duas questões se resolverem, e sim, para as resolver é preciso uma enorme vontade política, todos os restantes se começam a resolver por si próprios! Começar ao contrário não passa de remendos de pano novo num casaco velho – fica aparentemente melhor, mas desfaz-se em pouco tempo…

sexta-feira, 22 de março de 2019

Ontem tive a honra e o prazer...

...de não só poder assistir a um concerto deste Senhor abaixo, Mestre Eduardo Isaac, guitarrista clássico Argentino, introduzido pelo maestro Vitorino de Almeida, como tive o privilégio de assistir à estreia mundial de uma obra composta para guitarra deste último e interpretada pelo primeiro!
Praticamente duas horas de deleite musical, que acabaram com um arranjo para guitarra de Óblivion, de Piazolla (ou não fosse Argentino)!
Isto, claro, numa sala com uma acústica fenomenal, e que estava a menos de um terço da capacidade!

Acho que vou vender as guitarras e dedicar-me à pesca...


quinta-feira, 21 de março de 2019

Paixão (in "Life" Acto II Sena III)



Paixão
Era como um rio nos teus olhos
A fluir como um fogo
Que fazia surgir o desejo
Sempre que passavas

Perdi a minha alma
No teu sorriso doce, mas sacana
E dançamos
Num romance
Em tempo emprestado!

Estas chamas
Não são para durar
São para queimar depressa
Fazerem sentir a sua luz
E deixar uma memória

Noites de paixão
Que me fizeram perceber
Que algures no mundo
O amor não era tão frio
Há razões para acreditar...

Dias e noites
Em que o prazer foi supremo
Mas a cada dia
Algo se esbatia
Nos nossos sonhos

Nunca soube
Se valeram a pena as lágrimas que chorei
Mas no fundo
Tínhamos feito tudo
Era altura para nos despedirmos

Estas chamas
Não são para durar
São para queimar depressa
Fazerem sentir a sua luz
E deixar uma memória

Noites de paixão
Que me fizeram perceber
Que algures no mundo
O amor não era tão frio
Há razões para acreditar...